ESG
4 min de leitura

Fazendo a roda girar organicamente: a importância do “S” na gestão corporativa

Não importa se a sua organização é pequena, média ou grande quando se trata de engajamento por parte dos seus colaboradores com causas sociais
Diretor de Operações da Alliance One Brasil. Acumula mais de 28 anos de experiência no setor do tabaco, incluindo operações orientadas por ESG em setores comerciais e na cadeia de suprimentos pelo mundo.

Compartilhar:

Ajuda

As práticas de responsabilidade social de uma empresa se traduzem no “S”, do ESG, e seus exemplos são variados, como o estímulo ao voluntariado e o investimento financeiro em iniciativas culturais. Contudo, medir os esforços ou o real comprometimento com as causas sociais com base nessa ideia seria um equívoco. E mais: estaríamos corroborando com o fenômeno conhecido por greenwashing – quando há uma falsa propagação de causas socioambientais.

Entendo que o principal desafio contemplado pelo “S” consiste em criar uma cultura onde colaboradores, gestores e C-levels se sintam representados pela missão da organização, seja ela pública ou privada, da qual fazem parte. Quando isso ocorre, o envolvimento dos funcionários com ações sociais torna-se natural, virando parte da rotina laboral e, consequentemente, da cultura organizacional.

Ao encontro disso, está aliar o propósito da vida pessoal com a profissional, e essa é uma tendência que vem se consolidando no ambiente corporativo. Se pegarmos apenas os jovens da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010), sete em cada 10 afirmam melhorar a saúde e o engajamento no trabalho quando alinham seus valores aos da empresa, conforme aponta estudo da empresa de planos de saúde Alice.

Assim que acontece essa convergência de ideais, o caminho fica pavimentado rumo à construção de um ecossistema capaz de propiciar ganhos a todas as partes envolvidas no contexto social da empresa. A partir do momento em que há esse enraizamento, a terceirização de ações concretas é deixada de lado e se opta por tomar atitudes com as próprias mãos, com a finalidade de impactar positivamente as comunidades nas quais a empresa atua.

Em suma, o que eu gostaria de dizer é o seguinte: não importa se a sua organização é pequena, média ou grande quando se trata de engajamento por parte dos seus colaboradores com causas sociais. Claro que é muito importante destinar recursos financeiros e realizar doações filantrópicas aos meios corretos, mas o poder de fazer a rodar girar organicamente, levando seu time à ponta e o inserindo na realidade de seus stakeholders, representa a essência do “S”.

Impacto às comunidades

No ano fiscal de 2024, a Alliance One Brasil (AOB) impactou aproximadamente 25 mil pessoas através de seus projetos de suporte à comunidade, como o Reciclamundo (sete mil beneficiários), o Abraço Solidário (cerca de 3,1 mil) e o Hospital São José, em Santa Catarina (cerca de 1,1 mil). Em relação à meta global de nossa estratégia de ESG, as iniciativas de responsabilidade social no Brasil contribuíram com 22%.

Hoje, praticamente todas as grandes empresas no mundo praticam ESG. Porém, existem vários níveis de compreensão e aplicabilidade. Às vezes as organizações investem milhões, mas não monitoram, avaliam ou identificam o público-alvo – e muito menos o impacto social. Portanto, é imprescindível consolidar uma estrutura onde se identifique as necessidades e, consequentemente, haja uma elaboração de um plano com o intuito de monitorar o alcance dos objetivos estabelecidos e transpor a estratégia em prática.

O voluntariado em meio à tragédia e o “S” girando organicamente

Acreditamos que tudo o que fazemos é para transformar a vida das pessoas e juntos construirmos um mundo melhor. Entre abril e maio de 2024, o Rio Grande do Sul passou pela maior tragédia climática da história do estado, com as enchentes impactando 471 dos 495 municípios, ou seja, 95% do território gaúcho, segundo dados da Defesa Civil. Contudo, apesar das perdas irreparáveis, o nível dos estragos só não foi pior em razão da capacidade de mobilização e da solidariedade demonstradas por entidades da sociedade civil, empresas e a população em geral.

Presente nos três estados da região Sul e uma das maiores exportadoras de tabaco do país, a AOB contou com o esforço voluntário por parte dos seus colaboradores e transportadores de cargas para levar donativos de Araranguá (SC) até Venâncio Aires, a fim de ajudar os mais necessitados naquele momento. Em Rio Azul (PR), a unidade  da Alliance se estabeleceu como principal ponto de coleta da cidade e as doações coletadas foram igualmente trazidas para as instalações da empresa, em Venâncio Aires (RS), de forma totalmente voluntária e sem custos. 

Todo este engajamento foi liderado pelo time de voluntários do programa de voluntariado corporativo Abraço Solidário. Nossos voluntários participaram de mutirões de limpeza e organizaram a doação de cerca de 17 toneladas de alimentos, 4,2 mil litros de água, 1,7 mil itens de higiene e limpeza, 940 refeições e 13 mil agasalhos, entre outros itens essenciais. 

Esses são alguns dos exemplos que ilustram o título do artigo. Afinal, você só sabe que o ESG é uma realidade na sua empresa quando se faz com as próprias mãos. Naturalmente.

Compartilhar:

Artigos relacionados

ESG
Resgatar nossas bases pode ser a resposta para enfrentar esta epidemia

Lilian Cruz

5 min de leitura
Liderança
Como a promessa de autonomia virou um sistema de controle digital – e o que podemos fazer para resgatar a confiança no ambiente híbrido.

Átila Persici

0 min de leitura
Liderança
Rússia vs. Ucrânia, empresas globais fracassando, conflitos pessoais: o que têm em comum? Narrativas não questionadas. A chave para paz e negócios está em ressignificar as histórias que guiam nações, organizações e pessoas

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Empreendedorismo
Macro ou micro reducionismo? O verdadeiro desafio das organizações está em equilibrar análise sistêmica e ação concreta – nem tudo se explica só pela cultura da empresa ou por comportamentos individuais

Manoel Pimentel

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Aprender algo novo, como tocar bateria, revela insights poderosos sobre feedback, confiança e a importância de se manter na zona de aprendizagem

Isabela Corrêa

0 min de leitura
Inovação
O SXSW 2025 transformou Austin em um laboratório de mobilidade, unindo debates, testes e experiências práticas com veículos autônomos, eVTOLs e micromobilidade, mostrando que o futuro do transporte é imersivo, elétrico e cada vez mais integrado à tecnologia.

Renate Fuchs

4 min de leitura
ESG
Em um mundo de conhecimento volátil, os extreme learners surgem como protagonistas: autodidatas que transformam aprendizado contínuo em vantagem competitiva, combinando autonomia, mentalidade de crescimento e adaptação ágil às mudanças do mercado

Cris Sabbag

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Geração Beta, conflitos ou sistema defasado? O verdadeiro choque não está entre gerações, mas entre um modelo de trabalho do século XX e profissionais do século XXI que exigem propósito, diversidade e adaptação urgent

Rafael Bertoni

0 min de leitura
Empreendedorismo
88% dos profissionais confiam mais em líderes que interagem (Edelman), mas 53% abandonam perfis que não respondem. No LinkedIn, conteúdo sem engajamento é prato frio - mesmo com 1 bilhão de usuários à mesa

Bruna Lopes de Barros

0 min de leitura
ESG
Mais que cumprir cotas, o desafio em 2025 é combater o capacitismo e criar trajetórias reais de carreira para pessoas com deficiência – apenas 0,1% ocupam cargos de liderança, enquanto 63% nunca foram promovidos, revelando a urgência de ações estratégicas além da contratação

Carolina Ignarra

4 min de leitura