Comunidades: CEOs do Amanhã, Sociedade

Liderança jovem e empresas B para um futuro desejável

Acreditar no potencial da ação coletiva é diferencial para novos líderes e para organizações que desejam ressignificar o que é sucesso para os negócios
Mulher negra brasileira protagonista na construção de um futuro sustentável para todas e todos. Delegada brasileira do grupo de engajamento jovem do G20 em 2021 no track de inovação, digitalização e futuro do trabalho.

Compartilhar:

Você deve se lembrar que, [em minha primeira coluna](https://www.revistahsm.com.br/post/a-agenda-2030-e-a-construcao-de-um-futuro-desejavel), criei duas situações hipotéticas que ajudam a pintar o cenário de um futuro desejável. Vou recuperá-las aqui:

> 1º de janeiro de 2030. Uma jovem marroquina acorda para mais um dia de trabalho. Vai até a sua geladeira e se serve de um copo d’água potável em sua casa própria. Após se preparar, pega os equipamentos para a sua bicicleta e se despede dos filhos: “Até a noite. Bom dia na escola, queridos!”. Seu andar é abastecido por energia motora e ainda reduz a emissão de gases poluentes e nocivos ao planeta.
>
> Em 2020, eu me levanto para mais um dia de trabalho. Vou até a geladeira da casa da minha mãe, pego o meu café da manhã. Com pressa, me arrumo, pego as chaves de casa e me despeço: “Estou indo, não posso me atrasar. Dia longo hoje, não me espere para o jantar”.

Nessa sequência, vamos falar sobre o papel dos jovens líderes na construção dessa nova agenda e dar exemplos práticos de empresas que têm demonstrado acreditar em um mundo melhor.

## “O que é seu, é seu. O que é céu, é nosso!”
Ouvi essa frase durante uma apresentação circense de uma artista de rua chamada K. Além de falar de céu, que tem a minha cor preferida, ela ressoa em mim porque fala do todo. Quando olho para o alto, vejo esse cobertor azul que nos envolve. Quando a mulher marroquina de 2030 olhar para o céu do futuro, ela também verá esse mesmo azul.

O céu ultrapassa o tempo e o espaço. E espero que assim continue. Ele conecta todos nós, independentemente de gênero, cor de pele, condição social ou qualquer outra distinção. Conforme afirmou o ex-secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, “vocês são a primeira geração que pode acabar com a pobreza e a última que pode salvar o meio ambiente”.

Em dez anos, nós, jovens, seremos os líderes no comando das empresas e dos governos. A [contagem regressiva da “década de ação”](https://www.revistahsm.com.br/post/intraempreendedorismo-de-impacto-no-brasil) da Agenda 2030 já terá chegado ao fim. A questão que fica no ar é: será preciso a construção de uma nova agenda e o adiamento da vida em um mundo no qual a agenda foi construída e sonhada?

Clarice Lispector disse que “quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado, com certeza, vai mais longe” – e já comentei em meu texto anterior que embora o poder individual tenha grande potencial de transformação, o coletivo possui poder muito maior de mudança. Ao refletirmos sobre a força da ação coletiva, qual o papel dos líderes e das empresas na construção do futuro que queremos?

## Nasce o movimento B
A participação de multinacionais é imprescindível para o sucesso de uma campanha que [deseja reformar o capitalismo](https://www.revistahsm.com.br/post/esg-tambem-e-para-pequenas-e-medias-empresas), ou seja, para que organizações saibam entregar valor não somente para seus acionistas, mas para todas as partes interessadas. Nesse sentido, o movimento B, comunidade na qual lidero no Rio de Janeiro, e empresas como Danone, Laureate Education e Natura estão dando exemplo de como isso pode ser feito.

Em 2006, três amigos criaram o movimento B nos Estados Unidos, com o objetivo de [equilibrar o propósito e o lucro das corporações](https://www.mitsloanreview.com.br/post/o-capitalismo-pode-salvar-o-mundo). Afinal, conforme diz o manifesto do movimento, “qual é o sentido de uma economia que cresce financeiramente e que, por sua própria natureza, gera uma desigualdade cada vez maior, acaba com a água e com outros recursos da Terra, aprofunda o individualismo e a exclusão de milhares de pessoas?”.

Desde então, empresas como Natura, Movida, Mãe Terra, Meu Copo Eco, Reserva, Ben & Jerry’s e Danone, a fim de serem certificadas nacional e internacionalmente, se comprometeram a mensurar seu impacto nos seus trabalhadores, clientes, fornecedores, comunidade e ambiente. A missão é simples: ser um movimento de pessoas usando empresas como uma força para o bem, ressignificando o conceito de sucesso nos negócios.

