Estratégia e Execução

O que a falência da Dean Foods ensina sobre o mercado

Fast Company relaciona queda do Consumo de leite com novas opções de produtos e questões de saúde

Compartilhar:

O anúncio, em novembro, da falência da Dean Foods, maior produtora de leite dos Estados Unidos, mexeu com o mundo dos negócios. Fundada há 94 anos, a empresa tem cerca de 60 unidades de produção em 29 estados norte-americanos, rede construída ao longo de décadas com a aquisição de produtores regionais.

Para além do choque inicial, porém, esse tipo de notícia costuma levar a uma parada para reflexão, sobre os rumos do mercado. A queda persistente do consumo de leite – estimada em 39% nos últimos 40 anos – foi apontada com razão imediata para os resultados ruins da empresa. Somente no primeiro semestre, as vendas da Dean Foods caíram 7% e os lucros encolheram 14%. 

“Há 30 anos, no fim da década de 1980, o leite estava presente em 15% das refeições em um lar dos Estados Unidos. Atualmente, esse percentual é de 9%”, destaca Darren Seifer, especialista no setor de alimentos e bebidas da consultoria de análise de mercado NPD. “É uma redução significativa na frequência de consumo de leite, sem mencionar os derivados”, afirmou à reportagem da revista Fast Company.

Nas décadas recentes, o leite vem sofrendo uma série de questionamentos, principalmente em relação aos benefícios para a saúde e para quem precisa manter o peso. Ao mesmo tempo, as opções de bebidas cresceram de forma impressionante, incluindo sucos, vários tipos de chás e outras variedades de leite, como os de soja e de amêndoas.  

A geração do milênio está à frente do movimento de contestação do leite, como já havia feito com o atum enlatado, a maionese, a cerveja, o queijo cheddar e até o melhor amigo do leite, o cereal matinal. Esses consumidores estão mais preocupados com o que ingerem do que aqueles que vieram antes deles, e sabem que contam com boas opções.

Phil Lempert, fundador do portal especializado Supermarket Guru, comentou, também na reportagem da Fast Company, outro fator que foi determinante para a falência da gigante norte-americana de leites e derivados: o fim do contrato com o supermercado Walmart, depois que a empresa varejista criou seu próprio negócio de laticínios. 

“Quando se perde um volume de vendas dessa relevância, isso afeta duramente a empresa e são necessários alguns anos para se recuperar”, afirma, acrescentando que a queda no consumo de leite e derivados nos Estados Unidos também não colaborou para que a Dean Foods encontrasse alternativas que compensassem a saída do Walmart. “Nesse aspecto, a ‘culpa’ vai para o fato de as pessoas estarem mais preocupadas com a saúde.”

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura
ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura
Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura