A gestão de carreira sempre é um desafio. Para auxiliar estes que estão pensando sobre isso neste momento, trouxe três reflexões importantes que tive com [Margareth Cardoso](https://www.linkedin.com/in/margarethcardoso/?utm_source=share&utm_campaign=share_via&utm_content=profile&utm_medium=ios_app), que trabalhou comigo na British Petroleum e hoje também é mentora na [Top2You](https://top2you.net/).
Espero que aproveitem!
# Intencionalidade
Margareth seguiu um plano de carreira minucioso. Aos 16 anos, ela decidiu estudar psicologia para trabalhar em empresas, enquanto todos os demais colegas de curso optaram por clinicar. Desde cedo, ela tinha clareza sobre seus objetivos profissionais: ganhar dinheiro, impactar muitas pessoas e viajar pelo mundo. Com esses critérios em mente, procurou emprego em multinacionais com grande presença no Brasil e um departamento de RH estruturado.
Viu como fica mais fácil buscar oportunidades quando sabemos o que queremos?
É claro que seus interesses mudaram ao longo da vida. O que não mudou foi a disciplina com que se preparou para cada movimentação. Nunca mudou de emprego por insatisfação, rebeldia, novos ares ou por uma remuneração maior. Cada novo desafio a colocava mais próxima do objetivo de ser a líder de RH de uma boa empresa. E, muitas vezes, novos desafios surgem dentro da mesma empresa. Basta mudar de função, atender novos clientes internos ou assumir atribuições de nossos chefes.
Antes de cada passo, Margareth estudava muito o que ainda não conhecia. E como adultos aprendem fazendo, buscava projetos onde pudesse aplicar as competências que desejava dominar. Um componente essencial para o crescimento na carreira é ter acesso a mentores.
Pessoas mais experientes e generosas podem nos ajudar imensamente no desenvolvimento profissional. Aprender com os erros dos outros é mais rápido e barato. Expanda a sua rede de relacionamentos e conheça pessoas com quem você possa compartilhar seus objetivos de carreira e aprendizado.
Seu líder direto é um excelente recurso, pois trabalha na mesma empresa, possui uma rede de contatos relevante, talvez tenha trilhado o caminho que você deseja seguir e conhece a cultura corporativa e os processos de tomada de decisão. Ele pode oferecer bons conselhos e abrir portas para que você conheça outros executivos.
Fiquei curioso quando Margareth comentou que o RH é pouco procurado para mentoria. Te incentivo a ter um mentor no departamento de RH, pois são eles que definem e conduzem os processos de desenvolvimento, avaliação de desempenho e planejamento sucessório. Além disso, conhecem as trilhas de carreira, as competências necessárias para se destacar e as vagas disponíveis!
Mesmo depois de haver deixado a carreira corporativa sem objetivo de voltar (passo também detalhadamente planejado), Margareth continua revisando e reescrevendo seu CV todos os anos. Esse é o seu exercício de autoconhecimento, refletindo sobre o que já realizou, o caminho que ainda quer percorrer e as experiências de aprendizado que precisa para chegar lá.
Com leveza e flexibilidade vai ajustando tanto a rota quanto a bússola. Planejamento flexível é igual à adaptabilidade – porque, como disse o poeta Lulu Santos, tudo muda o tempo todo.
# Oportunismo
Muitos mentorados me perguntam se eu sempre desejei ser diretor de empresa. Apesar de ter alcançado essa posição muito cedo, nunca foi a minha ambição. Mudei de emprego com mais frequência do que é esperado de profissionais da minha geração. Minhas motivações sempre foram aprendizado e impacto. Eu queria ter autonomia para tomar “grandes” decisões.
Preparar-me para desafios maiores foi um esforço permanente através de estudo formal, participação em projetos multidisciplinares e também atividades fora do escritório que contribuíssem para o meu crescimento. Minhas movimentações de carreira não foram tão planejadas. Condição sine qua non para uma promoção é realizar um ótimo trabalho na posição atual, o que também me qualificou para incorporar novas atribuições ao meu job description.
Um ciclo que se repetiu nas empresas por onde passei: arrumar a casa, construir valor diferenciado, ser benchmark para as operações em outros países e, finalmente, liderar projetos globais. Com resultados consolidados e uma ótima história para contar, ativava meus mentores e network e ligava as antenas.
As mudanças sempre foram para empresas maiores e posições com desafios mais complexos. Motivação é pessoal, cada um tem a sua. E aí você me pergunta: por que não continuar na mesma empresa? Aqui entra o autoconhecimento. Descobri que sou bom de mudança. Gosto das tormentas.
O status quo me entedia e meu desempenho cai. Não sei navegar em velocidade de cruzeiro. Tem gente muito melhor do que eu nisso. A lição é: procure situações onde o seu talento vai brilhar.
O que eu acabo de contar se resume nesta fórmula, que aprendi com [Michelle Onuki](https://www.linkedin.com/in/michelleonuki/): desempenho = (ser + saber)^estar. Vimos dois estilos diferentes de pensar carreira. Existe um terceiro.
# “Deixa a vida me levar”
Pela minha vivência em RH afirmo que é desta maneira que a maioria dos profissionais (não) administra a sua própria carreira. E como Alice aprendeu com seu mentor, para quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve.
No mundo do trabalho, a filosofia “deixa a vida me levar” é útil apenas para seu o autor, que recebe direitos autorais.
Espero que estas reflexões ajudem você a pensar sobre sua própria carreira. Se você é mais como a Margareth ou mais como eu, ou talvez até prefira o estilo #zecapagodinho, o importante é encontrar o caminho que melhor se alinha com seus objetivos e valores.
Boa sorte na sua jornada!