Dossiê HSM

Futuristas projetam uma desaceleração

Eis a tendência 50 anos após o lançamento de o choque do futuro, em que Alvin e Heidi toffler mostraram a velocidade da mudança

Compartilhar:

O SXSW foi cancelado em 2020, e uma das coisas que mais deixou saudades foi a sessão futurista com Amy Webb, CEO do Future Today Institute, em que ela atualiza as tendências tecnológicas. Essa é uma das evidências de que a área de futurismo [veja artigo na pág. 10], está fazendo cada vez mais parte da gestão, assim como estratégia, recursos humanos e marketing.

Isso coincide com a profissionalização que vem acontecendo no setor, que não é nada trivial. Como você cria padrões entre gestores com visões de futuro, pensadores de futuro, tecnologistas, narradores de curiosidades sobre o futuro, filósofos do futuro, inovadores, inventores, trendwatchers, especialistas em “sensing”, cenaristas e companhia? Que critérios utilizar para definir quem é futurista e quem não é?

O processo de profissionalização vem sendo conduzido pela APF (sigla em inglês de Associação de Futuristas Profissionais), com a ajuda da WFSF (World Futures Studies Federation), do Projeto Millennium (iniciativa do conselho norte-americano da Universidade das Nações Unidas) e também de think tanks como o Institute For The Future [veja os highlights da página 24] e de redes como a Global Swarm, dedicada a fazer alertas de futuro. Mas o consenso é de que uma prática tão importante não pode ficar restrita a um pequeno clube.

Em outras palavras, como a diversidade é fundamental a quem pesquisa o futuro – não só diversidade de formação e método, mas geográfica e cultural –, profissionalizar esse pessoal significa sobretudo fazê-lo colaborar, para que as visões de futuro sejam frutos da criatividade coletiva, e mais precisas, para uns aprenderem com os outros.

## Outro ritmo no pós-pandemia
Quando Alvin e Heidi escreveram O choque do futuro, 50 anos atrás, eles não sabiam, mas estavam tocando numa das principais carências da sociedade global de então, que começava a lidar com uma aceleração de mudanças sem precedentes e sentia-se desamparada em relação a isso.

“Os Toffler sugeriram que a dificuldade em lidar com uma taxa crescente de mudança faria muitas pessoas sofrerem um choque social ou pessoal. Eles talvez não tenham previsto um surto viral, mas com certeza previram uma pandemia [de choques sociais e pessoais]”, declarou Maria Bothwell, CEO da Toffler Associates, por ocasião do lançamento do livro After Shock, em que vários futuristas atualizam o futuro dos Toffler, incluindo Ray Kurzweil [veja pág. 96].

Muitos dos autores de After Shock (embora não Kurzweil) apontam indícios de desaceleração no ritmo de mudanças, não necessariamente em função da pandemia de Covid-19, mas pelas escolhas feitas. Ruben Nelson, diretor-executivo da Foresight Canada, chega a dizer que tem os dias contados “o mundo corporativo movido a lucros de curto prazo, apoiado na indústria da publicidade e com a cumplicidade de governos que têm fetiche por crescimento econômico”.

Enquanto não chegamos lá para conferir, vale reproduzir algumas explicações da futurista brasileira Jaqueline Weigel, da W Futurismo, em seu website. Ela lembra que um dos princípios fundadores do campo de estudos do futuro é a ideia de que há escolhas pessoais e organizacionais feitas no presente que afetam o futuro, para as gerações futuras. Isso significa que as projeções de futuro feitas aqui, embora estejam “no ar” atualmente, convivem com outras, e cabe a pessoas e empresas escolherem e implantarem suas preferidas.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Zuckerberg e seu império

Leia esta crônica e se conscientize do espaço cada vez maior que as big techs ocupam em nossas vidas

Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 4º país com mais crises de saúde mental no mundo e 500 mil afastamentos em 2023. As empresas que ignoram esse tsunami pagarão o preço em produtividade e talentos.

Nayara Teixeira

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Empresas que integram IA preditiva e machine learning ao SAP reduzem custos operacionais em até 30% e antecipam crises em 80% dos casos.

Marcelo Korn

7 min de leitura
Empreendedorismo
Reinventar empresas, repensar sucesso. A megamorfose não é mais uma escolha e sim a única saída.

Alain S. Levi

4 min de leitura