À medida que a população envelhece, surge uma questão importante: os profissionais mais velhos terão espaço no mercado de trabalho nos próximos anos?
Esta é uma indagação que ganha relevância à medida que dados e tendências emergem, apontando para mudanças significativas no panorama laboral.
De acordo com dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), no quarto trimestre de 2023, cerca de 24% da população ativa no mercado de trabalho no Brasil era composta por pessoas com mais de 60 anos. Um patamar próximo à pré-pandemia que desafia a noção de que os mais velhos estão sendo gradualmente excluídos do mercado de trabalho.
Já na faixa de 18 a 24 anos, a taxa ficou em 68,6% no mesmo período, ante 70% no quarto trimestre de 2019. Um fator essencial que impulsiona essa mudança é o aumento da expectativa de vida.
Segundo o IBGE, em 2022, a expectativa de vida ao nascer no Brasil era de 77,2 anos, indicando uma tendência de prolongamento da vida útil. Até 2050, o país está previsto para ter a sexta população mais idosa do mundo, conforme dados da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Antigamente, profissionais com mais de 45 anos eram considerados “velhos” e enfrentavam dificuldades para se recolocar no mercado e ascender profissionalmente, especialmente em cargos de liderança. No entanto, essa mentalidade etarista está mudando à medida que as empresas reconhecem o valor único que os profissionais mais velhos trazem para a mesa.
Mas é fundamental destacar que os profissionais mais velhos não são apenas indivíduos com mais anos de vida, mas sim detentores de uma riqueza de experiência e conhecimento acumulados ao longo de suas carreiras. Uma expertise se traduz em:
● Visão estratégica: a experiência permite uma visão abrangente do mercado e dos negócios, possibilitando a tomada de decisões mais assertivas e a identificação de oportunidades que os mais jovens podem não enxergar;
● Resiliência e capacidade de adaptação: ao longo de suas carreiras, esses profissionais enfrentaram diversas crises e mudanças no mercado, o que os torna mais resilientes e adaptáveis às novas realidades;
● Mentoria e desenvolvimento: a experiência acumulada os torna mentores naturais para os profissionais mais jovens, transmitindo conhecimento, valores e aprimorando o desempenho da equipe;
● Mão de obra qualificada: a expertise dos profissionais experientes garante a qualidade do trabalho e a entrega de resultados consistentes.
Empresas gigantes da área de tecnologia estão implementando programas e iniciativas para atrair e reter talentos experientes. A IBM, por exemplo, oferece programas de mentoria e desenvolvimento para profissionais com mais de 50 anos. Já o Google possui um programa chamado “Greyglers”, que permite que pessoas com mais de 60 anos façam estágios na empresa.
Longe de serem “limitados”, essa bagagem preciosa de conhecimento e habilidades pode ser aproveitada para ocupar as lacunas deixadas pela Geração Z.
Composta por indivíduos nascidos entre 1997 e 2012, esses profissionais estão desafiando as expectativas tradicionais ao demonstrar um desinteresse por grandes empresas. Segundo uma pesquisa do Instituto Gallup, 49% dos jovens da Geração Z no Brasil preferem trabalhar em startups ou empresas de menor porte e 36% não aspira a assumir cargos gerenciais.
À medida que avançamos para o futuro, é essencial que reconheçamos o valor dos profissionais mais velhos no mercado de trabalho.
A mudança de paradigma em relação à idade no local de trabalho garante um ambiente inclusivo e diversificado, onde todos os profissionais, independentemente da idade, têm a oportunidade de prosperar e alcançar sua plena realização pessoal e profissional.
Além disso, no futuro breve teremos mais pessoas maduras e da terceira idade. A população brasileira está envelhecendo assim como o que ocorre nos países da Europa, por exemplo. Ou seja, teremos uma população mais velha e ela será a maioria.