Liderança

Liderança com propósito e ambidestria são chaves para seguir empreendendo em 2024

Compreender o passado, para refazer o futuro e alinhado com propósitos necessários que 2024 precisa
[__Fabio Hayashi__ ](https://www.linkedin.com/in/fabiohayashi/)é fundador e CEO da Deal Technologies, consultoria de serviços de tecnologia e parceira estratégica para negócios em qualquer estágio de maturidade digital, Fábio Hayashi atua há 20 anos no setor, acelerando e transformando negócios. Formado em Análise de Sistemas e com MBA em Gestão Empresarial pela FGV, é membro do YPO, uma comunidade mundial de líderes executivos com sede nos Estados Unidos, com mais de 34.000 membros globais em mais de 142 países. Ele também é conselheiro no Canal da Peça e Autor do livro Minha Vida em uma Página.

Compartilhar:

É bastante desafiador estar à frente de um mesmo negócio há tanto tempo. No meu caso, são duas décadas. Uma verdadeira jornada de aprendizados, testes, avanços e recuos. Quando penso no mercado de tecnologia no geral, incluindo empresas tradicionais e startups, se mantendo sempre atualizado, refinando propostas e serviços, acompanhando crises atuais e potenciais, adaptando a empresa aos novos ideais de gestão de pessoas e também aos novos modelos de negócios centrados no cliente, tudo isso junto se torna um eterno desafio no ato de empreender.

Porém, a experiência mostra que, por trás de todos os bons resultados, há pilares que sempre precisam ser revistos e reforçados, como a cultura, os modelos de gestão e outros fatores, os quais servem para dar sentido a tudo que construímos.

Falando em gestão, inovamos fazendo com que pessoas que tinham aptidão em entrega (técnicos), passassem a gerir também números e vendas. Sim, ousamos em trazer o back para assumir o front. Não é troca de posição, é aumento de responsabilidade.

Em resumo, conseguimos aplicar o nosso propósito em nosso mindset, ou seja, toda interação que temos, o time pensa em ser proativo e consultivo (desafiar mentes inquietas), cocriar e construir um legado (futuro)

Um estudo da Zeno, agência global de comunicações integradas, que avaliou consumidores globais de mais de 75 marcas, concluiu que eles têm de quatro a seis vezes mais probabilidades de confiar, consumir e defender empresas com propósitos fortes. Esse dado confirma como grandes resultados e projetos inovadores tendem a refletir nos planos das organizações e ajudam a criar valores a todos os stakeholders – sejam eles os clientes, colaboradores, fornecedores e demais pessoas que participam do ambiente organizacional. Por outro lado, as inovações que não vão adiante deixam a desejar em alguma das partes essenciais para a construção do novo, ignorando fatores que deveriam importar, como time to market e uma pavimentação mínima para suportar o novo. A Meta, dona do Facebook, WhatsApp e Instagram, por exemplo, teve que voltar atrás do metaverso, pois ainda temos um desafio de hardware a ser resolvido.

Embora a cultura de resultados seja fundamental, ela não pode se estabelecer às custas do bem-estar humano. Grandes ideias surgem de ambientes positivos e propícios a trocas – quando damos espaço para atividades desafiadoras e novos aprendizados, quando os times podem encher e esvaziar os copos todos os dias, tendo uma postura e relação completamente diferente em torno do trabalho. Isso é ainda mais necessário quando falamos de empresas e negócios relacionados com inovação em que o ambiente dita o nível de criatividade.

Para todo empreendimento, há graus possíveis de inovação a se analisar e se implementar. Se o paradigma das empresas de tecnologia é navegar pelos mares turbulentos das mudanças, o que elas têm a agregar para os mercados mais tradicionais é justamente essa abertura ao novo, ao transformador e à inconstância em novos ritmos. Devemos incluir, em nossos propósitos como empreendedores, o ideal de conservar o trabalho e o legado realizado até aqui, bem como a atenção aos clientes já conquistados, enquanto pavimentamos a via rumo ao futuro dos negócios, indo atrás de novos empreendimentos.

