Cultura organizacional

Crise de energia humana deve ser tema prioritário para os conselhos

A saúde mental e o bem-estar dos colaboradores fazem parte do social da sigla ESG e devem ser uma prioridade estratégica de negócios e uma parte central da avaliação de negócios éticos e responsáveis
Ana Carolina Peuker é fundadora e CEO da Bee Touch, mental healthtech pioneira na mensuração, rastreamento e predição do risco psicossocial e em avaliações psicológicas digitais. Ela realizou mestrado, doutorado e pós-doutorado no Laboratório de Psicologia Experimental, Neurociências e Comportamento (LPNeC), da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Compartilhar:

Considerando a perspectiva de ESG, não podemos esquecer um tema crucial para os conselhos: a gestão dos fatores de risco psicossociais. A questão da saúde emocional dos trabalhadores não pode ser abordada somente como um benefício corporativo, mas, sim, integrada à visão estratégica do negócio. Afinal, quem deseja se relacionar com um player que favorece o adoecimento de seus trabalhadores e não investe em ações efetivas consistentes para mitigar esses riscos e evitar uma cultura tóxica?

Segundo a publicação Conselhos de Administração: prioridades para a agenda de 2022, da KPMG, os conselhos vivem um momento-chave para auxiliar as empresas não só a reorganizarem suas operações para resistir ao período pós-pandemia, mas, sobretudo, para progredir e se tornarem pró-ativas na resolução dos problemas complexos que afetam seus ambientes – interno e externo.

É prioritário gerir os riscos psicossociais que elevam o estresse dos colaboradores. A ISO 45003:2021 oferece diretrizes para a adequada gestão de riscos psicossociais em um sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional (SSO) baseado na ISO 45001. Assim, é possível seguir uma estrutura para desenvolver, implementar, manter e melhorar – de forma contínua – a saúde e segurança no trabalho.

Ao colocar o bem-estar dos trabalhadores no ‘S’ da sua estratégia ESG, partes interessadas e reguladores estão atribuindo mais foco à ligação entre a saúde mental e o bem-estar dos funcionários, a lucratividade e a sustentabilidade humana dos negócios.

A saúde mental e o bem-estar dos colaboradores são, portanto, uma prioridade estratégica de negócios e uma parte central da avaliação de negócios éticos e responsáveis. Elas devem estar integradas na estrutura do social dentro do ESG, inclusive, através de um sistema de saúde e segurança ocupacional. Isso auxilia a sustentar o sucesso da estratégia de negócios, favorecendo que outras ações e iniciativas ‘S’ sejam feitas através de ciclos de melhoria contínua.

Nossa ambição é fornecer uma abordagem baseada em evidências para as empresas construírem e medirem o seu capital de sustentabilidade humana. Isso, por sua vez, pode se tornar uma parte crítica da avaliação não financeira de um negócio sustentável e resiliente, informando os relatórios ESG, de forma similar à lógica do carbono zero.

Não podemos mais ignorar os sinais da crise de energia humana com índices alarmantes de adoecimento mental que afetam as pessoas e os negócios, precisamos agir. Olhar para as pessoas significa olhar para o progresso: das pessoas, da economia e do desenvolvimento global.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O futuro dos eventos: conexões que transformam

Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Natalia Ubilla

3 min de leitura
Estratégia
Em um mercado onde a reputação é construída (ou desconstruída) em tempo real, não controlar sua própria narrativa é um risco que nenhum executivo pode se dar ao luxo de correr.

Bruna Lopes

7 min de leitura
Liderança
O problema está na literatura comercial rasa, nos wannabe influenciadores de LinkedIn, nos só cursos de final de semana e até nos MBAs. Mas, sobretudo, o problema está em como buscamos aprender sobre a liderança e colocá-la em prática.

Marcelo Santos

8 min de leitura
ESG
Inclua uma nova métrica no seu dashboard: bem-estar. Porque nenhum KPI de entrega importa se o motorista (você) está com o tanque vazio

Lilian Cruz

4 min de leitura
ESG
Flexibilidade não é benefício. É a base de uma cultura que transformou nossa startup em um caso real de inclusão sem imposições, onde mulheres prosperam naturalmente.

Gisele Schafhauser

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O futuro da liderança em tempos de IA vai além da tecnologia. Exige preservar o que nos torna humanos em um mundo cada vez mais automatizado.

Manoel Pimentel

7 min de leitura