## “Não é ser a melhor empresa do mundo, e sim a melhor empresa para o mundo”
As empresas B fazem parte de um grupo internacional que visa acelerar uma mudança cultural global e construir uma economia mais inclusiva e sustentável. Tornar-se uma organização certificada significa que apresentar um alto desempenho social e ambiental, ser transparente em suas ações e responsável legalmente para entregar uma [combinação perfeita entre lucro e propósito](https://www.revistahsm.com.br/post/e-preciso-ir-alem-da-estrategia).

De acordo com o B Lab, os problemas mais desafiadores da sociedade não podem ser resolvidos apenas pelo governo e organizações sem fins lucrativos. Assim, a comunidade do B Lab trabalha constantemente para reduzir a desigualdade, alcançar níveis mais baixos de pobreza, promover ambientes mais saudáveis e comunidades mais fortes, e criar mais empregos de alta qualidade, com dignidade e propósito.

Desde a sua fundação, a B Lab já certificou mais de 3.500 empresas em cerca de 70 países. No Brasil, existem mais de 165 empresas certificadas. A empresa B do Rio de Janeiro, Baluarte Cultura, é uma delas. Finalista do Prêmio ODS 2019 do Pacto Global, a Baluarte tem como principal ODS o objetivo 8 (trabalho decente e crescimento econômico), além de estar alinhada também ao ODS 4 (educação de qualidade). Um dos cases de sucesso citado pelo Pacto Global é o Estúdio Escola de Animação da Baluarte, que oferece capacitação profissional gratuita em animação audiovisual para crianças.

Em 2020, uma parceria entre Pacto Global e B Lab resultou na ferramenta [SDG Action Manager](https://app.bimpactassessment.net/get-started/partner/ungc), online e gratuita, para medir como as empresas influenciam e impactam os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. A Danone SA, que busca impactar diretamente a erradicação da fome (ODS 2), garantir saúde e bem-estar (ODS 3) e acesso à água potável e saneamento (ODS 6), reconheceu a importância do SDG Action Manager para seu planejamento e o utilizou para tangibilizar e entender o real impacto de suas ações.

Diante dos dados trazidos aqui, o que você pode fazer para o futuro seja aquele que desejamos, menos desigual, mais justo e sustentável? Qual é o seu papel na sociedade, especialmente se [você é jovem e deve liderar](https://www.revistahsm.com.br/post/jovem-demais-para-ser-team-leader) empresas em breve? Como construir coletivamente o futuro que queremos?

Compartilhar:

Artigos relacionados

Competitividade da Indústria Brasileira diante do Protecionismo Global

A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Liderança, Times e Cultura
Comunicação com empatia, gestão emocional e de conflitos e liderança regenerativa estão entre as 10 principais habilidades para o profissional do futuro.

Flávia Lippi

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Liderança, Times e Cultura
É preciso eliminar a distância entre o que os colaboradores querem e o que vivenciam na empresa.

Ana Flavia Martins

4 min de leitura
Estratégia e Execução, Carreira
Solicitar crédito sempre parece uma jornada difícil e, por isso, muitos ficam longe e acabam perdendo oportunidades de financiar seus negócios. Porém, há outros tipos de programas que podemos alçar a fim de conseguir essa ajuda e incentivo capital para o nosso negócio.
3 min de leitura
Liderança, Times e Cultura
Conheça os 6 princípios da Liderança Ágil que você precisa manter a atenção para garantir que as estratégias continuem condizentes com o propósito de sua organização.
3 min de leitura
Uncategorized
Há alguns anos, o modelo de capitalismo praticado no Brasil era saudado como um novo e promissor caminho para o mundo. Com os recentes desdobramentos e a mudança de cenário para a economia mundial, amplia-se a percepção de que o modelo precisa de ajustes que maximizem seus aspectos positivos e minimizem seus riscos

Sérgio Lazzarini

Gestão de Pessoas
Os resultados só chegam a partir das interações e das produções realizadas por pessoas. A estreia da coluna de Karen Monterlei, CEO da Humanecer, chega com provocações intergeracionais e perspectivas tomadas como normais.

Karen Monterlei

Liderança, times e cultura, Cultura organizacional, Gestão de pessoas
Entenda como utilizar a metodologia DISC em quatro pontos e cuidados que você deve tomar no uso deste assessment tão popular nos dias de hoje.

Valéria Pimenta

Inovação
Os Jogos Olímpicos de 2024 acabaram, mas aprendizados do esporte podem ser aplicados à inovação organizacional. Sonhar, planejar, priorizar e ter resiliência para transformar metas em realidade, são pontos que o colunista da HSM Management, Rafael Ferrari, nos traz para alcançar resultados de alto impacto.

Rafael Ferrari

6 min de leitura