É esperado das organizações que sejam ambidestras, ou seja, que compreendam o passado, estejam sempre se preparando para as possibilidades do futuro e mantenham o foco no presente e nos clientes conquistados até aqui. Com certeza, eles não desejam entrar em aplicativos para ter experiências truncadas e ruins. Mais do que acompanhar o seu mercado especificamente, também importa dar atenção aos hábitos de consumo e comportamento de maior sucesso, as novas expectativas dos consumidores. Não é mais razoável apenas nos compararmos ao concorrente, pois, às vezes, o mercado inteiro morre. A ambidestria torna-se característica crítica porque é um grande erro matar o velho para fazer nascer o novo. Toda a transição requer um tempo de maturação, e o declínio de atividades e modelos antigos de trabalho acontece de forma natural.

Uma empresa que demonstra uma boa capacidade de ambidestria, isto é, de cuidar das operações tradicionais, mas investindo ao mesmo tempo no novo, é a Globo. Fundada em 1965, a empresa tem se mostrado muito competente para se manter atualizada em meios aos ciclos tecnológicos: quando surgiu a TV a cabo, criaram a Globosat. Num segundo ciclo, com a chegada da internet com cabos de fibra óptica e surgimento dos streamings como concorrência, a Globo aproveitou seu repertório de conteúdos exclusivos para criar a Globo Play. Atualmente, o grupo atua em uma transição para a nuvem e, segundo dados divulgados, investe mais de R$ 2 bilhões para incrementar e reforçar estruturas de tecnologia, além de possuir a Globo Ventures para firmar parcerias com startups.

A questão e o grande desafio para nós empreendedores é sobreviver e prosperar no ambiente de mudanças e incertezas. As organizações que compreendem a própria essência, isto é, conseguem estabelecer propósitos fortes, têm maiores chances de exercer motivação e incentivar a criatividade entre as equipes. Todo empreendimento se beneficia da criação de processos colaborativos e de espaços para trocas de ideias, mesmo que isto se instale de forma muito tímida e gradual. É preciso conservar o legado e as conquistas enquanto rendem frutos, permitindo ao mesmo tempo o surgimento de uma transformação cultural e uma interação entre diferentes processos e gerações para se criar o novo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Finanças
Com soluções como PIX, contas 100% digitais e um ecossistema de open banking avançado, o país lidera na experiência do usuário e na facilidade de transações. Em contrapartida, os EUA se sobressaem em estratégias de fidelização e pagamentos crossborder, mas ainda enfrentam desafios na modernização de processos e interfaces.

Renan Basso

5 min de leitura
Empreendedorismo
Determinação, foco e ambição são três palavras centrais da empresa, que inova constantemente – é isso que devemos fazer em nossas carreiras e negócios

Bruno Padredi

3 min de leitura
Empreendedorismo
Em um ambiente onde o amanhã já parece ultrapassado, o evento celebra a disrupção e a inovação, conectando ideias transformadoras a um público global. Abraçar a mudança e aprender com ela se torna mais do que uma estratégia: é a única forma de prosperar no ritmo acelerado do mercado atual.

Helena Prado

3 min de leitura
Liderança
Este caso reflete a complexidade de equilibrar interesses pessoais e responsabilidades públicas, tema crucial tanto para líderes políticos quanto corporativos. Ações como essa podem influenciar percepções de confiança e coerência, destacando a importância da consistência entre valores e decisões. Líderes eficazes devem criar um legado baseado na transparência e em práticas que inspirem equipes e reforcem a credibilidade institucional.

Marcelo Nobrega

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Hora de compreender como o viés cognitivo do efeito Dunning-Kruger influencia decisões estratégicas, gestão de talentos e a colaboração no ambiente corporativo.

Athila Machado

5 min de leitura
ESG
A estreia da coluna "Papo Diverso", este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do "Dia da Pessoa com Deficiência", um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Carolina Ignarra

5 min de leitura
Empreendedorismo
Saiba como transformar escassez em criatividade, ativar o potencial das pessoas e liderar mudanças com agilidade e desapego com 5 hacks práticos que ajudam empresas a inovar e crescer mesmo em tempos de incerteza.

Alexandre Waclawovsky

4 min de leitura
ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura