Em agosto de 2024, a Lei de Cotas completa 12 anos de existência. Mas o que são 12 anos comparado a 300 de escravidão? O que são 12 anos comparado a anos e anos de falta de oportunidade para aqueles que se encontram em situação de vulnerabilidade social? Enquanto poucos grupos vivem num status de privilégio, a realidade é bem diferente para tantas outras famílias ao redor do Brasil. Entretanto, a aprovação e a renovação dessas medidas é o caminho para diminuir a desigualdade latente existente no Brasil.
Ao longo dessa estrada árdua para a conquista de um direito básico que é a educação, sempre me alegra lembrar que algumas entidades saíram na frente ao separar uma quantidade de vagas para esses grupos muitos anos da concretização da lei, como foi o caso das Universidades Estaduais do Rio de Janeiro e da Bahia e da Universidade Federal de Brasília, que implementaram as cotas em 2002 e 2004, respectivamente.
Para dimensionar a importância de leis como essa, de acordo com um levantamento do Instituto Federal de Tocantins (IFTO) entre o período de 2013 e 2023, cerca de 8770 estudantes ingressaram na instituição por meio das cotas. Mas a verdade é que não precisamos ir tão longe para perceber o impacto positivo na vida de tantos estudantes. Com certeza você que está lendo conhece alguém ou tem algum conhecido que sabe de alguém que teve a chance de concluir o ensino médio ou conquistar o sonho de um curso superior graças às cotas, sejam elas raciais ou sociais.
O acesso à educação, além de minimizar a desigualdade social e racial, é a principal ferramenta para um futuro mais brilhante. É por meio da educação que se criam oportunidades para que as pessoas mais vulneráveis tenham uma vida melhor. O estudo nos ajuda na criação de consciência de classes, auxiliando na identificação, na hora de exercer o direito ao voto, de políticos que vão lutar pelo direito das pessoas menos privilegiadas.
Como tudo na vida, o acesso à educação também é um ato político, um ato que interfere na sociedade toda, sendo nosso dever não só o exercer, mas também ter acesso a ele, independentemente da cor da nossa pele ou da nossa situação social.
Sem dúvida nenhuma nada disso apaga 300 anos de escravidão e mais tantos outros de desigualdade social para a maioria dos cidadãos brasileiros, mas certamente cria-se um cenário mais justo para os nossos filhos, para os filhos deles e todos os outros que vierem após nós.