Editorial

Escassez de consciência na economia da abundância

A consciência na era digital é o tema da 156ª edição da HSM Management, que apresenta a necessidade de conscientização, principalmente no ambiente corporativo e com a inteligência artificial
CEO da HSM e coCEO da SingularityU Brazil. Pós-graduado em finanças, possui MBA com extensão na China, na França e na Inglaterra. Tem mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro. É casado com a Marcia e coleciona discos de vinil.
CEO da HSM e coCEO da SingularityU Brazil. Pós-graduado em finanças, possui MBA com extensão na China, na França e na Inglaterra. Tem mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro. É casado com a Marcia e coleciona discos de vinil.

Compartilhar:

Faz 15 anos que o Gallup mede algo inusitado: felicidade. E embora muita gente não leve o assunto a sério, a infelicidade global tem aumentado continuamente ao longo da última década – não só durante a pandemia –, e isso é preocupante. Como entendemos no artigo do CEO do Gallup, Jon Clifton, publicado nesta edição, a “desigualdade de bem-estar” existente no mundo é tão ou mais preocupante que a “desigualdade de renda”, além de ser algo bem menos compreendido. Esta edição trata, de muitas maneiras, do papel das empresas nesse território desconhecido.

Outro dia, estava pesquisando o que a Organização Mundial da Saúde diz sobre qualidade de vida, um conceito que considero irmão gêmeo do conceito de bem-estar: é “a percepção do indivíduo de sua inserção na vida, no contexto da cultura e sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Fiz minha tradução para isso em duas palavras: qualidade de vida é “equilíbrio” e é “presença”.

Tem muita gente enfatizando a busca do equilíbrio, mas, a meu ver, a presença é o que merece ênfase dos líderes hoje. Estou convencido de que baixa felicidade e desigualdade de bem-estar têm muito a ver com a escassez de presença. E, conectando com esta revista, estamos falando no fundo de escassez de consciência numa era de abundância.

Bem, e o papel das empresas nessa história? Tanto quanto estamos fazendo com as tecnologias digitais, pervasivas e onipresentes, precisamos fazer com a consciência. São essas as duas faces da nova economia, e uma reforça a outra. Quanto mais tecnologia formos usar, mais necessário se torna tomar cada decisão com consciência de seus efeitos. Já sabemos (e quem não sabe ainda o saberá em breve) que, nesta nova economia, não existe outro caminho para a gestão que não seja ter a consciência em relação aos princípios da sustentabilidade como direcionador.

Isso pressupõe uma consciência madura e proativa, que não se concentra no departamento de ESG ou no jurídico/compliance; ela tem de se espalhar por toda a estrutura, todos os processos e todos os líderes da empresa. O pouco debate sobre as implicações éticas da inteligência artificial, como diz Antonio Alberti na seção *Contagem Regressiva,* evidencia nossa falta de maturidade no tema.

O *Dossiê* desta edição se dedica à construção dessa consciência. A reportagem especial sobre o rating 2023 *Melhores Empresas para o Brasil*, feita de organizações avaliadas por seus diferentes stakeholders, aborda consciência também. Conteúdos como o do artigo intitulado *Neurociência da mudança* facilitam a conscientização. E faço questão de citar a coluna da minha amiga Ellen Kiss, agora parte da liderança do Nubank, sobre o comportamento consciente do governo americano em relação a seus cidadãos. Parafraseando aquelas aspas famosas: é a consciência, stupid!

Artigo publicado na HSM Management nº 156.

Compartilhar:

CEO da HSM e coCEO da SingularityU Brazil. Pós-graduado em finanças, possui MBA com extensão na China, na França e na Inglaterra. Tem mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro. É casado com a Marcia e coleciona discos de vinil.

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Empreendedorismo
Alinhando estratégia, cultura organizacional e gestão da demanda, a indústria farmacêutica pode superar desafios macroeconômicos e garantir crescimento sustentável.

Ricardo Borgatti

5 min de leitura
Empreendedorismo
A Geração Z não está apenas entrando no mercado de trabalho — está reescrevendo suas regras. Entre o choque de valores com lideranças tradicionais, a crise da saúde mental e a busca por propósito, as empresas enfrentam um desafio inédito: adaptar-se ou tornar-se irrelevantes.

Átila Persici

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A matemática, a gramática e a lógica sempre foram fundamentais para o desenvolvimento humano. Agora, diante da ascensão da IA, elas se tornam ainda mais cruciais—não apenas para criar a tecnologia, mas para compreendê-la, usá-la e garantir que ela impulsione a sociedade de forma equitativa.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG
Compreenda como a parceria entre Livelo e Specialisterne está transformando o ambiente corporativo pela inovação e inclusão

Marcelo Vitoriano

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O anúncio do Majorana 1, chip da Microsoft que promete resolver um dos maiores desafios do setor – a estabilidade dos qubits –, pode marcar o início de uma nova era. Se bem-sucedido, esse avanço pode destravar aplicações transformadoras em segurança digital, descoberta de medicamentos e otimização industrial. Mas será que estamos realmente próximos da disrupção ou a computação quântica seguirá sendo uma promessa distante?

Leandro Mattos

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura
Finanças
Programas como Finep, Embrapii e a Plataforma Inovação para a Indústria demonstram como a captação de recursos não apenas viabiliza projetos, mas também estimula a colaboração interinstitucional, reduz riscos e fortalece o ecossistema de inovação. Esse modelo de cocriação, aliado ao suporte financeiro, acelera a transformação de ideias em soluções aplicáveis, promovendo um mercado mais dinâmico e competitivo.

Eline Casasola

4 min de leitura
Empreendedorismo
No mundo corporativo, insistir em abordagens tradicionais pode ser como buscar manualmente uma agulha no palheiro — ineficiente e lento. Mas e se, em vez de procurar, queimássemos o palheiro? Empresas como Slack e IBM mostraram que inovação exige romper com estruturas ultrapassadas e abraçar mudanças radicais.

Lilian Cruz

5 min de leitura
ESG
Conheça as 8 habilidades necessárias para que o profissional sênior esteja em consonância com o conceito de trabalhabilidade

Cris Sabbag

6 min de leitura