Estratégia e Execução

O preço e a psicologia

Recém-divulgado, um estudo de dez anos feito com fabricantes de sorvete nos Estados Unidos sugere que é preferível diminuir embalagens a aumentar preços; especialista questiona a eficácia da estratégia no Brasil

Compartilhar:

O recém-divulgado estudo Consumer Response to Package Downsizing: Evidence from the Chicago Ice Cream Market, realizado por dez anos com fabricantes de sorvete de Chicago, fez a seguinte descoberta: os consumidores reagem menos à redução de embalagens do que ao aumento de preços (em especial, os de maior renda). E, de fato, cada vez mais fabricantes norte-americanos estão adotando essa estratégia como solução para manter seus lucros diante do aumento de custos de produção. 

Segundo os autores do estudo –Metin Çakir, da University of Saskatchewan, do Canadá, e Joseph V. Balagtas, da Purdu e University, dos EUA–, os consumidores reagem quatro vezes mais negativamente ao aumento de preços do que à redução do sorvete ofertado. A redução do tamanho da oferta incomoda mais as famílias maiores e de menor renda e/ou nível de emprego. Será que a mesma barreira psicológica prevalece no Brasil? Há empresas adotando localmente a estratégia da embalagem menor, como a Unilever (potes de sorvete Kibon foram reduzidos de 2 litros para 1,5 litro) e a PepsiCo (a embalagem da aveia Quaker diminuiu de 250 gramas para 200 gramas), mas sob o protesto de alguns consumidores, embora as empresas tenham comunicado a redução durante três meses, como determina a lei. 

Segundo o especialista em precificação Frederico Zornig, da firma de consultoria Quantiz, a inflação menos controlada –que é o caso da nossa, comparada com a dos Estados Unidos, embora ela esteja baixa em níveis históricos– reduz a importância da barreira psicológica do consumidor ao aumento de preços. “Nosso consumidor naturalmente espera por reajuste de tempos em tempos”, afirma. 

A trava psicológica mais significativa aqui é, segundo Zornig, a do “que cabe no bolso”, ligada à classe média emergente. “Consumidores das classes D e C costumam estipular um valor para certo produto ou serviço, como R$ 2 para um pacote de biscoitos, e, se o produto ultrapassa esse patamar, a empresa perde volume de vendas.” Na opinião de Zornig, há alternativas de precificação psicologicamente aceitáveis para em presas brasileiras que queiram manter a margem diante do aumento de custos, além de manter o produto e diminuir a quantidade. 

É possível, por exemplo, reduzir a qualidade do produto (com ingredientes inferiores ou usados em quantidades menores) ou ainda repassar o custo ao preço, usando o conhecido gatilho do 9 (o preço terminado em 9, como em R$ 10,99, é percebido como promocional). Na visão do especialista da Quantiz, a redução da embalagem para manter o preço e a margem deve ser analisada com bastante cuidado. “É estratégia fácil de ser imitada, e embalagens pequenas tendem a diminuir o consumo total”, explica. 

> **Saiba +**
>
> Textos e vídeos sobre o tema 
>
> [1 http://migre.me/jSr9p](http://migre.me/jSr9p)
>
> [2 http://migre.me/jSrfg](http://migre.me/jSrfg)
>
> [3 http://migre.me/jSrh6](http://migre.me/jSrh6)
>
> [4 http://migre.me/jSsni](http://migre.me/jSsni)
>
> [5 http://migre.me/jSssR](http://migre.me/jSssR) 
>
> [hsmexperience.com.br](http://hsmexperience.com.br)

Compartilhar:

Artigos relacionados

Bem-estar & saúde
4 de novembro de 2025

Tatiana Pimenta - Fundadora e CEO da Vittude

3 minutos min de leitura
Liderança
3 de novembro de 2025
Em um mundo cada vez mais automatizado, liderar com empatia, propósito e presença é o diferencial que transforma equipes, fortalece culturas e impulsiona resultados sustentáveis.

Carlos Alberto Matrone - Consultor de Projetos e Autor

7 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
1º de novembro de 2025
Aqueles que ignoram os “Agentes de IA” podem descobrir em breve que não foram passivos demais, só despreparados demais.

Atila Persici Filho - COO da Bolder

8 minutos min de leitura
Tecnologia & inteligencia artificial
31 de outubro de 2025
Entenda como ataques silenciosos, como o ‘data poisoning’, podem comprometer sistemas de IA com apenas alguns dados contaminados - e por que a governança tecnológica precisa estar no centro das decisões de negócios.

Rodrigo Pereira - CEO da A3Data

6 minutos min de leitura
Inovação & estratégia, Gestão de pessoas & arquitetura de trabalho
30 de ouutubro de 2025
Abandonando o papel de “caçador de bugs” e se tornando um “arquiteto de testes”: o teste como uma função estratégica que molda o futuro do software

Eric Araújo - QA Engineer do CESAR

7 minutos min de leitura
Liderança
29 de outubro de 2025
O futuro da liderança não está no controle, mas na coragem de se autoconhecer - porque liderar os outros começa por liderar a si mesmo.

José Ricardo Claro Miranda - Diretor de Operações da Paschoalotto

2 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
28 de outubro 2025
A verdadeira virada digital não começa com tecnologia, mas com a coragem de abandonar velhos modelos mentais e repensar o papel das empresas como orquestradoras de ecossistemas.

Lilian Cruz - Fundadora da Zero Gravity Thinking

4 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
27 de outubro de 2025
Programas corporativos de idiomas oferecem alto valor percebido com baixo custo real - uma estratégia inteligente que impulsiona engajamento, reduz turnover e acelera resultados.

Diogo Aguilar - Fundador e Diretor Executivo da Fluencypass

4 minutos min de leitura
Cultura organizacional, Inovação & estratégia
25 de outubro de 2025
Em empresas de capital intensivo, inovar exige mais do que orçamento - exige uma cultura que valorize a ambidestria e desafie o culto ao curto prazo.

Atila Persici Filho e Tabatha Fonseca

17 minutos min de leitura
Inovação & estratégia
24 de outubro de 2025
Grandes ideias não falham por falta de potencial - falham por falta de método. Inovar é transformar o acaso em oportunidade com observação, ação e escala.

Priscila Alcântara e Diego Souza

6 minutos min de leitura

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)

Baixe agora mesmo a nossa nova edição!

Dossiê #169

TECNOLOGIAS MADE IN BRASIL

Não perdemos todos os bondes; saiba onde, como e por que temos grandes oportunidades de sucesso (se soubermos gerenciar)