Gestão de Pessoas

Gestão de pessoas como estratégia para o sucesso das startups

A pauta sobre a necessidade da área de recursos humanos ser estratégica é recente no mercado de trabalho, mas essencial para o cenário atual. Uma gestão de pessoas adequada deve ter um forte alinhamento interno, com colaboradores engajados e incansáveis na busca por resultados
Marcus Vaccari é especialista da vertical de people as a service de Triven e ex-vice-presidente sênior de RH para a AL da PepsiCo.

Compartilhar:

A área de recursos humanos evoluiu muito nos últimos anos, tanto nas suas ferramentas de trabalho e análise de dados, quanto na visão estratégica da gestão em si. Porém, a percepção de que o RH é estratégico e merece um lugar à mesa é algo recente e muito importante para o cenário atual do mercado de trabalho.

Acredito que chegarmos a essa percepção foi uma evolução importante, mas ainda há muito por evoluir na gestão de pessoas para entregar o que toda organização necessita – resultados através da atração, engajamento e retenção dos melhores talentos.

Parece simples, mas não é. O mundo do trabalho saiu de um cenário no qual existia uma relação comercial entre colaborador e empresa, onde bastava estabilidade e um salário adequado para reter uma pessoa, para um momento no qual os colaboradores querem mais, desejam realização e propósito no trabalho que fazem. O trabalho ideal, com propósito, ocorre quando se cruza algo que a pessoa sabe e gosta de fazer com uma necessidade, ou seja, alguém precisa do que ela faz… e ela sabe disso. Tudo isso dentro de um ambiente saudável e alinhado a seus valores.

Isso pode parecer algo muito pessoal, mas, nesse novo cenário, cabe à empresa entender e prover esse propósito para todos que atuam na organização. Só assim ela terá o retorno esperado. É o que chamamos de engajamento, ou o equilíbrio entre as necessidades da empresa e as necessidades dos colaboradores. Em outras palavras, eu, colaborador, entendo o que você quer que eu faça, e vou fazer, porque sei que você, empresa, representada por seus gestores, entende o que eu necessito e vai se empenhar em oferecer.

Quando pensamos em produto, fica mais fácil perceber seu propósito. As marcas já trabalham dessa forma. Pense numa empresa que vende alimentos. É comum que a comunicação dela para o mercado seja de que ela oferece além de um alimento: satisfação, prazer, saúde, confraternização, alegria… esse é o propósito da marca ou produto.

A questão é como fazer com que a pessoa cujo trabalho é executar um pedaço desse processo se sinta parte dele e entenda que seu trabalho leva essa alegria para os clientes e consumidores, contribuindo para um propósito maior.

Para que isso aconteça é necessário que a estratégia de pessoas esteja alinhada à estratégia do negócio, começando por uma cultura clara que se fortalece com uma boa gestão de todos os seus processos – jornada do colaborador, desempenho, remuneração e recompensa e comunicação.

No setor de tecnologia e inovação, um dos grandes desafios é a gestão de pessoas em um ambiente que muda rapidamente e cresce, muitas vezes, de forma exponencial e sem tempo para alinhar seus recursos humanos a essa expectativa de crescimento. A boa notícia é que as startups, invariavelmente, são empresas ágeis e dispostas a aprender com os erros. Porém, essas empresas, principalmente nos estágios iniciais, esbarram na dificuldade de encontrar, gerir e manter talentos que são essenciais para que a startup possa avançar. Uma gestão de pessoas adequada, com um forte alinhamento interno, assegura que seus colaboradores estejam e sempre estarão alinhados a esse perfil, engajados com seu propósito e incansáveis na busca por resultados. Mais do que nunca necessita ter estratégia, logo de início, e ir muito além das ferramentas.

O problema, muitas vezes, é que as empresas resumem o trabalho de RH aos processos básicos para mantê-lo rodando – contratação, folha de pagamento, documentação – por não haver possibilidade financeira de se contratar uma equipe especializada na gestão de pessoas de forma mais ampla e consistente.

Uma inovação que surge no mercado para solucionar essa equação é o modelo de contratação por horas, já amplamente conhecido no CFO as a Service, por exemplo. Uma alternativa flexível e ágil para se ter uma cultura forte e aliada a uma boa gestão de pessoas é a criação de uma vertical de People as a Service (PaaS), um modelo que permite que as startups tenham acesso a um profissional de gestão de pessoas, com squad qualificado e alocado de acordo com suas necessidades e possibilidades, como fez a Triven. Com suas práticas, processos e procedimentos, o PaaS garantirá que o negócio seja relevante, sustentável, ascendente e atrativo para clientes, colaboradores e investidores.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Liderança
como as virtudes de criatividade e eficiência, adaptabilidade e determinação, além da autorresponsabilidade, sensibilidade, generosidade e vulnerabilidade podem coexistir em um líder?

Lilian Cruz

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança
As novas gerações estão redefinindo o conceito de sucesso no trabalho, priorizando propósito, bem-estar e flexibilidade, enquanto muitas empresas ainda lutam para se adaptar a essa mudança cultural profunda.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG, Empreendedorismo
31/07/2024
O que as empresas podem fazer pelo meio ambiente e para colocar a sustentabilidade no centro da estratégia

Paula Nigro

3 min de leitura
ESG
Exercer a democracia cada vez mais se trata também de se impor na limitação de ideias que não façam sentido para um estado democrático por direito. Precisamos ser mais críticos e tomar cuidado com aquilo que buscamos para nos representar.
3 min de leitura
Empreendedorismo, ESG
01/01/2001
A maior parte do empreendedorismo brasileiro é feito por mulheres pretas e, mesmo assim, o crédito é majoritariamente dado às empresárias brancas. A que se deve essa diferença?
0 min de leitura
ESG, ESG, Diversidade
09/10/2050
Essa semana assistimos (atônitos!) a um CEO de uma empresa de educação postar, publicamente, sua visão sobre as mulheres.

Ana Flavia Martins

2 min de leitura
ESG
Em um mundo onde o lucro não pode mais ser o único objetivo, o Capitalismo Consciente surge como alternativa essencial para equilibrar pessoas, planeta e resultados financeiros.

Anna Luísa Beserra

3 min de leitura
Inteligência Artificial
Marcelo Murilo
Com a saturação de dados na internet e o risco de treinar IAs com informações recicladas, o verdadeiro potencial da inteligência artificial está nos dados internos das empresas. Ao explorar seus próprios registros, as organizações podem gerar insights exclusivos, otimizar operações e criar uma vantagem competitiva sólida.
13 min de leitura