Tenho refletido sobre o que essa pandemia está tentando nos ensinar e o que ainda não aprendemos.
Há pouco mais de um ano tivemos nossas vidas transformadas, sem nos darmos conta de que o trabalho, a educação, os hábitos e o próprio convívio social mudariam drasticamente, sem previsão de retorno. Passamos a conviver com máscaras, distanciamento social, homeschooling, trabalho remoto, fim das viagens de lazer, restaurantes vazios, e também com ansiedade e medo.
Por que estamos vivendo isso? Existe um propósito maior?
A humanidade já atravessou pandemias que desestruturaram a vida das pessoas em suas épocas: varíola, cólera, peste negra, gripe espanhola, gripe suína etc. Será que mudamos com elas? A humanidade amadureceu? Tornou-se mais humana?
A impressão que eu tenho é que estamos deixando passar batido o propósito disso tudo. Ainda não nos demos conta do que nos foi tirado, do que perdemos e por que perdemos.
O mundo pré-pandemia já estava doente e desprovido do maior sentido da vida, que é o amor. Quando a pandemia chegou, vimos com perplexidade, e vemos até hoje, autoridades buscando culpados ou usando a situação para seus próprios interesses.
Poderia o sofrimento nos guiar para reencontrarmos esse sentido maior?
Será que o fato de a pandemia atentar contra a vida pode mudar nossa percepção do que significa viver?
Eu creio que sim. Lembro-me de cenas que me chamaram a atenção durante o terremoto de Kobe, no Japão, em 1995, onde as poucas casas que tinham água potável abriam as portas para compartilhar sua água com todos os que precisavam. Eu vi o amor e a solidariedade emergirem da destruição e vi o terremoto deixar seu legado de amor.
O momento nos desafia, a cada dia, a descobrir um novo sentido para a vida e a reordenar nossos valores pessoais e coletivos.
O que ainda precisamos para mudar? Aparentemente a pandemia ainda não foi suficiente para impulsionar a verdadeira mudança dentro de nós.
Seria ótimo aprendermos antes da chegada de um desafio ainda maior.