Assunto pessoal

O mal que uma noite iluminada faz

Você pode não perceber o efeito da luz, mesmo que mínima, mas o seu cérebro percebe; e aumenta a taxa de insulina em 25%

Compartilhar:

A ciência já conhece há anos os efeitos que a iluminação provoca no sono. Em 1998, cientistas norte-americanos comprovaram essa relação: a luz do quarto ativa uma enzima chamado proteassoma, que bloqueia a produção de melatonina, conhecida como “hormônio do sono”. Agora, um estudo da *Northwestern University*, nos Estados Unidos, mostra os efeitos que uma única noite de sono sob luminosidade pode causar no corpo.

Abajur, tela do celular e da televisão e até a luz de “ligado” de aparelhos como ar-condicionado podem atravessar nossas pálpebras e mudar o estado de atenção do sistema nervoso, mesmo que já você esteja dormindo. Isso pode afetar a regulação cardiovascular e de glicose, que são fatores de risco para doenças cardíacas e diabetes.

O estudo foi realizado em um laboratório do sono com 20 participantes, com idades entre 19 e 36 anos. Nenhum deles tem qualquer desordem de sono ou problemas de saúde. Enquanto um grupo dormia na escuridão total, o outro alternou uma noite no escuro com pouca iluminação, apenas o suficiente para poder ir ao banheiro sem tropeçar.

Mesmo essa luzinha foi capaz de afetar o segundo grupo. A frequência de batimentos cardíacos aumentou até 20% e eles passaram menos tempo na fase regenerativa do sono profundo. Quando acordaram, tinham, em média, uma taxa de insulina 25% maior, o que é um sinal da resistência do corpo em converter glicose em energia. Apesar disso, as pessoas não sentiram que tiveram uma noite de sono longe do ideal. Mas o cérebro percebeu.

Algo entre 5% e 9% da luz ao seu redor atravessa as pálpebras fechadas, então é evidente que, quanto mais intensa a iluminação, pior será a noite. O neurocientista Matthew Walker, autor de *[Por que nós dormimos](https://www.amazon.com.br/Dormimos-Nova-Ci%C3%AAncia-Sono-Sonho/dp/8551003658/ref=asc_df_8551003658/?tag=googleshopp00-20&linkCode=df0&hvadid=379815944357&hvpos=&hvnetw=g&hvrand=3240015268309675551&hvpone=&hvptwo=&hvqmt=&hvdev=c&hvdvcmdl=&hvlocint=&hvlocphy=1001650&hvtargid=pla-670056106726&psc=1)*, sugere em seu livro o uso de cortinas-blecaute. “Um bom começo é criar uma luz tênue, baixa, nos cômodos nos quais você fica durante a noite. Evite lâmpadas de teto fortes – iluminação ambiente é a ordem da noite”, ensina. “As pessoas mais engajadas usam óculos amarelos dentro de casa à tarde para ajudar a filtrar a luz azul mais nociva que reprime a melatonina.” Todo dia produtivo começa na véspera, quando vamos dormir.

__Leia mais: [Líderes de si mesmos reciclam seu lixo emocional](https://www.revistahsm.com.br/post/lideres-de-si-mesmos-reciclam-seu-lixo-emocional)__

Compartilhar:

Artigos relacionados

Inovação
O evento de inovação mais esperado do ano já empolga os arredores com tendências que moldarão o futuro dos negócios e da sociedade. Confira as apostas de Camilo Barros, CRO da B.Partners, para as principais movimentações do evento.

Camilo Barros

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial não está substituindo líderes – está redefinindo o que os torna indispensáveis. Habilidades técnicas já não bastam; o futuro pertence a quem sabe integrar estratégia, inovação e humanização. Você está preparado para essa revolução?

Marcelo Murilo

8 min de leitura
ESG
Eficiência, inovação e equilíbrio regulatório serão determinantes para a sustentabilidade e expansão da saúde suplementar no Brasil em 2025.

Paulo Bittencourt

5 min de leitura
Empreendedorismo
Alinhando estratégia, cultura organizacional e gestão da demanda, a indústria farmacêutica pode superar desafios macroeconômicos e garantir crescimento sustentável.

Ricardo Borgatti

5 min de leitura
Empreendedorismo
A Geração Z não está apenas entrando no mercado de trabalho — está reescrevendo suas regras. Entre o choque de valores com lideranças tradicionais, a crise da saúde mental e a busca por propósito, as empresas enfrentam um desafio inédito: adaptar-se ou tornar-se irrelevantes.

Átila Persici

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A matemática, a gramática e a lógica sempre foram fundamentais para o desenvolvimento humano. Agora, diante da ascensão da IA, elas se tornam ainda mais cruciais—não apenas para criar a tecnologia, mas para compreendê-la, usá-la e garantir que ela impulsione a sociedade de forma equitativa.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG
Compreenda como a parceria entre Livelo e Specialisterne está transformando o ambiente corporativo pela inovação e inclusão

Marcelo Vitoriano

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O anúncio do Majorana 1, chip da Microsoft que promete resolver um dos maiores desafios do setor – a estabilidade dos qubits –, pode marcar o início de uma nova era. Se bem-sucedido, esse avanço pode destravar aplicações transformadoras em segurança digital, descoberta de medicamentos e otimização industrial. Mas será que estamos realmente próximos da disrupção ou a computação quântica seguirá sendo uma promessa distante?

Leandro Mattos

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura