Vale oriental

Desconexão versus reconexão

Os laços entre China e Estados Unidos estão cada vez mais intrincados e interconectados – será que em algum momento houve desconexão?
Edward Tse é fundador e CEO da Gao Feng Advisory Company, uma empresa de consultoria de estratégia e gestão com raízes na China.

Compartilhar:

A representante do US Trade, Katherine Tai, em discurso em 4 de outubro, disse que talvez seja o caso de começar a pensar em “reconectar” Estados Unidos e China, em vez de desconectá-los. Mas quando foi que houve desconexão? Segundo relatório recente do Financial Times, a entrada de fundos na China quebrou novo recorde. E o comércio bilateral entre os dois países vem crescendo, com um aumento de 16,4% em relação a 2019.

Antes que a administração Trump tomasse medidas específicas contra a China, achávamos que a humanidade estava entrando em uma era de conectividade ubíqua. Países, instituições multilaterais, empresas e indivíduos acreditavam na continuidade desse cenário no futuro. As medidas da administração Trump e a subsequente eclosão da pandemia, porém, mudaram significativamente esse quadro. Diante disso, cada setor tem reagido a essas forças motrizes de maneiras muito diferentes.

O setor de semicondutores, estruturado com base na divisão global do trabalho, hoje está sujeito a novas realidades de geopolítica. Montadoras internacionais agora precisam considerar o binômio “um mundo, dois sistemas” (um focado na China e outro, nos EUA) conforme a velocidade, a intensidade e a sofisticação da infraestrutura inteligente de China e EUA continuam a divergir.

Porém, em setores como agricultura e alimentação, a globalização provavelmente aumentará. Por mais que as últimas três décadas de globalização tenham remodelado o mundo, sua natureza fundamental está mudando mais.

Na primeira era de globalização, o Ocidente era o maior centro de demanda, e a China era a maior fornecedora para uma ampla gama de produtos. Isso continua na fase seguinte, mas a classe média chinesa em rápido crescimento e o foco em melhorar as habilidades de negócio estão tornando o país também um centro de demanda.

Consequentemente, uma “dupla circulação” de oferta e demanda doméstica e internacional está surgindo, consistente com a nova política econômica chinesa. Acordos comerciais regionais, como o Regional Comprehensive Economic Partnership (RCEP), devem ampliar mais ainda a “circulação interna”.

Embora esses provavelmente sejam os temas principais daqui para frente, uma certa “regionalização” ou “localização” das cadeias de fornecimento também poderia ocorrer, além, talvez, de um certo grau de “repatriação” da manufatura para os EUA.

Então qual é a desconexão atual entre EUA e China? De maneira geral, alguma dissociação acontece em função das sanções dos EUA contra algumas das empresas de tecnologia chinesas. No entanto, o mundo segue rumo a uma nova era de globalização na qual EUA e China desempenharão papéis essenciais, colaborando em alguns casos e competindo em outros.

Em um mundo cada vez mais interconectado, uma noção simplista de desconexão não faz sentido. No futuro, a relação EUA-China se tornará muito mais complexa e sofisticada, e a cooperação trará bons resultados para ambos os lados.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Relacionamentos geram resultados

Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Bem-estar & saúde, Tecnologia & inteligencia artificial
16 de outubro de 2025
A saúde corporativa está em colapso silencioso - e quem não usar dados para antecipar vai continuar apagando incêndios.

Murilo Wadt - Cofundador e diretor geral da HealthBit

3 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde
15 de outubro de 2025
Cuidar da saúde mental virou pauta urgente - nas empresas, nas escolas, nas nossas casas. Em um mundo acelerado e hiperexposto, desacelerar virou ato de coragem.

Viviane Mansi - Conselheira de empresas, mentora e professora

3 minutos min de leitura
Marketing & growth
14 de outubro de 2025
Se 90% da decisão de compra acontece antes do primeiro contato, por que seu time ainda espera o cliente bater na porta?

Mari Genovez - CEO da Matchez

3 minutos min de leitura
ESG
13 de outubro de 2025
ESG não é tendência nem filantropia - é estratégia de negócios. E quando o impacto social é parte da cultura, empresas crescem junto com a sociedade.

Ana Fontes - Empreendeedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME) e do Instituto RME

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Estratégia
10 de outubro de 2025
Com mais de um século de história, a Drogaria Araujo mostra que longevidade empresarial se constrói com visão estratégica, cultura forte e design como motor de inovação.

Rodrigo Magnago

6 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Liderança
9 de outubro de 2025
Em tempos de alta performance e tecnologia, o verdadeiro diferencial está na empatia: um ativo invisível que transforma vínculos em resultados.

Laís Macedo, Presidente do Future is Now

3 minutos min de leitura
Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho, Bem-estar & saúde, Finanças
8 de outubro de 2025
Aos 40, a estabilidade virou exceção - mas também pode ser o início de um novo roteiro, mais consciente, humano e possível.

Lisia Prado, sócia da House of Feelings

5 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
7 de outubro de 2025
O trabalho flexível deixou de ser tendência - é uma estratégia de RH para atrair talentos, fortalecer a cultura e impulsionar o desempenho em um mundo que já mudou.

Natalia Ubilla, Diretora de RH no iFood Pago e iFood Benefícios

7 minutos min de leitura
Bem-estar & saúde, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
6 de outubro de 2025
Como a evolução regulatória pode redefinir a gestão de pessoas no Brasil

Tatiana Pimenta, CEO da Vittude

4 minutos min de leitura
Liderança, Cultura organizacional, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
3 de outubro de 2025
Ser CEO é mais que ocupar o topo - para mulheres, é desafiar estereótipos e transformar a liderança em espaço de pertencimento e impacto.

Giovana Pacini, Country Manager da Merz Aesthetics® Brasil

3 minutos min de leitura