Vivemos tempos de mudanças profundas, em que as velhas fórmulas do crescimento a qualquer custo e do sucesso financeiro como único fim deixam de fazer sentido. As transformações, no entanto, não acontecem do lado de fora, mas começam dentro de nós – na nossa própria decisão de evoluir, de se abrir para o novo, de redefinir o nosso propósito. É o que chamo de megamorfose.
A megamorfose é mais do que uma simples transformação; é uma jornada de reinvenção radical, em que cada um de nós assume o papel de changemaker – um agente de mudança – para desafiar o status quo e construir uma sociedade mais justa, inclusiva e sustentável. Esta mudança de postura exige coragem para olhar além do lucro e abraçar uma missão que cria valor para todos os stakeholders, e não apenas para os acionistas.
Empresas que alcançaram uma megamorfose, como a icônica Patagonia, nos mostram que os negócios podem e devem ser uma força para o bem. Yvon Chouinard, fundador da empresa, deu um passo fundamental ao redefinir o sucesso da sua companhia, integrando princípios ambientais e sociais em cada decisão e operação. Esta postura, mais do que palavras, é uma prática real e autêntica, em total contraste com os famigerados “washings” (greenwashing, socialwashing) que cansam e confundem o consumidor.
Para que essa megamorfose aconteça, precisamos abandonar de vez o velho “blá, blá, blá” das corporações que discursam sobre propósito sem integrar de verdade esses valores em seu dia a dia. A liderança de uma empresa deve não apenas compreender a importância de se reinventar, mas, também, inspirar sua equipe a fazer o mesmo. Isso significa abrir mão da zona de conforto, desconstruir convicções enraizadas e reavaliar o significado de sucesso.
Acredito firmemente que as empresas precisam de propósitos que as façam crescer de maneira sustentável e responsável. Como discuto em meu livro, Marketing sem blá, blá, blá, propósito é o que confere longevidade às organizações e autenticidade às suas ações. Em uma era de capitalismo consciente, é a prosperidade coletiva que garante o crescimento sustentável das empresas e a satisfação de seus clientes. Em outras palavras, lucro é uma consequência do valor genuíno que criamos para o bem-estar social e ambiental. Nossos valores gerando valor!
No meu próprio processo de megamorfose, busquei uma transformação ampla que me levou a aprender com os jovens, a revisitar paradigmas e a me abrir para novas ideias e tecnologias. Esse processo envolve não apenas mudanças de mindset, mas também ações práticas: desde reuniões formais com integrantes das novas gerações, até interações sociais informais em que busco compreender as aspirações dos jovens que querem construir um futuro mais justo e inclusivo.
A grande verdade é que o mundo que desejamos amanhã exige a coragem de transformações hoje. Não adianta apenas buscar o crescimento a qualquer custo; a nova realidade empresarial nos cobra propósito e autenticidade. A megamorfose não é uma fase passageira ou uma estratégia de marketing, mas um chamado genuíno para que cada um de nós faça a diferença.
E você? Está pronto para começar a sua megamorfose?