No centro das transformações que permeiam o ambiente corporativo contemporâneo, uma questão persistente e frequentemente subestimada desafia os processos, a gestão e a inovação das organizações: o etarismo. Essa forma de discriminação se manifesta tanto contra profissionais com mais de 50 anos quanto em relação às novas gerações que chegam ao mercado de trabalho, munidas de habilidades digitais e perspectivas revolucionárias. Ela reflete preconceitos, medos infundados e uma compreensão limitada sobre a importância da diversidade e da inclusão.
Mas engana-se quem pensa que a complexidade do etarismo limita-se à mera questão da idade. Ele nasce em percepções equivocadas, nas quais o valor de um profissional é medido por critérios obsoletos, ignorando-se o potencial inerente à diversidade etária. A psicóloga organizacional Ana Beatriz Barbosa, na Harvard Business Review, enfatiza que o medo de ser substituído — seja por alguém mais jovem, seja por alguém mais adaptado às novas tecnologias — pode incitar comportamentos discriminatórios, comprometendo não apenas a cultura organizacional, mas também a capacidade de inovação.
A relevância do tema cresce à medida que pesquisas demonstram que equipes compostas por membros de diferentes faixas etárias tendem a ser mais criativas e inovadoras. Estudo publicado no Journal of Organizational Behavior revelou que a diversidade etária pode significativamente melhorar o desempenho corporativo, especialmente em tarefas que requerem inovação e criatividade. Ou seja, ao invés de ser vista como um obstáculo, a diversidade etária deve ser celebrada como um ativo estratégico.
A manutenção de ambientes saudáveis de trabalho
Nos próximos 10 anos, as organizações enfrentarão uma transformação sem precedentes no mercado de trabalho, impulsionada por avanços tecnológicos e uma reavaliação das expectativas profissionais por parte de todas as gerações. Este cenário desafiador exige uma abordagem diferenciada para abraçar a diversidade etária, não apenas como uma questão de conformidade ou responsabilidade social, mas como um elemento de base para a sustentabilidade e o sucesso empresarial a longo prazo.
Dessa forma, as empresas que se dedicam em superar esta questão não apenas melhoram seu ambiente de trabalho, mas também se posicionam para prosperar em um futuro marcado pela diversidade e pela mudança. Valorizar a diversidade de gerações significa criar um clima organizacional acolhedor e integrativo. Investir em programas de treinamento, promover a comunicação aberta e construir uma cultura de respeito e colaboração são aspectos fundamentais para a manutenção de um local corporativo que reconhece e valoriza o potencial de todas as gerações.
Creio que o combate ao etarismo é mais do que uma questão de política trabalhista; é uma questão de visão, liderança e, acima de tudo, humanidade. As organizações que lideram essa mudança não apenas definem o padrão para o futuro do trabalho, mas também demonstram real um compromisso profundo com os valores de diversidade, equidade e inclusão. Este é o momento para as empresas reavaliarem suas práticas, reconhecerem o valor da experiência combinada com a inovação e abrirem caminho para uma era de inclusão etária sem precedentes.