Inovação

Metamorfose para inovação

Aceitar que o estágio que estávamos não existe mais é o primeiropasso para pessoas e empresas que desejam, de fato, se transformar
Elisa Rosenthal é a diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. LinkedIn Top Voices, TEDx Speaker, produz e apresenta o podcast Vieses Femininos. Autora de Proprietárias: A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário.

Compartilhar:

Enfrentamos um ponto de virada em todas as organizações em relação à inovação, melhor dizendo, à necessidade de inovar. E com um ‘novo normal’ se desenhando, um pós-normal, um novo diferente ou como você deseja chamar o pós-pandemia, isto tende a se acentuar.

## Mas o que significa inovação?

Basicamente, quer dizer criar algo novo. A palavra, que é derivada do termo em latim innovatio, se refere a uma ideia, método ou objeto que é criado e que pouco se parece com padrões anteriores.

“Uma cultura de inovação só terá terreno fértil para estabelecer processos alinhados, focados e contínuos, se não existirem obstáculosinternos – muitas vezes ocultos – que possam barrar de saída fantásticas ideias ou sofisticadas visões estratégicas”, afirma Ronald Dauscha, presidente da Fundação Nacional da Qualidade e ex diretor corporativo de tecnologia e inovação do Grupo Siemens no Brasil.

Os obstáculos podem acontecer de várias formas e vir por fontes distintas — vieses inconscientes e falta de diversidade, por exemplo. Numa realidade na qual as empresas devem inovar continuamente, criando novos mercados, experiências, produtos, serviços, conteúdo ou processos, saber identificar obstáculos e como superá-los é uma necessidade iminente.

Afirma a consultoria Accenture que a mentalidade da inovação é seis vezes mais presente nas culturas com maior equidade de gênero. Provoco aqui a reflexão para que possamos compreender em quais ambientes surgirão novas oportunidades.

George Westerman, cientista líder do MIT em economia digital, afirmaque “os gestores não devem ficar presos a propostas de uso da tecnologia como meio para produzir uma lagarta, devem usá-la com oobjetivo de produzir uma borboleta”.

E é justamente analisando esta transformação, da metamorfose de uma lagarta para se tornar borboleta, que podemos entender como incorporar a equidade de gênero para promover a inovação e transformar empresas em “borboletas”.

## Metáfora antiga, nova perspectiva

Não é nova a ideia de usar a metamorfose da borboleta como metáfora para processos de transformação. Mas convido você a olharmos juntos, de maneira mais profundo, para o que acontece dentro do casulo, mais especificamente, da crisálida.

Quando a lagarta ainda está se desenvolvendo dentro de seu ovo, cria uma célula conhecida como “disco imaginal” para cada parte do corpo adulto de que precisará como borboleta ou mariposa madura – discos para os olhos, asas, pernas e assim por diante.

O processo começa dentro do casulo, quando certos grupos de célulasaltamente organizados, os discos imaginais, sobrevivem ao processo digestivo.Esta revolução interna tem uma mensagem importante para nós e para as empresas: para se tornar uma borboleta, a lagarta precisa vencer sua própria batalha interna.

A primeira vez que ouvi sobre este processo foi pelo fundador do True Purpose Institute, Tim Kelley, durante uma aula sobre congruência, noprocesso de certificação em Liderança Avançada para Mulheres pela Shakti Fellowship, em parceria com a San Diego University, Califórnia.

No curso, Kelley investiga nossas feridas e como lidamos com os nossos traumas no processo de alinhamento de quem nós somos, interna e externamente. O livro Liderança Shakti traz como referênciapara este processo metamórfico o vídeoImaginal Cells in the Dying Caterpillar, de Bruce Lipton.

Estando conscientes de que existe uma batalha interna para que as novas células possam prosperar, precisamos aceitar a mudança. Aceitar que o estágio que estávamos não existe mais.

