Com os acontecimentos que transformaram o mundo nos últimos anos – da pandemia aos seus efeitos na cadeia de suprimentos, às oscilações na economia global e às mudanças no mercado e nos modelos de trabalho –, empresas de todos os tamanhos e setores estão se vendo diante da necessidade de se reinventar a fim de sobreviver mantendo-se competitivas.
A onda de demissões em massa em bigtechs como Meta, Twitter e Amazon, assim como em várias startups brasileiras, é prova de como a complexidade e a instabilidade do momento não poupam sequer as gigantes: depois de anos de otimismo, investimentos altos e crescimento sólido, as organizações estão dando um passo atrás, voltando a focar em lucro e resultados como prioridades e tomando ações por vezes radicais para permanecerem de pé.
Nesse cenário, alguns aspectos do mundo do trabalho estão – ou deveriam estar – mais do que nunca no radar de empresários e empreendedores pelo papel relevante que têm na gestão de pessoas, projetos e, portanto, no ganho de eficiência das organizações. Quero destacar três deles.
## 1 – Foco no bem-estar das pessoas
Questões de saúde mental no ambiente corporativo ganharam importância nos últimos anos porque acertam em cheio a produtividade das empresas.
Diferentemente das doenças físicas, que permitem que o colaborador volte ao trabalho normalmente após alguns dias ou semanas em recuperação, as mentais não têm a mesma previsibilidade – o retorno pós-depressão ou burnout, por exemplo, pode levar mais de um ano e ainda assim comprometer o ritmo e o desempenho individual.
E não é só o afastamento do empregado que preocupa. Como quadros de transtornos mentais incluem sintomas como medo, agressividade e exaustão, podem gerar problemas de relacionamento e de clima. Com o aumento nos índices de adoecimento emocional de profissionais de todas as áreas, as lideranças precisam estar aptas a acolher e cuidar dos funcionários com ações perenes e sem perder de vista a eficiência do negócio.
## 2 – Home office inteligente
Trabalho remoto não é uma novidade que surgiu com a pandemia e é fato que, para diversos setores e funções, não há mesmo necessidade de estar fisicamente na empresa para produzir bons resultados. Em tecnologia, a cultura do trabalho à distância há muito tempo é forte entre desenvolvedores, por exemplo, enquanto posições administrativas e de interação com o cliente podem encontrar mais dificuldade para se adaptar.
Para os gestores, considerar as individualidades dentro das equipes é chave para garantir o engajamento e a produtividade, assim como é fundamental investir em práticas e ferramentas capazes de reforçar a conexão e manter ativa a interação dos empregados, não somente pelo bem-estar de todos, mas como estímulo à colaboração, criatividade e inovação.
O vácuo de comunicação que pode se criar entre os times remotos impacta negativamente o andamento de projetos e os resultados do negócio. O formato à distância é vantajoso de muitos modos, mas pede uma mudança de mentalidade, que passa a ser baseada na confiança, na autonomia e na capacidade de autogestão.
A educação para essas competências é o segredo para a criação de times de alta performance, em que cada um se responsabiliza pelas próprias entregas ao mesmo tempo em que tem a visão do conjunto e todos compartilham de um propósito comum.
## 3 – Uso de metodologias ágeis
As práticas de desenvolvimento ágil têm por objetivo acelerar a produção e a entrega de projetos, descomplicar processos e elevar a qualidade do trabalho na medida em que permitem corrigir falhas e realinhar ideias ao longo das etapas de execução, em vez de esperar a conclusão para descobrir que alguma parte não funciona ou poderia ficar melhor.
Os métodos ágeis surgiram em meados dos anos 2000, a partir da demanda da área de tecnologia por agilidade na produção de softwares, mas acabaram sendo adotados por empresas de todos os segmentos e aplicados no desenvolvimento de produtos e serviços, em tarefas operacionais do dia a dia e em grandes projetos envolvendo times de diferentes áreas.
Além de inovadora, a proposta favorece a autonomia, a colaboração e o engajamento dos profissionais, o que aumenta a motivação e a eficiência da equipe, garante transparência e fluidez nos processos e fortalece a relação entre empresa e cliente, que tem a oportunidade de se envolver em todas as fases do processo.
Manter a alta produtividade está diretamente ligado a fazer mais e com qualidade, aproveitando ao máximo o tempo e os recursos disponíveis, reduzindo custos e otimizando processos.