Direto ao ponto

Marcas contra o racismo

Para professora da Wharton, o momento pede posicionamentos claros das marcas. O esporte já dá exemplos significativos

Compartilhar:

Em matéria no site Knowledge@Wharton, a professora de marketing da The Wharton School, da University of Pennsylvania, Patti Williams, coloca sob os holofotes um novo desafio para muitas empresas e organizações: como reposicionar a marca e expressar o posicionamento social exigido pelos consumidores. A resposta não é simples, e o esporte vem dando exemplos.
Recentemente, o hexacampeão da Fórmula 1, Lewis Hamilton, cobrou das equipes mais responsabilidade e ações no combate à discriminação racial. Depois do assassinato do americano George Floyd numa operação negligente da polícia, o inglês da Mercedes, único piloto negro da história da F1, disse que se sentia sozinho na luta contra o racismo. Seus protestos são manchete em todo o mundo.

A National Football League, a liga nacional do futebol americano, tem passado pelo mesmo processo e recentemente também abraçou a luta antirracismo. Em 2016, o quarterback do San Francisco 49ers, Colin Kaepernick, se ajoelhou durante o hino nacional para protestar contra a injustiça racial. Seu gesto desencadeou polêmica. Barack Obama defendeu Kaepernick, enquanto Donald Trump disse que jogadores que não defendem o hino devem ser demitidos. Na época, o comissário da NFL, Roger Goodell, disse que a liga acredita “muito fortemente no patriotismo” e que não concordava com as ações de Kaepernick. Meses depois, o jogador foi demitido.
Este ano, Goodell mudou o discurso. Lançou um vídeo condenando o racismo e disse que a NFL estava errada em não ouvir os protestos dos jogadores. E reiterou o compromisso em setembro, depois das mortes de George Floyd, Breonna Taylor e Jacob Blake em ações violentas da polícia norte-americana. A Liga criou a fundação Inspire Change e prometeu doar US$ 250 milhões em dez anos para causas sociais.

A nova mensagem muda a imagem da NFL, que decidiu reposicionar sua marca e, assim como muitas empresas, reavaliar os valores que defende. “As equipes e as marcas fazem parte da cultura. Este é um momento culturalmente significativo, que exige que todos nós, que fazemos parte da cultura, nos ajustemos e consideremos”, afirma Patti Williams no artigo. Sua pesquisa se concentra em como as emoções influenciam o comportamento do consumidor.
Para a professora, sempre há riscos ao se defender em uma posição forte, mas ela acredita que o momento atual e essa questão em particular exigem um posicionamento explícito. Para Williams, a inação pode causar mais danos à imagem da marca perante seus stakeholders do que o posicionamento. “Esta é a hora de fazer mudanças. As marcas não devem ter medo.”

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Liderança
70% dos líderes não enxergam seus pontos cegos e as empresas pagam o preço. O antídoto? Autenticidade radical e 'Key People Impact' no lugar do controle tóxico

Poliana Abreu

7 min de leitura
Liderança
15 lições de liderança que Simone Biles ensinou no ATD 2025 sobre resiliência, autenticidade e como transformar pressão em excelência.

Caroline Verre

8 min de leitura
Liderança
Conheça 6 abordagens práticas para que sua aprendizagem se reconfigure da melhor forma

Carol Olinda

4 min de leitura
Cultura organizacional, Estratégia e execução
Lembra-se das Leis de Larman? As organizações tendem a se otimizar para não mudar; então, você precisa fazer esforços extras para escapar dessa armadilha. Os exemplos e as boas práticas deste artigo vão ajudar

Norberto Tomasini

4 min de leitura