Desenvolvimento pessoal

O burnout dos millennials

Novo livro garante: não são os pais os responsáveis e sim as mudanças estruturais do capitalismo

Compartilhar:

Autor de Kids These Days: Human Capital and the Making of Millennials, o jornalista Malcolm Harris é millennial. Mas, em seu livro, não pretende apresentar uma defesa de sua geração, que abrange as pessoas nascidas entre os anos 1980 e 2000. Seu objetivo é responder a uma pergunta-chave, que não apenas ele, mas muitas pessoas fazem sobre o comportamento dos millennials, em especial no mercado de trabalho: Por que eles estão sofrendo burnout tão facilmente? Por que estão tendo menos filhos? Por que estão se casando mais tarde? Por que são obcecados com eficiência e tecnologia? Por que os millennials são como são?

Não tem nada a ver com conviverem menos com os pais ou serem mais mimados em termos materiais, segundo ele. “Se queremos compreender porque os millennials são como são, temos de olhar para a competição profissional cada vez maior, para o isolamento crescente das pessoas no trabalho, para o individualismo extremo da sociedade moderna e para os problemas, muito disseminados, que afetam a economia e, portanto, essa geração”, afirmou Harris em entrevista ao site Vox.

Assim, um dos argumentos centrais do autor é que a chamada Geração Y é fruto, em grande parte, de mudanças estruturais no capitalismo. “Os millenials tiveram de crescer e ingressar no mercado de trabalho vivenciando um dinâmica em que se deve produzir o máximo possível recebendo por isso o mínimo possível”, diz Harris. 

Isso significa, segundo ele, que as pessoas dessa geração carregam o fardo de terem de arcar com a própria formação e de se autogerenciarem – como freelancers ou terceirizados, por exemplo. Além disso, como os salários estão estagnados, a “exploração” e a competição entre os profissionais são crescentes. Uma das consequências da soma desses fatores é o esgotamento (ou burn out, em inglês). 

Harris chama a atenção também para o fato de os millennials precisarem lidar com essa realidade individualmente, sem apoio de um grupo ou de uma comunidade. “Como estudantes ou profissionais, somos só indivíduos com a responsabilidade de nos tornarmos capacitados para atuar no mercado”, destaca o autor. “E, ao mesmo tempo, a educação passa a valer menos em um mercado hipercompetitivo e em constante transformação”, acrescenta. 

Ele diz que esses processos são parte do próprio capitalismo em sua face atual, do neoliberalismo. “Tal tendência, levada ao extremo, tem efeitos corrosivos para a sociedade e, particularmente, para os jovens”, atesta o autor. Conclusão: para acabar com o eterno burnout dos millennials e com as queixas de todas as gerações mais velhas têm sobre eles, é preciso revolucionar o capitalismo.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
Atualmente, 2,5% dos colaboradores da Pernambucanas se autodeclaram pessoas trans e 100% dos colaboradores trans da varejista disseram que se sentem seguros para ser quem são dentro da empresa.

Nivaldo Tomasio

5 min de leitura
Marketing
A integração entre indicadores de trade marketing e inteligência competitiva está redefinindo o jogo corporativo. Monitorar a execução no PDV, antecipar tendências e reagir com agilidade às mudanças do mercado não são mais diferenciais, mas exigências para a competitividade. Utilizar dados como fonte de insights estratégicos é o caminho para decisões mais rápidas, investimentos otimizados e resultados superiores.

Arthur Fabris

4 min de leitura
Liderança
O novo capítulo do mundo corporativo já começou a ser escrito. Sustentabilidade, transformação digital humanizada e agilidade diante das incertezas globais são os pilares que moldarão líderes visionários e organizações resilientes. Não basta acompanhar as mudanças; é preciso liderá-las com ousadia, responsabilidade e impacto positivo.

Luiz Soria

3 min de leitura
ESG
Apesar dos desafios históricos, as mulheres seguem conquistando espaço no setor de tecnologia, enfrentando a falta de representatividade, dificuldades de financiamento e preconceitos. Iniciativas como o W20 no G20, o PrograMaria e o RME Acelera impulsionam essa transformação, promovendo inclusão e igualdade de oportunidades.

Ana Fontes

4 min de leitura
Marketing
Segundo pesquisa do Instituto Qualibest, houve um aumento de 17 pontos percentuais no número de pessoas assistindo ao programa, em comparação à última edição. Vamos entender como o "ouro televisivo" ainda é uma arma potente de marketing brasileiro.

Carolina Fernandes

4 min de leitura
Gestão de Pessoas, Estratégia e execução, Gestão de pessoas

Lilian Cruz

5 min de leitura
Inovação
A inovação é uma jornada, não um destino. Evitar esses erros comuns é essencial para construir um caminho sólido rumo ao futuro. As empresas que conseguem superar essas armadilhas e adotar uma abordagem estratégica e sistêmica para a inovação terão uma vantagem competitiva significativa em um mundo cada vez mais dinâmico e imprevisível.

Guilherme Lopes

6 min de leitura
Empreendedorismo
Insights inovadores podem surgir de qualquer lugar, até mesmo de uma animação ou evento inesperado. Na NRF 2025, aprendemos que romper bolhas e buscar inspiração em outras áreas são passos essenciais para lideranças B2B que desejam encantar, personalizar e construir conexões humanas e estratégicas.

Fernanda Nascimento

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
O setor de Recursos Humanos enfrenta um momento crucial de transformação, equilibrando inovação tecnológica, diversidade e bem-estar para moldar uma cultura organizacional mais ágil, inclusiva e orientada ao futuro.

Daniel Campos Neto

4 min de leitura
ESG
Não importa se a sua organização é pequena, média ou grande quando se trata de engajamento por parte dos seus colaboradores com causas sociais

Simon Yeo

4 min de leitura