Desenvolvimento pessoal

Paixão pelo trabalho: um paradoxo

Pessoas que atingem os níveis mais altos de sucesso geralmente são descritas como apaixonadas por seu trabalho. O artigo de Stéphane Côté, publicado pela __Rotman Magazine__, mostra que as coisas não são tão simples como parecem. Algumas características comportamentais intrínsecas ao indivíduo provaram que são a base do sucesso – e podem ser mais importantes do que a paixão pelo que faz.

Compartilhar:

Pessoas que atingem os níveis mais altos de sucesso geralmente são descritas como apaixonadas por seu trabalho. O artigo de Stéphane Côté, publicado pela Rotman Magazine, mostra que as coisas não são tão simples como parecem. Certas características comportamentais intrínsecas ao indivíduo provaram que são a base do sucesso – mais do que a paixão.

O extraordinário sucesso de pessoas como Steve Jobs e Oprah Winfrey é frequentemente atribuído a seus altos níveis de paixão pelo que fazem. Em geral, o senso comum costuma descrever indivíduos de sucesso como modelos de paixão.
Entretanto, esse sentimento em relação ao trabalho é só metade da história, diz Stéphane Côté, professora de ética, comportamento organizacional e gestão de RH da Rotman School of Management. Ele incorpora os efeitos intrapessoais da paixão, descrevendo como esse aditivo infunde energia e perseverança nos indivíduos, mas omite a admiração interpessoal e o apoio que expressar paixão pode inspirar nos outros.

No estudo “O paradoxo da paixão: como isso ajuda a ter sucesso – e como o tiro pode sair pela culatra”, publicado na Rotman Magazine, a pesquisadora encontrou evidências de que o sucesso de indivíduos apaixonados é determinado por mais de um fator, que passam tanto por caminhos intra quanto interpessoais. Além disso, a pesquisa estende descobertas a contextos potenciais em que expressar paixão pode ser um comportamento comprometedor diante de alguns fatores, além de prejudicar a capacidade de sucesso.

## A pesquisa
Foram realizados seis estudos para investigar os efeitos interpessoais da paixão.

__Estudo 1:__ averiguou se os empreendedores que expressam paixão recebem mais apoio dos investidores.
__Conclusão:__ classificações mais altas de paixão foram associadas a maior probabilidade de o empreendedor receber uma oferta.

__Estudo 2:__ usou métodos experimentais para testar se colegas de trabalho que expressam paixão são mais admirados e, por sua vez, obtêm mais apoio no local de trabalho.
__Conclusão:__ indivíduos que expressam paixão recebem mais apoio. Além disso, este estudo destacou que a admiração é o caminho pelo qual a paixão potencializa o apoio oferecido.

__Estudos 3a e 3b:__ investigaram se expressar paixão compromete a admiração e o apoio quando essa expressão não é considerada adequada. Para obter benefícios interpessoais, os indivíduos devem estar atentos não apenas ao que expressam, mas quando e como administram suas expressões. Assim, quem expressa sua paixão de maneira inadequada, ou em um contexto inadequado, pode não ser capaz de colher mais admiração e apoio.
__Conclusões:__ no Estudo 3a, as expressões de paixão tiveram uma relação significativa e positiva com o suporte oferecido quando a adequação era alta, mas não houve uma relação significativa entre as expressões de paixão e o apoio oferecido quando a adequação era baixa. Por sua vez, o Estudo 3b forneceu evidências de que os benefícios interpessoais da paixão pelo trabalho não são alcançados quando essa expressão não é considerada apropriada.

__O Estudo 4:__ explorou se os indivíduos que expressam paixão não são mais admirados e não recebem mais apoio quando os observadores não concordam com a causa de sua paixão.
__Conclusão:__ discordar da causa da paixão pode impedir o desenvolvimento de sentimentos de admiração que expressar paixão normalmente provoca.

Finalmente, __o Estudo 5__ explorou até que ponto os indivíduos que expressam paixão recebem menos apoio dos concorrentes. Os pesquisadores testaram se o fato de ser percebido como apaixonado pode ser um tiro a sair pela culatra ao competir com outros e receber ainda menos apoio desses concorrentes.
__Conclusão:__ Em contextos cooperativos, os colegas de trabalho apaixonados recebiam mais apoio do que os neutros. No entanto, quando o contexto era competitivo, os colegas de trabalho apaixonados recebiam menos apoio do que os neutros. Isso sugere que as expressões de paixão se tornaram ameaçadoras quando vieram de um concorrente, e as pessoas reduziram seu apoio a esses concorrentes apaixonados.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Há um fio entre Ada Lovelace e o CESAR

Fora do tempo e do espaço, talvez fosse improvável imaginar qualquer linha que me ligasse a Ada Lovelace. Mais improvável ainda seria incluir, nesse mesmo

Empreendedorismo
Embora talvez estejamos longe de ver essa habilidade presente nos currículos formais, é ela que faz líderes conscientes e empreendedores inquietos
3 min de leitura
Marketing Business Driven
Leia esta crônica e se conscientize do espaço cada vez maior que as big techs ocupam em nossas vidas
3 min de leitura
Empreendedorismo
Falta de governança, nepotismo e desvios: como as empresas familiares repetem os erros da vilã de 'Vale Tudo'

Sergio Simões

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Já notou que estamos tendo estas sensações, mesmo no aumento da produção?

Leandro Mattos

7 min de leitura
Empreendedorismo
Fragilidades de gestão às vezes ficam silenciosas durante crescimentos, mas acabam impedindo um potencial escondido.

Bruno Padredi

5 min de leitura
Empreendedorismo
51,5% da população, só 18% dos negócios. Como as mulheres periféricas estão virando esse jogo?

Ana Fontes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura
ESG
Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Filippe Moura

6 min de leitura