Empreendedorismo

Empreendedoras no superlativo

O empreendedorismo demanda muito da mulher para que ela se contente com o mundo no diminutivo
Chris Taveira é CEO e fundadora do grupo Illimitz e autora do livro “Decida Ganhar Mais”.

Compartilhar:

Empreender não é para amadores, embora a maioria de nós comece assim: com uma dose de coragem e um otimismo ingênuo de que tudo vai dar certo. Se você for mulher, adicione persistência extra, audácia e um sorriso sempre pronto para lidar com os pré-conceitos que o mercado imprime.

Tendemos a observar a história de uma perspectiva muito curta, mas, se expandimos o olhar, vemos que dinheiro e poder são ativos recentes para as mulheres. Para uma sociedade com pessoas empoderadas (e não só mulheres), precisamos de oportunidades equivalentes para todos, tirando as “conversas chatas” da gaveta e escancarando-as a fim de uma discussão direta, franca e respeitosa.

Nós, empreendedoras, costumamos sentir na pele o que o excel revela em números e gráficos. Pesquisas mostram que mulheres costumam ter três grandes barreiras para alavancar uma empresa própria: dificuldade de crédito, formação e visibilidade.

Um dos grandes obstáculos é o acesso às linhas de crédito – 47% das mulheres já tiveram empréstimo negado. De acordo com dados do Sebrae, apenas 33,2% dos negócios foram fundados por mulheres, enquanto 66,8% foram fundados por homens. Não basta querer. Estamos cheios de empreendedores de palco que apertam o play para repetir que acreditar em si é suficiente para se construir um negócio de sucesso quando a realidade mais se assemelha a uma montanha russa de emoções que demanda, entre tantas coisas, flexibilidade.

A mudança de mentalidade é essencial para quem busca empreender. Acredito no trio – metodologia, administração de finanças e resultados. Para melhorar o panorama das mulheres no empreendedorismo, é preciso aumentar a representatividade em todas as áreas e, assim, ter mais mulheres em cargos de liderança, na política, em comitês etc.

Quando os números aumentarem em todas as áreas, o de empreendedoras também crescerá. Haverá uma maior compreensão das dificuldades uma das outras, mais sororidade, e uma flexibilidade inteligente, que vai desde a maleabilidade em relação ao trabalho em uma empresa, à uma maior versatilidade também entre os acordos entre companhias. Não vai depender de reuniões de networking sem hora para terminar ou happy hour após o trabalho. Uma realidade que para muitas mulheres contemporâneas não existe.

Para mim, mulher empoderada é uma mulher com independência financeira. No Brasil, temos mais de 100 milhões de potenciais investidoras que poderiam estar fundando seu próprio negócio, contribuindo para a economia e crescimento do País, conquistando espaços e gerando novos empregos. Mas nesse caminho existe um grande gap sobre o que é preciso para se desenvolver como empresária e como líder.

Já fui mentora de muitas mulheres que iniciaram uma microempresa na informalidade, como forma de ganhar algum dinheiro extra – eu também comecei assim. A oportunidade existe, o mercado tem apetite, mas muitas vezes deixamos o medo de sonhar nos encolher e matamos a nossa ambição de querer mais para as nossas vidas, nos contentado com o mundo no diminutivo (“um dinheirinho, pra ter uma casinha, pra comprar umas coisinhas e viver uma vidinha”).

Ouvir tantos diminutivos ligados às mulheres e aos negócios foi o empurrão que faltava para eu escrever sobre o assunto. Espero que minha experiência em negócios e com informações sobre caminhos para quem quer montar o próprio negócio possa ajudar uma grande parcela das empreendedoras em potencial, para que elas possam, finalmente, sair do mundo dos “INHOS” para entrar numa vida superlativa.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inglês e liderança empresarial: competência linguística como diferencial competitivo

A proficiência amplia oportunidades, fortalece a liderança e impulsiona carreiras, como demonstram casos reais de ascensão corporativa. Empresas visionárias que investem no desenvolvimento linguístico de seus talentos garantem vantagem competitiva, pois comunicação eficaz e domínio do inglês são fatores decisivos para inovação, negociação e liderança no cenário global.

Como o cinema e a inteligência artificial podem ser referência ao mundo corporativo

Com o avanço da inteligência artificial, a produção de vídeos se tornou mais acessível e personalizada, permitindo locuções humanizadas, avatares realistas e edições automatizadas. No entanto, o uso dessas tecnologias exige responsabilidade ética para evitar abusos. Equilibrando inovação e transparência, empresas podem transformar a comunicação e o aprendizado, criando experiências imersivas que inspiram e engajam.

Liderança

Posicionamento executivo: a base para o sucesso profissional

Construir e consolidar um posicionamento executivo é essencial para liderar com clareza, alinhar valores e princípios à gestão e impulsionar o desenvolvimento de carreira. Um posicionamento bem definido orienta decisões, fortalece relações profissionais e contribui para um ambiente de trabalho mais ético, produtivo e sustentável.

Uncategorized
Liderança em tempos de brain rot: como priorizar o que realmente importa para moldar um futuro sustentável e inspirador.

Anna Luísa Beserra

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Laís Macedo

4 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar empresas que continuamente estão inovando é um desafio diário, mas cada questão se torna um aprendizado se feito com empatia e valorização.

Ana Carolina Gozzi

3 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A experiência varia do excepcional ao frustrante, e a Inteligência Artificial (IA) surge como uma aliada para padronizar e melhorar esses serviços em escala global.

Flavio Gonçalves

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
No cenário globalizado, a habilidade de negociar com pessoas de culturas distintas é mais do que desejável; é essencial. Desenvolver a inteligência cultural — combinando vontade, conhecimento, estratégia e ação — permite evitar armadilhas, criar confiança e construir parcerias sustentáveis.

Angelina Bejgrowicz

4 min de leitura
ESG
A resiliência vai além de suportar desafios; trata-se de atravessá-los com autenticidade, transformando adversidades em aprendizado e cultivando uma força que respeita nossas emoções e essência.

Heloísa Capelas

0 min de leitura
ESG
Uma pesquisa revela que ansiedade, estresse e burnout são desafios crescentes no ambiente de trabalho, evidenciando a necessidade urgente de ações para promover a saúde mental e o bem-estar nas empresas.

Fátima Macedo

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Enquanto a Inteligência Artificial transforma setores globais, sua adoção precipitada pode gerar mais riscos do que benefícios.

Emerson Tobar

3 min de leitura
Gestão de Pessoas
Entenda como fazer uso de estratégias de gameficação para garantir benefícios às suas equipes e quais exemplos nos ajudam a garantir uma melhor colaboração em ambientes corporativos.

Nara Iachan

6 min de leitura
Finanças
Com soluções como PIX, contas 100% digitais e um ecossistema de open banking avançado, o país lidera na experiência do usuário e na facilidade de transações. Em contrapartida, os EUA se sobressaem em estratégias de fidelização e pagamentos crossborder, mas ainda enfrentam desafios na modernização de processos e interfaces.

Renan Basso

5 min de leitura