Gestão de Pessoas

O que funciona: o planejamento minucioso, abraçar as oportunidades ou adotar o #zecapagodinho style?

A gestão de carreira sempre é um desafio. Para auxiliar estes que estão pensando sobre isso neste momento, trouxe três reflexões importantes que tive com Margareth Cardoso, que trabalhou na British Petroleum e hoje na Top2You. Espero que aproveitem!
Marcelo Nóbrega é especialista em Inovação e Tecnologia em Gestão de Pessoas. Após 30 anos no mundo corporativo, hoje atua como investidor-anjo, conselheiro e mentor de HR TechsÉ professor do Mestrado Profissional da FGV-SP e ministra cursos de pós-graduação nesta e em outras instituições sobre liderança, planejamento estratégico de RH, People Analytics e AI em Gestão de Pessoas. Foi eleito o profissional de RH mais influente da América Latina e Top Voice do LinkedIn em 2018. É autor do livro “Você está Contratado!” e host do webcast do mesmo nome. É Mestre em Ciência da Computação pela Columbia University e PhD pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Compartilhar:

A gestão de carreira sempre é um desafio. Para auxiliar estes que estão pensando sobre isso neste momento, trouxe três reflexões importantes que tive com [Margareth Cardoso](https://www.linkedin.com/in/margarethcardoso/?utm_source=share&utm_campaign=share_via&utm_content=profile&utm_medium=ios_app), que trabalhou comigo na British Petroleum e hoje também é mentora na [Top2You](https://top2you.net/).

Espero que aproveitem!

# Intencionalidade
Margareth seguiu um plano de carreira minucioso. Aos 16 anos, ela decidiu estudar psicologia para trabalhar em empresas, enquanto todos os demais colegas de curso optaram por clinicar. Desde cedo, ela tinha clareza sobre seus objetivos profissionais: ganhar dinheiro, impactar muitas pessoas e viajar pelo mundo. Com esses critérios em mente, procurou emprego em multinacionais com grande presença no Brasil e um departamento de RH estruturado.

Viu como fica mais fácil buscar oportunidades quando sabemos o que queremos?

É claro que seus interesses mudaram ao longo da vida. O que não mudou foi a disciplina com que se preparou para cada movimentação. Nunca mudou de emprego por insatisfação, rebeldia, novos ares ou por uma remuneração maior. Cada novo desafio a colocava mais próxima do objetivo de ser a líder de RH de uma boa empresa. E, muitas vezes, novos desafios surgem dentro da mesma empresa. Basta mudar de função, atender novos clientes internos ou assumir atribuições de nossos chefes.

Antes de cada passo, Margareth estudava muito o que ainda não conhecia. E como adultos aprendem fazendo, buscava projetos onde pudesse aplicar as competências que desejava dominar. Um componente essencial para o crescimento na carreira é ter acesso a mentores.

Pessoas mais experientes e generosas podem nos ajudar imensamente no desenvolvimento profissional. Aprender com os erros dos outros é mais rápido e barato. Expanda a sua rede de relacionamentos e conheça pessoas com quem você possa compartilhar seus objetivos de carreira e aprendizado.

Seu líder direto é um excelente recurso, pois trabalha na mesma empresa, possui uma rede de contatos relevante, talvez tenha trilhado o caminho que você deseja seguir e conhece a cultura corporativa e os processos de tomada de decisão. Ele pode oferecer bons conselhos e abrir portas para que você conheça outros executivos.

Fiquei curioso quando Margareth comentou que o RH é pouco procurado para mentoria. Te incentivo a ter um mentor no departamento de RH, pois são eles que definem e conduzem os processos de desenvolvimento, avaliação de desempenho e planejamento sucessório. Além disso, conhecem as trilhas de carreira, as competências necessárias para se destacar e as vagas disponíveis!

Mesmo depois de haver deixado a carreira corporativa sem objetivo de voltar (passo também detalhadamente planejado), Margareth continua revisando e reescrevendo seu CV todos os anos. Esse é o seu exercício de autoconhecimento, refletindo sobre o que já realizou, o caminho que ainda quer percorrer e as experiências de aprendizado que precisa para chegar lá.

Com leveza e flexibilidade vai ajustando tanto a rota quanto a bússola. Planejamento flexível é igual à adaptabilidade – porque, como disse o poeta Lulu Santos, tudo muda o tempo todo.

# Oportunismo
Muitos mentorados me perguntam se eu sempre desejei ser diretor de empresa. Apesar de ter alcançado essa posição muito cedo, nunca foi a minha ambição. Mudei de emprego com mais frequência do que é esperado de profissionais da minha geração. Minhas motivações sempre foram aprendizado e impacto. Eu queria ter autonomia para tomar “grandes” decisões.

Preparar-me para desafios maiores foi um esforço permanente através de estudo formal, participação em projetos multidisciplinares e também atividades fora do escritório que contribuíssem para o meu crescimento. Minhas movimentações de carreira não foram tão planejadas. Condição sine qua non para uma promoção é realizar um ótimo trabalho na posição atual, o que também me qualificou para incorporar novas atribuições ao meu job description.

