Tecnologia e inovação

Contagem regressiva com DAN TAPSCOTT – A TEMPESTADE PERFEITA

Segundo o especialista em inovação, a tecnologia blockchain vai abalar os modelos de negócio mais inovadores, de Alphabet (Google) a Airbnb

Compartilhar:

**SAIBA MAIS SOBRE DAN TAPSCOTT**

**Quem é:** Um dos principais formadores de opinião do mundo em inovação e tecnologia, é o 4º colocado na lista dos 50 pensadores mais influentes do mundo – Thinkers50. Também é consultor do Fórum Econômico Mundial. 

**Atuação:** É um dos fundadores do Martin Prosperity Institute, da Rotman School of Management, da University of Toronto. 

**Livro:** Escreveu, com Alex Tapscott, Blockchain Revolution: How the Technology Behind Bitcoin Is Changing Money, Business, and the World. 

**5** **O Sr. afirma que a corporação moderna está no meio de uma “tempestade perfeita”. O que isso quer dizer?** 

Falo das quatro forças que estão transformando a empresa moderna. A primeira é o novo paradigma da tecnologia, que inclui redes sociais, big data, internet das coisas, computação na nuvem, robótica, máquinas que aprendem e mobilidade. E há muito mais vindo por aí. O estágio seguinte da internet se baseará na tecnologia subjacente ao bitcoin: o blockchain. 

A segunda mudança é demográfica. Refere-se à nova geração de nativos digitais que chegam ao mercado e trazem consigo uma nova cultura de inovação, velocidade, customização, liberdade, integridade e colaboração. 

A terceira é econômica e tem a ver com as disputas da economia mundial agora que a era industrial chega ao fim. Surgem novas exigências em relação a competitividade e prosperidade. Pela primeira vez na história moderna, não se quer que só os mesmos indivíduos e famílias sigam adiante. Grandes questões estão colocadas sobre como concorrer por meio da inovação e criar prosperidade não só para alguns, mas para todos. 

A quarta força é a chegada de modelos de negócio diferentes de tudo o que já vimos – conglomerados digitais como Alphabet, Amazon e Apple – mais a primeira onda de agregadores de serviços, como Uber e Airbnb. Quando juntamos tudo isso, falar em “tempestade perfeita” é falar pouco.

**4 Por que o sr. tem se dedicado ao blockchain?** 

Porque ele é central. Basicamente, a internet está entrando em uma segunda era e nos oferecendo uma nova chance para chegar a um futuro próspero. O blockchain é um “livro contábil global” realmente aberto, distribuído, que vai mudar o que podemos realizar online, como vamos realizar e quem poderá participar. 

No paradigma da velha tecnologia – transmissão e impressão – havia controle centralizado por fontes poderosas, e os receptores eram passivos. Esperava-se que o novo paradigma fosse controlado por todos, empoderando os participantes ativos. No entanto, a internet trouxe uma economia com estruturas de poder concentradas e uma capacidade assimétrica de adaptação a seus propósitos. Como resultado, riqueza, prosperidade e liberdade chegaram, porém apenas para alguns. 

A promessa agora são transações de valor e dinheiro pessoa a pessoa – não podemos fazer isso hoje sem um intermediário poderoso, como o PayPal. Se pudéssemos criar comércio sem intermediários, haveria um potencial ilimitado para um mundo mais próspero e justo. Por exemplo, em um banco de dados global que não pudesse ser hackeado, poderíamos registrar todas as escrituras de terras e fazer doações diretas para refugiados. 

**3 Que habilidades são exigidas para alguém liderar nesse ambiente?** 

O conceito de liderança definitivamente está mudando. Peter Senge estava certo quando disse, há 25 anos, que a pessoa no topo não pode mais aprender pela empresa como um todo. As coisas ficaram complicadas demais, e a liderança deve, como ele disse, tornar-se uma “liderança que aprende”. 

Hoje é possível, e importante, que as pessoas em toda a organização se comportem como líderes. Os sistemas colaborativos que estão sendo criados atualmente são capazes disso. Os líderes atuais agem com integridade e demonstram honestidade, consideração, responsabilidade e transparência, que formam a base da confiança. Até mesmo a visão da empresa atualmente é criada coletivamente – não é obra de um único visionário, como queria Lee Iacocca.

