Inovação

Compliance não é impedimento, mas uma alavanca para o crescimento de startups

O equilíbrio entre regras e inovação é essencial para empresas saudáveis
Fernanda Arruda é líder de compliance na Transfeera, fintech de gestão e automação de pagamentos e recebimentos. Formada em direito pela UniCuritiba e com especialização em compliance pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)

Compartilhar:

Começar um negócio é sempre um desafio, embora o Brasil seja um grande celeiro de ideias e oportunidades. É essencial que as startups cresçam de forma estruturada e organizada, dentro do que a legislação prevê para cada área de atuação.

Novos negócios, parcerias, rodadas de investimento podem ser perdidos por falta de organização e pela não inclusão do pilar do compliance e da análise de riscos na cultura da empresa. Quando a companhia cresce de forma desordenada e desorganizada, acaba assumindo riscos desnecessários e comprometendo futuros negócios e às vezes até a própria operação.

A área de compliance é responsável por garantir que tudo o que a organização, os colaboradores e os investidores realizam aconteça conforme as normas e políticas da empresa e do país. A governança se certifica de que o negócio não está cometendo nenhuma infração ou agindo de forma antiética, além de cumprir o planejamento estratégico desenhado por seu corpo executivo.

Estruturar um setor responsável pela governança é essencial, mas nem por isso menos desafiador. Quando falamos em startups, a necessidade de inovar pode entrar em conflito com a estrutura mais firme das regras e das normas. Por isso, essa base pode ser o que define o sucesso ou fracasso da inovação.

No ecossistema bancário, entramos em um campo altamente regulado e engessado. A sede de inovação se choca com as regras, e é preciso entender a regulação para poder inovar e propor soluções que estejam alinhadas com as exigências e regras do mercado – no setor bancário, a regulação é essencial porque permite a movimentação do dinheiro.

As regras, muitas vezes vistas como obstáculo, servem de suporte para que qualquer inovação seja implementada de forma sensata e sustentável, garantindo um crescimento estruturado e evitando problemas gerados pela falta de planejamento. Isso torna a startup mais promissora, sustenta o desenvolvimento de um produto bem desenhado e beneficia empreendedores, investidores e consumidores.

## É preciso saber equilibrar regras e inovação
Uma startup lida com novidades todos os dias. Surgem necessidades, tendências aparecem o tempo todo, mas não se pode esquecer da importância de seguir as normas para guiar a operação do negócio. O compliance é o guardião das condutas, e sem elas nenhuma empresa consegue se manter saudável, seja qual for seu porte.

Ressalto que o compliance também é uma alavanca para o crescimento das empresas, porque, para grandes corporações, a governança é uma obrigação. Justamente por isso, elas tendem a negociar somente com outras companhias que tenham programas de políticas internas robustos e bem estabelecidos.

Além disso, fundos de investimento ou investidores individuais precisam ter visibilidade da mitigação de riscos para poderem colocar dinheiro na companhia. Investir em uma empresa em que a gestão financeira é falha representa um risco alto e que dificilmente alguém estaria disposto a correr. Por isso, a implantação de um modelo administrativo baseado nos conceitos da governança corporativa é um grande diferencial na hora de captar recursos para evoluir o negócio.

A governança corporativa e o compliance andam juntos com o objetivo de manter a ética, a integridade e a saúde do negócio. São eles que estruturam as relações entre o conselho, os sócios, a diretoria, os órgãos de controle e que monitoram os objetivos da organização.

Companhias que querem crescer de maneira sustentável seguem as melhores práticas do mercado. A ética e a integridade na operação são valores que colaboram para a construção de uma marca com sustentabilidade a longo prazo e que cresce de maneira organizada.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura