O Brasil avança no cenário global de inovação. O país consolidou sua posição como líder na América Latina e subiu no Índice Global de Inovação 2024 (fonte), ocupando a 50ª posição entre 133 países. Esse progresso, no entanto, convive com um desafio estrutural que pode comprometer a competitividade nacional: a escassez de talentos especializados em dados e Inteligência Artificial (IA). Ao mesmo tempo, a PwC CEO Survey 2025 (fonte) aponta que dois terços dos CEOs brasileiros planejam integrar IA em seus processos e fluxos de trabalho. O que poderia ser um movimento decisivo para a digitalização dos negócios esbarra na falta de profissionais qualificados, um problema que não se resolve apenas com a contratação de mais talentos, mas com uma mudança profunda na forma como as empresas estruturam suas estratégias e implementam novas tecnologias.
A crescente dependência de IA para tomada de decisão, otimização de processos e inovação de produtos não é um fenômeno restrito a grandes corporações. Pequenas e médias empresas também estão diante da necessidade de se adaptar rapidamente. Mas essa transição exige um nível de maturidade digital que nem todas estão prontas para alcançar sozinhas. O desafio não é apenas técnico. Ele envolve cultura organizacional, governança de dados e a capacidade de transformar informação em inteligência estratégica.
O Brasil, apesar do avanço nos rankings de inovação, ainda enfrenta barreiras na formação de uma base sólida de profissionais qualificados para atuar nesse novo contexto. Muitas empresas, ao se depararem com a complexidade da implementação de IA, acabam adiando ou limitando seus projetos a experimentos isolados, sem integração real ao negócio. A consequência é a frustração com a tecnologia e a perda de oportunidades competitivas.
A experiência recente de grandes empresas brasileiras mostra que há caminhos para contornar esse problema. Em vez de esperar a formação de uma nova geração de talentos ou lidar com a escassez de profissionais altamente especializados, algumas companhias adotaram uma abordagem mais estruturada para garantir que a IA gere impacto real. Foi o caso da Unifique (fonte), operadora de telecomunicações do Sul do Brasil, que para reduzir a taxa de cancelamento de contratos, estruturou um modelo preditivo baseado em IA para antecipar quais clientes tinham maior propensão a cancelar serviços. Outro exemplo vem da Vivo (fonte), uma das maiores operadoras de telecomunicações do Brasil. A empresa enfrentava o desafio de aprimorar a experiência do cliente em um mercado altamente competitivo e encontrou na IA uma aliada estratégica.
Esses casos demonstram que a adoção de IA não se resume a uma questão tecnológica, mas envolve estratégia, estruturação de processos e integração eficiente dos dados ao dia a dia da organização. A tecnologia sozinha não resolve problemas, mas, quando bem aplicada, transforma a forma como as empresas operam, criam valor e se relacionam com seus clientes.
O Brasil tem potencial para ser um protagonista na inovação baseada em IA, mas precisa acelerar o desenvolvimento de capacidades internas para que essa tecnologia seja um fator de vantagem competitiva real. O momento exige não apenas investimento em novas ferramentas, mas uma visão mais ampla sobre como construir organizações capazes de aprender, adaptar-se e inovar continuamente em um mundo movido por dados e inteligência artificial.