**2 O Sr. acredita mesmo que os problemas perversos do mundo podem ser abordados com eficiência?** 

Não tenho dúvida de que o mundo hoje é totalmente insustentável, desigual, conflituoso e injusto. Embora haja melhoras em alguns campos, metade da população mundial ainda vive com menos de US$ 10 por dia. Agora, o problema maior é que a colaboração entre Estados, mesmo necessária, é insuficiente. 

Só que desde Bretton Woods houve mudanças profundas no ambiente econômico: a ascensão da corporação como o pilar da sociedade, o surgimento de uma sociedade civil (que não existia de fato em 1944) e a internet, que derruba radicalmente os custos de transação e colaboração de modo global. E essas mudanças permitiram que um novo modelo surgisse para atacar os problemas: as redes de múltiplos stakeholders – ou, como chamam meus colegas, Global Solutions Networks (GSNs). 

Em alguns casos, as GSNs podem gerir recursos para o bem do planeta. A internet, por exemplo, é governada por um ecossistema de retalhos de GSNs em vez de Estados. Se podemos fazer isso com a internet, por que não com o clima? 

**1 Então, o sr. é otimista?**

Sou, exatamente por causa da revolução do blockchain. A primeira era da idade digital não entregou totalmente sua promessa. Agora temos outra oportunidade de melhorar radicalmente o mundo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
Atualmente, 2,5% dos colaboradores da Pernambucanas se autodeclaram pessoas trans e 100% dos colaboradores trans da varejista disseram que se sentem seguros para ser quem são dentro da empresa.

Nivaldo Tomasio

5 min de leitura
Marketing
A integração entre indicadores de trade marketing e inteligência competitiva está redefinindo o jogo corporativo. Monitorar a execução no PDV, antecipar tendências e reagir com agilidade às mudanças do mercado não são mais diferenciais, mas exigências para a competitividade. Utilizar dados como fonte de insights estratégicos é o caminho para decisões mais rápidas, investimentos otimizados e resultados superiores.

Arthur Fabris

4 min de leitura
Liderança
O novo capítulo do mundo corporativo já começou a ser escrito. Sustentabilidade, transformação digital humanizada e agilidade diante das incertezas globais são os pilares que moldarão líderes visionários e organizações resilientes. Não basta acompanhar as mudanças; é preciso liderá-las com ousadia, responsabilidade e impacto positivo.

Luiz Soria

3 min de leitura
ESG
Apesar dos desafios históricos, as mulheres seguem conquistando espaço no setor de tecnologia, enfrentando a falta de representatividade, dificuldades de financiamento e preconceitos. Iniciativas como o W20 no G20, o PrograMaria e o RME Acelera impulsionam essa transformação, promovendo inclusão e igualdade de oportunidades.

Ana Fontes

4 min de leitura
Marketing
Segundo pesquisa do Instituto Qualibest, houve um aumento de 17 pontos percentuais no número de pessoas assistindo ao programa, em comparação à última edição. Vamos entender como o "ouro televisivo" ainda é uma arma potente de marketing brasileiro.

Carolina Fernandes

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e execução, Gestão de pessoas

Lilian Cruz

5 min de leitura
Inovação
A inovação é uma jornada, não um destino. Evitar esses erros comuns é essencial para construir um caminho sólido rumo ao futuro. As empresas que conseguem superar essas armadilhas e adotar uma abordagem estratégica e sistêmica para a inovação terão uma vantagem competitiva significativa em um mundo cada vez mais dinâmico e imprevisível.

Guilherme Lopes

6 min de leitura
Empreendedorismo
Insights inovadores podem surgir de qualquer lugar, até mesmo de uma animação ou evento inesperado. Na NRF 2025, aprendemos que romper bolhas e buscar inspiração em outras áreas são passos essenciais para lideranças B2B que desejam encantar, personalizar e construir conexões humanas e estratégicas.

Fernanda Nascimento

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
O setor de Recursos Humanos enfrenta um momento crucial de transformação, equilibrando inovação tecnológica, diversidade e bem-estar para moldar uma cultura organizacional mais ágil, inclusiva e orientada ao futuro.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG
Não importa se a sua organização é pequena, média ou grande quando se trata de engajamento por parte dos seus colaboradores com causas sociais

Simon Yeo

4 min de leitura