Editorial

Os futuros chamam

CEO da HSM e coCEO da SingularityU Brazil. Pós-graduado em finanças, possui MBA com extensão na China, na França e na Inglaterra. Tem mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro. É casado com a Marcia e coleciona discos de vinil.
CEO da HSM e coCEO da SingularityU Brazil. Pós-graduado em finanças, possui MBA com extensão na China, na França e na Inglaterra. Tem mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro. É casado com a Marcia e coleciona discos de vinil.

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“A crise climática fará a Terra parecer Vênus: com uma temperatura de 250ºC e chuva de ácido sulfúrico. A espécie humana precisará encontrar um novo planeta para ser seu lar e tem deadline para fazer isso – uns 600 anos.” Esse não é bem o início mais simpático para o primeiro editorial de 2021, mas é um início provocativo, no melhor dos sentidos da palavra, e, portanto, sob medida para uma edição que é (quase) inteiramente dedicada ao futurismo. Trata-se de uma das previsões que o respeitadíssimo físico Stephen Hawking fez, em seu papel de futurista.

É que, com essa previsão, consigo explicar muito rapidamente alguns aspectos do futurismo e alguns diferenciais desta edição.

Meu primeiro comentário tem a ver com o que é a essência do futurismo.
O futuro é como o tesouro em uma brincadeira de caça ao tesouro; temos pequenas pistas aqui e ali para chegar até ele. Quem achar primeiro às pistas leva vantagem. Isso já se sabe, mais ou menos. Mas, na verdade, é como se participássemos de várias caças ao tesouro simultâneas, porque coexistem vários futuros possíveis. O que nos exige fazer escolhas. Esse futuro de Hawking é, claramente, um futuro possível, mas há outros. O artigo da página 8 nos apresenta muito bem esse conceito de vários futuros.

O segundo ponto a ressaltar remete ao fato de precisarmos, cada vez mais, ser alfabetizados em futuros. Ou aprendemos a enxergar as pistas, fazer as melhores escolhas e implantá-las, ou ficaremos reféns de “tesouros” futuros tenebrosos. A entrevista da seção Contagem Regressiva convida todos a se alfabetizarem e, assim, a criarem futuros desejáveis, não distópicos. (A distopia é sempre uma tentação.) Devo dizer que, nos programas executivos SingularityUBrazil, trabalhamos muito a alfabetização em futuros – e a universidade-mãe, lembremos, foi cofundada por um futurista, Ray Kurzweil – que, aliás, é relembrado no #tbt desta edição.

Para dar uma ideia de como é enxergar e materializar futuros desejáveis, trago o exemplo dado pelo futurista Wolfgang Fengler, que é economista do Banco Mundial. Seu desejo é um futuro em que eliminemos totalmente as doenças contagiosas. Ele entendeu que muito mais vírus estão à espreita e que, ao mesmo tempo, a sociedade tem baixíssima tolerância ao que é preciso fazer nesses casos. (Fengler é um dos autores de After Shock, lançado em 2020 para celebrar os 50 anos do livro seminal do futurismo, O choque do futuro, de Alvin e Heidi Toffler.)

Meu terceiro comentário diz respeito à ideia da “Terra que vira Vênus”, ou melhor, à relação entre futuro e storytelling. Narrativas são como o futurismo mobiliza as pessoas a construir os futuros escolhidos, como você verá num dos artigos. Hawking sabia bem disso – tanto que sua previsão lembra a saga do mar que vai virar sertão. Os líderes também devem saber.

O quarto (e último) ponto a destacar é o papel da diversidade no futurismo. Hawking tinha limitações físicas, como se sabe, e estas provavelmente lhe conferiam um olhar mais aguçado sobre a fragilidade da espécie humana, um olhar diferente daquele dos demais futuristas. Entendendo isso, levantamos, entre as páginas 57 e 63, as perspectivas de futuro de grupos minorizados, como mulheres, negros e pessoas com deficiência.

Haveria bem mais a dizer sobre as páginas a seguir – sobre as carreiras de futuro, sobre o Dossiê de cenários etc. Mas encerro dedicando esta edição a Alvin Toffler, que foi palestrante HSM mais de uma vez. Feliz Futuro Novo!

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