Uncategorized

Emoções como fonte de poder

A boa forma emocional é importante para o sucesso profissional, como mostram Sheryl Sandberg, Adam Grant e Vivek Murthy.

Compartilhar:

Recentemente, Sheryl Sandberg, executiva-chefe de operações do Facebook e umas das líderes da causa feminista nas empresas, transformou o luto pela morte do marido em um livro, escrito com o amigo de Wharton, Adam Grant, psicólogo de formação: Option B: facing adversity, building resistance and finding joy. Em linhas gerais, os autores propõem às pessoas exercícios para cultivar a resistência às sabotagens da vida da mesma forma que musculação cultiva músculos.

 Contribuir com os outros é um dos exercícios, e essa foi a função primordial que o livro cumpriu para Sandberg. Ao ajudar as pessoas que enfrentam dificuldades, a executiva ajudou-se a sair do fundo do poço. Um segundo exercício é o de pôr o elefante (o problema, no caso) para fora da sala, em oposição a ficar fazendo de conta que ele não existe. Isso explica, por exemplo, por que tantas pessoas têm exposto suas tristezas, problemas e perdas nas redes sociais. Mesmo que isso fira alguma regra da etiqueta social, ajuda muito exteriorizar o problema.

 Um exercício de Option B particularmente interessante para quem sofre um abalo emocional – e, em resultado, duvida de si mesmo – é o de permitir-se ir fazendo as coisas aos poucos, uma de cada vez, até recuperar a autoconfiança, sentindo autocompaixão.

 Forçar-se a prestar atenção à alegria é um quarto exercício que Sandberg e Grant recomendam. Nada de fugir das festinhas do escritório quando se está meio triste. A executiva do Facebook conta, por exemplo, que dançar a música September, da banda Earth, Wind and Fire, em uma festa de aniversário pouco após a viuvez foi fundamental para sua recuperação, ainda que ela tenha se sentido culpada por isso.

 O que permeia todos os capítulos e exercícios de Option B é o difícil tema das emoções no trabalho. A maioria de nós simplesmente não sabe como lidar com sentimentos em circunstâncias profissionais; fazemos tudo para passar aos outros a percepção de autocontrole, o que pode equivaler a varrer as emoções para debaixo do tapete e piorar as coisas. Sandberg e Grant aconselham a não fazer isso.

 Há uma perspectiva ainda mais disruptiva sobre as emoções no trabalho: as emoções vistas – e tratadas – não só como fonte de resiliência, mas como fonte de poder. Ex-membro do governo Barack Obama nos Estados Unidos, o cirurgião-geral Vivek Murthy fez recentemente uma palestra no Institute of Health Economics, da University of Pennsylvania, sobre o assunto. “A ciência já provou que, quando estão experimentando emoções positivas, como gratidão, amor, conexão social, inspiração ou excitação, as pessoas são capazes de produzir muito mais; e que emoções negativas, como medo, raiva, ciúme e estresse também as motivam a fazer mais, desde que se limitem ao curto prazo.”

 Vivenciar as emoções, em vez de reprimi-las, contribui, além disso, para o que Murthy chama de “boa forma emocional” – “que é tão importante para os atletas profissionais quanto a boa forma física”. Parece-se com a resiliência de Sandberg e Grant. Martin Seligman, o pai da psicologia positiva, também relacionou emoções positivas com alívio do estresse.

 Talvez você deva esquecer o que pensava sobre emoções até agora. A tradição manda ver como fraqueza as manifestações de emoção, mas Sandberg, Grant, Murthy (e Seligman) discordam: eles dizem que, bem vivenciadas, emoções nos empoderam

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação

Living Intelligence: A nova espécie de colaborador

Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Liderar GenZ’s: As relações de trabalho estão mudando…

Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura
Carreira, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
A área de gestão de pessoas é uma das mais capacitadas para isso, como mostram suas iniciativas de cuidado. Mas precisam levar em conta quatro tipos de necessidades e assumir ao menos três papéis

Natalia Ubilla

3 min de leitura
Estratégia
Em um mercado onde a reputação é construída (ou desconstruída) em tempo real, não controlar sua própria narrativa é um risco que nenhum executivo pode se dar ao luxo de correr.

Bruna Lopes

7 min de leitura
Liderança
O problema está na literatura comercial rasa, nos wannabe influenciadores de LinkedIn, nos só cursos de final de semana e até nos MBAs. Mas, sobretudo, o problema está em como buscamos aprender sobre a liderança e colocá-la em prática.

Marcelo Santos

8 min de leitura