Um ciclo que se repetiu nas empresas por onde passei: arrumar a casa, construir valor diferenciado, ser benchmark para as operações em outros países e, finalmente, liderar projetos globais. Com resultados consolidados e uma ótima história para contar, ativava meus mentores e network e ligava as antenas.

As mudanças sempre foram para empresas maiores e posições com desafios mais complexos. Motivação é pessoal, cada um tem a sua. E aí você me pergunta: por que não continuar na mesma empresa? Aqui entra o autoconhecimento. Descobri que sou bom de mudança. Gosto das tormentas.

O status quo me entedia e meu desempenho cai. Não sei navegar em velocidade de cruzeiro. Tem gente muito melhor do que eu nisso. A lição é: procure situações onde o seu talento vai brilhar.

O que eu acabo de contar se resume nesta fórmula, que aprendi com [Michelle Onuki](https://www.linkedin.com/in/michelleonuki/): desempenho = (ser + saber)^estar. Vimos dois estilos diferentes de pensar carreira. Existe um terceiro.

# “Deixa a vida me levar”
Pela minha vivência em RH afirmo que é desta maneira que a maioria dos profissionais (não) administra a sua própria carreira. E como Alice aprendeu com seu mentor, para quem não sabe onde quer chegar, qualquer caminho serve.

No mundo do trabalho, a filosofia “deixa a vida me levar” é útil apenas para seu o autor, que recebe direitos autorais.

Espero que estas reflexões ajudem você a pensar sobre sua própria carreira. Se você é mais como a Margareth ou mais como eu, ou talvez até prefira o estilo #zecapagodinho, o importante é encontrar o caminho que melhor se alinha com seus objetivos e valores.

Boa sorte na sua jornada!

Compartilhar:

Marcelo Nóbrega é especialista em Inovação e Tecnologia em Gestão de Pessoas. Após 30 anos no mundo corporativo, hoje atua como investidor-anjo, conselheiro e mentor de HR TechsÉ professor do Mestrado Profissional da FGV-SP e ministra cursos de pós-graduação nesta e em outras instituições sobre liderança, planejamento estratégico de RH, People Analytics e AI em Gestão de Pessoas. Foi eleito o profissional de RH mais influente da América Latina e Top Voice do LinkedIn em 2018. É autor do livro “Você está Contratado!” e host do webcast do mesmo nome. É Mestre em Ciência da Computação pela Columbia University e PhD pela Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Artigos relacionados

Inovação

Living Intelligence: A nova espécie de colaborador

Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Liderar GenZ’s: As relações de trabalho estão mudando…

Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

ESG
No lugar de fechar as portas para os jovens, cerque-os de mentores e, por que não, ofereça um exemplar do clássico americano para cada um – eles sentirão que não fazem apenas parte de um grupo estereotipado, mas que são apenas jovens

Daniela Diniz

05 min de leitura
Empreendedorismo
O Brasil já tem 408 startups de impacto – 79% focadas em soluções ambientais. Mas o verdadeiro potencial está na combinação entre propósito e tecnologia: ferramentas digitais não só ampliam o alcance dessas iniciativas, como criam um ecossistema de inovação sustentável e escalável

Bruno Padredi

7 min de leitura
Finanças
Enquanto mulheres recebem migalhas do venture capital, fundos como Moon Capital e redes como Sororitê mostram o caminho: investir em empreendedoras não é ‘caridade’ — é fechar a torneira do vazamento de talentos e ideias que movem a economia

Ana Fontes

5 min de leitura
Empreendedorismo
Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Ivan Cruz

7 min de leitura
ESG
Resgatar nossas bases pode ser a resposta para enfrentar esta epidemia

Lilian Cruz

5 min de leitura
Liderança
Como a promessa de autonomia virou um sistema de controle digital – e o que podemos fazer para resgatar a confiança no ambiente híbrido.

Átila Persici

0 min de leitura
Liderança
Rússia vs. Ucrânia, empresas globais fracassando, conflitos pessoais: o que têm em comum? Narrativas não questionadas. A chave para paz e negócios está em ressignificar as histórias que guiam nações, organizações e pessoas

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Empreendedorismo
Macro ou micro reducionismo? O verdadeiro desafio das organizações está em equilibrar análise sistêmica e ação concreta – nem tudo se explica só pela cultura da empresa ou por comportamentos individuais

Manoel Pimentel

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Aprender algo novo, como tocar bateria, revela insights poderosos sobre feedback, confiança e a importância de se manter na zona de aprendizagem

Isabela Corrêa

0 min de leitura
Inovação
O SXSW 2025 transformou Austin em um laboratório de mobilidade, unindo debates, testes e experiências práticas com veículos autônomos, eVTOLs e micromobilidade, mostrando que o futuro do transporte é imersivo, elétrico e cada vez mais integrado à tecnologia.

Renate Fuchs

4 min de leitura