Esta aceitação precisa acontecer de forma consciente. O que significaque eu aceito de forma genuína e não de forma a tolerar, ou até mesmo de forma a ceder. É um exercício de liderança consciente.

A lagarta não cede para a borboleta. Ela simplesmente é borboleta. Sem julgamento, o processo de aceitação é, literalmente, libertador.

A provocação de Westerman para que pensemos como borboleta passa pelo processo desta batalha interna, por eliminar os obstáculos que Dauscha mencionou.O fato aqui é aceitar que os obstáculos podem ser as “células lagartas” das companhias.

Sendo mais específica, o que precisa ser combatido para a ascensão da inovação são crenças e pensamentos limitantes. Uma visão estratégica viciada em modelos ultrapassados não sobreviverá ao processo da transformação inovadora e, precisará ‘perder’ nesta batalha interna para abrir espaço à versão borboleta.

A equidade de gênero e a mentalidade inovadora acontecerão, de fato, quando acontecerem de forma efetiva ou, como sabiamente enfatiza Kelley: sendo congruente com as suas atitudes, valores e ações. Tanto internamente, quanto externamente

Compartilhar:

Artigos relacionados

Passa conhecimento

Incluir intencionalmente ou excluir consequentemente?

A estreia da coluna “Papo Diverso”, este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do “Dia da Pessoa com Deficiência”, um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

ESG, Empreendedorismo
Estar na linha de frente da luta por formações e pelo desenvolvimento de oportunidades de emprego e educação é uma das frentes que Rachel Maia lida em seu dia-dia e neste texto a Presidente do Pacto Global da ONU Brasil traz um panorama sobre estes aspectos atuais.

Rachel Maia

Conteúdo de marca, Marketing e vendas, Marketing Business Driven, Liderança, times e cultura, Liderança
Excluído o fator remuneração, o que faz pessoas de diferentes gerações saírem dos seus empregos?

Bruna Gomes Mascarenhas

Blockchain
07 de agosto
Em sua estreia como colunista da HSM Management, Carolina Ferrés, fundadora da Blue City e partner na POK, traz atenção para a necessidade crescente de validar a autenticidade de informações e certificações, pois tecnologias como blockchain e NFTs, estão revolucionando a educação e diversos setores.
6 min de leitura
Transformação Digital, ESG
A gestão algorítmica está transformando o mundo do trabalho com o uso de algoritmos para monitorar e tomar decisões, mas levanta preocupações sobre desumanização e equidade, especialmente para as mulheres. A implementação ética e supervisão humana são essenciais para garantir justiça e dignidade no ambiente de trabalho.

Carine Roos

Gestão de Pessoas
Explorando a comunicação como uma habilidade crucial para líderes e gestores de produtos, destacando sua importância em processos e resultados.

Italo Nogueira De Moro

Uncategorized
Até onde os influenciadores estão realmente ajudando na empreitada do propósito? Será que isso é sustentavelmente benéfico para nossa sociedade?

Alain S. Levi

Gestão de Pessoas
Superar vieses cognitivos é crucial para inovar e gerar mudanças positivas, exigindo uma abordagem estratégica e consciente na tomada de decisões.

Lilian Cruz

Transformação Digital, Marketing e vendas, Marketing Business Driven, Marketing business-driven
Crescimento dos festivais de música pós-pandemia oferece às marcas uma chance única de engajamento e visibilidade autêntica.

Kika Brandão

Gestão de pessoas, Liderança, Liderança, times e cultura
Explorando como mudanças intencionais e emergentes moldam culturas organizacionais através do framework ‘3As’ de Dave Snowden, e como a compreensão de assemblages pode ajudar na navegação e adaptação em sistemas sociais complexos.

Manoel Pimentel

Inteligência artificial e gestão, Transformação Digital
A GenAI é uma ótima opção para nos ajudar em questões cotidianas, principalmente em nossos negócios. Porém, precisamos ter cautela e parar essa reprodutibilidade desenfreada.

Rafael Rez