Uncategorized

Como cuidar de jovens talentos durante o isolamento

Confira três dicas para que os talentos se sintam amparados e acolhidos nesses tempos sombrios
Produtor de conteúdo e facilitador especialista em desenvolvimento de pessoas e diversidade.

Compartilhar:

O isolamento social, regra amplamente adotada para diminuir os impactos da Covid-19 no sistema de saúde, pode causar danos psicológicos significativos e duradouros, conforme afirmam os pesquisadores argentinos Facundo Manes e Fernando Torrente. 

Em entrevista para o jornal O Globo no dia 20 de abril, eles ainda destacaram que, ao contrário do que se imagina, a solidão afeta principalmente aos mais jovens, acendendo uma luz amarela sobre a saúde mental deste público. Como as áreas de recursos humanos e líderes de times podem responder a esse cenário? Aqui compartilhamos três ideias.

1.     Pandemia já é um contexto hostil. O trabalho não precisa ser.
———————————————————————

Viver em isolamento social já é desafiador o suficiente para ser produtivo, concorda? 

Agora imagine ter que superar também um ambiente hostil no trabalho. Um ambiente em que você não se sente confortável para compartilhar o que pensa ou é punido ao ser vulnerável. Como gerar resultados assim? 

Os jovens – e principalmente a geração Z – sentem muita necessidade em expressar as suas individualidades, e precisam de um ambiente seguro para que isso aconteça, em especial em períodos de altíssimo estresse como o da quarentena. Os jovens precisam dessa segurança para que possam se descobrir nesse contexto e evoluir. Portanto, para a área de recursos humanos é importante monitorar e fomentar os aspectos da segurança psicológica no dia a dia da organização, pois esta é uma missão que envolve todo os ritos e aspectos da cultura. 

De modo prático, ao notar algum jovem performando abaixo do esperado, três perguntas podem ajudar a identificar se este problema está ocorrendo em sua empresa:

·     Quão confortável você se sente em dar feedback às pessoas do seu time?

·     Quão confortável você se sente em fazer uma “pergunta boba” no seu time?

·     Quão confortável você se sente em discordar das pessoas do seu time?

Já aos gestores, duas palavras: vulnerabilidade e transparência. Klynsmann Bagatini, COO na consultoria em cultura organizacional Tribo, comenta: “Um dos fatores que dificulta a segurança psicológica é a incerteza. Nesse momento, direcionar esforços para gerar transparência de dados, nitidez dos processos e vulnerabilidade das lideranças é uma boa estratégia.”

2.      Importância de fomentar conexões profundas
—————————————————

Contar com redes de apoio é uma das melhores estratégias para superar os desafios do isolamento. Compartilhar dores e anseios com pessoas de confiança, incluindo os colegas de trabalho, pode aliviar parte do estresse acumulado. Para fomentar esta troca, líderes e RHs podem investir em: 

·     Dinâmica de construção de time(team building), que pode ser online e com foco nos desafios impostos pela quarentena;

·     Adoção de sistemas de madrinhas e padrinhos (buddies), não com um viés de carreira, mas sim como um apoio na promoção do equilíbrio entre vida pessoal e profissional;

·     Promoção de momentos de descontração. Exemplos são os “famosos” happy hours online.

·     Realização de atividades em grupo, como propor aulas de uma língua nova, debater algum conteúdo interessante, entre outras coisas.

3.     Mais do que segurança e conexão: empatia
————————————————

Em meio a um período de incertezas, estamos lidando com perguntas diferentes, novas respostas e cada vez mais oportunidades de construir coletivamente.

O trabalho entrou para dentro de casa e, ao mesmo tempo que essa mistura de contextos traz vários benefícios, também apresenta as suas sombras.

Na última The Truth: Empatia em momentos de crise, pesquisa publicada no dia 2 de abril pela Eureca com mais de três mil jovens brasileiros, foram coletados relatos dos mais diversos desafios dessa adaptação ao isolamento social. 

Para quem mora com familiares, por exemplo, as dificuldades de relacionamento e a conciliação entre trabalho e cuidado (com idosos, crianças pequenas e deficientes) são os principais problemas apontados. Já para quem mora sozinho, a solidão é a maior queixa.

Nesses contextos, mais do que simplesmente fornecer condições de trabalho remoto, é preciso sensibilidade humana. Abrir espaços para conversas difíceis, acolher os sentimentos dos jovens e flexibilizar a rotina de trabalho sempre que possível, são pequenas atitudes que podem fazer muita diferença. 

E lembre-se: foi o trabalho que invadiu a casa, e não o contrário. Sejamos todos mais empáticos e compreensivos para que, juntos, possamos superar as adversidades impostas por esta crise.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

Saúde psicossocial é inclusão

Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Tecnologias exponenciais
A IA não é só para tech giants: um plano passo a passo para líderes transformarem colaboradores comuns em cientistas de dados — usando ChatGPT, SQL e 360 horas de aprendizado aplicado

Rodrigo Magnago

21 min de leitura
ESG
No lugar de fechar as portas para os jovens, cerque-os de mentores e, por que não, ofereça um exemplar do clássico americano para cada um – eles sentirão que não fazem apenas parte de um grupo estereotipado, mas que são apenas jovens

Daniela Diniz

05 min de leitura
Empreendedorismo
O Brasil já tem 408 startups de impacto – 79% focadas em soluções ambientais. Mas o verdadeiro potencial está na combinação entre propósito e tecnologia: ferramentas digitais não só ampliam o alcance dessas iniciativas, como criam um ecossistema de inovação sustentável e escalável

Bruno Padredi

7 min de leitura
Finanças
Enquanto mulheres recebem migalhas do venture capital, fundos como Moon Capital e redes como Sororitê mostram o caminho: investir em empreendedoras não é ‘caridade’ — é fechar a torneira do vazamento de talentos e ideias que movem a economia

Ana Fontes

5 min de leitura
Empreendedorismo
Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Ivan Cruz

7 min de leitura
ESG
Resgatar nossas bases pode ser a resposta para enfrentar esta epidemia

Lilian Cruz

5 min de leitura
Liderança
Como a promessa de autonomia virou um sistema de controle digital – e o que podemos fazer para resgatar a confiança no ambiente híbrido.

Átila Persici

0 min de leitura
Liderança
Rússia vs. Ucrânia, empresas globais fracassando, conflitos pessoais: o que têm em comum? Narrativas não questionadas. A chave para paz e negócios está em ressignificar as histórias que guiam nações, organizações e pessoas

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Empreendedorismo
Macro ou micro reducionismo? O verdadeiro desafio das organizações está em equilibrar análise sistêmica e ação concreta – nem tudo se explica só pela cultura da empresa ou por comportamentos individuais

Manoel Pimentel

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Aprender algo novo, como tocar bateria, revela insights poderosos sobre feedback, confiança e a importância de se manter na zona de aprendizagem

Isabela Corrêa

0 min de leitura