Toda grande crise traz consigo uma quantidade de aprendizados, umas dores e umas cicatrizes. Estamos diante de um evento global que trará impactos que ainda nem conseguimos direito quantificar. Porém, tem algo “da ordem do dia” que podemos estar atentos para gerenciar os efeitos imediatos dessas transformações que estamos vivendo.
Estou trabalhando de casa faz 12 dias. Saí duas vezes para levar comida para os meus pais. Pensei até que eu conseguiria deixar uns artigos adiantados, fechar o projeto de um livro, diminuir um pouco a quantidade de e-mails na minha caixa postal. **Nem preciso dizer que a realidade é bem diferente da expectativa.** Divido o período de trabalho (que está mais intenso) com a rotina remota da escola do meu filho, a arrumação da casa e outras tantas coisas que não faziam parte do meu dia-a-dia.
No terceiro dia eu estava absolutamente exausta. Passado o ajuste do corpo e da mente, as coisas melhoraram muito. Não tem receita de bolo: cada um vai encontrando uma maneira de se ajustar. Aliás, ajuste necessário, pois muitos de nós fazem parte do privilegiado grupo que pode trabalhar de casa. Fiquemos em casa, portanto, até por respeito a tanta gente que não tem escolha e precisa sair pra trabalhar.
Como esta coluna diz respeito a práticas de liderança, a seguir listo alguns aprendizados desse período em casa que podem ser úteis:
– As pessoas, quando não estão juntas, demandam mais comunicação. Esteja disponível para conversar e ajustar as necessidades do seu time;
– Comunicação tem _timing_. Tem coisas que precisamos dizer logo para as pessoas estarem tranquilas. E tenha em mente que a informação viaja rápido. Não deixe seu time saber de decisões críticas por terceiros;
– Quem não era digital está se tornando digital. Alguns tiram de letra. Outros, precisam de um pouco de paciência. Olha que chance maravilhosa de demonstrarmos empatia;
– Dê uma direção clara sobre o que espera das pessoas, até para entender se todo mundo realmente consegue seguir um ritmo como aquele que estabeleceu na empresa. Muita gente está acumulando funções domésticas e parentais;
– Deixa pra lá as piadinhas sobre quantos casamentos vão sobrar depois disso tudo. Em vez disso, vai lá e ajuda. Aproveite para estar junto, dividir o ônus e o bônus da casa e dos filhos.
– Pense em novos “ritos”. Tenho recebido um bocado de iniciativas bacanas de empresas que estão criando mais fóruns de conversa, novas formas de estar perto. Isso também é um jeito de demonstrar que nós nos importamos com as pessoas que estão conosco.
Além dessas questões de ordem prática, refletir sobre **o que é produtividade também é importante.** Percebo que estamos criando um contingente de pessoas ansiosas, aflitas e se sentindo incapazes de _“performar bem”_ por conta de tantas outras coisas que estão sendo obrigadas a fazer ao mesmo tempo. No entanto, produtividade boa é aquela do longo prazo, não só a que aconteceu no final do dia de hoje. Então, #pegaleve.
E por último, mas não menos importante, cuide de você. Tente reorganizar uma rotina (de meditação, de exercícios ou da sua prática de “centramento” preferida). Se a gente não está bem com a gente, não tem como estar bem com os outros.
Isso tudo uma hora passa (que seja rápido). Até lá, sugiro fazer o de sempre: #vaicomtudo, mas #vaicomamor.