Aos 15 anos, quando criei o Aqualuz, minha única preocupação era transformar vidas. Levar água limpa para comunidades sem acesso era o meu propósito, o meu norte. Nunca imaginei que a paixão que me movia também poderia se tornar uma armadilha. Afinal, quem pensa em dinheiro quando o objetivo é salvar vidas?
O tempo, porém, me mostrou uma dura realidade: impacto social não sobrevive só de boas intenções.
A Dura Verdade Que Eu Demorei a Entender
Nos primeiros anos da SDW, eu tinha uma crença quase romântica: se o propósito fosse genuíno, as coisas dariam certo. Não pensava em sustentabilidade financeira, não tinha um plano claro de expansão e evitava falar de receita como se isso fosse um tabu no mundo social.
Até que veio a pergunta que mudou tudo:
“Como você pretende levar o Aqualuz para milhões de pessoas sem um modelo sustentável?”
A verdade é que eu não sabia. Era como se, ao focar apenas no impacto, eu estivesse negligenciando a ferramenta que o tornaria possível. Foi quando percebi: impacto social e sustentabilidade financeira andam juntos. Sem isso, o sonho de transformar vidas fica pelo caminho.
O Click: Lean Impact e a Virada de Jogo
Foi mergulhando no conceito do Lean Impact, de Ann Mei Chang, que comecei a enxergar o empreendedorismo social com outros olhos. Entendi que não bastava ter um propósito, era preciso criar algo que pudesse crescer, se adaptar e se sustentar ao longo do tempo.
A lógica é simples e poderosa:
- Testar rápido e aprender constantemente. Descobri que entender a fundo as necessidades reais das comunidades era o primeiro passo para criar algo que funcionasse.
- Medir o impacto de cada ação. Precisávamos saber exatamente como o Aqualuz transformava vidas e onde podíamos melhorar.
- Criar um modelo que financiasse o crescimento. Foi quando começamos a trabalhar com governos e empresas, integrando nossas tecnologias em políticas públicas e projetos ESG.
Quando Impacto Social Vira Transformação Real
Hoje, a SDW já beneficiou cerca de 40 mil pessoas em 15 estados do Brasil e até no Equador e Porto Rico. Isso só foi possível porque entendemos que gerar receita não é perder o foco no propósito — é garantir que ele alcance mais pessoas, de forma duradoura.
Se eu pudesse voltar no tempo e dar um conselho para a Ana de 15 anos, seria este:
“Não tenha medo de falar de dinheiro. Ele não é o vilão, é o combustível que vai levar o seu impacto mais longe.”
E Você, Está Pronto Para Quebrar Essa Barreira?
Se você é um empreendedor social, pergunte-se:
- Seu projeto pode crescer sem depender de doações?
- Você está medindo o impacto que gera de forma realista?
- Está preparado para unir propósito e estratégia financeira?
O maior erro que eu cometi foi achar que transformar vidas bastava. Não basta. É preciso fazer isso de forma inteligente, sustentável e com visão de longo prazo.
Impacto social e sustentabilidade financeira não são inimigos. Juntos, eles têm o poder de mudar o mundo.
E você, já pensou nisso?