Os debates sobre a necessidade de estabelecer igualdade de gênero nas empresas são cada vez mais frequentes, reflexo de uma disparidade que, em pleno século 21, ainda não foi superada. Segundo o Fórum Econômico Mundial, em um prog nóstico assustador, a remuneração de homens e mulheres que ocupam o mesmo cargo só será a mesma em 2095! Particularmente preocupante é o cenário em nosso País, que ocupa uma das piores posições no ranking de igualdade salarial divulgado pelo FEM.
No entanto, é preciso lembrar que esse futuro longínquo já chegou em algumas companhias, e minha trajetória profissional é prova disso. Trabalho no PayPal, plataforma líder mundial de pagamentos online, em que o respeito e o incentivo à diversidade fazem parte da cultura organizacional desde sua criação. Atuando no segmento de tecnologia, a empresa destacou-se pelas excelentes oportunidades de carreira para mulheres. No PayPal Brasil, o sexo feminino representa 48% da força de trabalho e ocupa mais da metade dos cargos de liderança/diretoria (53%) – segundo o IBGE, a média nacional nesse nível hierárquico é de 37%.
Entrei em 2010, no cargo de diretora de vendas e desenvolvimento de negócios. Em 2015, tornei-me diretora-comercial. E neste ano fui promovida a diretora-geral da companhia no País – logo depois de voltar de minha segunda licença-maternidade.
Quando engravidei pela primeira vez, em 2014, fiquei apreensiva antes de dar a notícia ao meu chefe. Sua reação não podia ter sido melhor; foi uma clara demonstração de que a maternidade era algo positivo, a ser comemorado. Tive certeza de que estava em uma empresa na qual a valorização do ser humano e a importância de equilibrar vida pessoal e profissional eram levadas a sério.
Como líder, considero a diversidade fundamental, acreditando que são mais fortes as equipes formadas por pessoas de diferentes gêneros, faixas etárias e formações acadêmicas. Sou apaixonada pelo que faço e procuro estar sempre muito próxima do meu time, trabalhando em parceria e sem perder de vista que estou lidando com pessoas, não meros executores de tarefas. Assim, a fim de fortalecer o engajamento e alcançar os resultados esperados, minha liderança também é orientada pela sensibilidade, pela compreensão das individualidades.
Na prática, isso pode significar, por exemplo, proporcionar um horário de trabalho flexível que permita levar e buscar os filhos na escola. Eu mesma, apesar da função que ocupo, não preciso sacrificar meu tempo com a família ou deixar de jogar tênis no final da tarde. Mas não é, claro, essa facilidade natural para humanizar o ambiente de trabalho que justifica a presença da mulher. É questão de competência, de meritocracia. E posso garantir que não é utopia.