Gestão de Pessoas

Por quê falamos de “ecossistemas” de inovação?

Veja a experiência de um hub de inovação paulistano, focalizado em desenvolvimento de pessoas, o Learning Village
Biólogo, empreendedor com experiência de 10 anos na área da educação e inovação. Especialista em Pedagogia da Cooperação e Metodologias colaborativas. Community Leader, no Learning Village, 1° HUB de inovação com foco em desenvolvimento de pessoas na América Latina. Facilitador de treinamento HSM e SingularityU Brazil . Fundador do Aprenda e Empreenda. Mentor de negócios sociais na Glocal Aceleradora.

Compartilhar:

Por quê falamos de “ecossistemas” de inovação?
A biologia sempre me traz muitos processos e analogias de como podemos criar organizações mais sustentáveis. Espero que aos poucos consiga compartilhar nessa coluna esses conceitos.

De uma forma especial, a ecologia, como Riklefis descreveu em seu livro, por vezes pode ser utilizada como uma analogia ao que a economia e o mercado adotam, principalmente por tentar seguir uma lógica de construção caótico-organizada semelhante. Por esse motivo, usam termos como comunidade e ecossistema, que vem dessa área de estudo.

A forma como os ecossistemas se estruturam na natureza, se torna então semelhante para ecossistema empreendedores. Neste texto, trago recifes de corais para que possamos compreender o quanto isso é importante na construção desta analogia para o nosso entendimento.

Diferentemente do que é acreditado, os corais, são animais que vivem em colônias e são simbióticos com algas marinhas. O coral serve de abrigo para a alga e alga traz alimentos para o coral. Por terem essa parceria, são capazes de sobreviver por si só e permanecem crescendo, construindo grandes estruturas chamadas recifes de coral.

Tal como os hubs de inovação abrigam comunidades, os recifes de corais acabam por ter este mesmo papel na natureza e as características surpreendentemente são semelhantes, começando pelo ponto de que os dois são estruturas físicas, sobre as quais espécies podem prosperar usando os recursos disponíveis, e se tornam recurso para que outras espécies prosperem criando um ciclo de evolução constante, que vai desde a questão física até a parte energética de manter a existência em circulação (seja biológica, seja dos sonhos e dos negócios).

Enquanto os recifes de corais são centros de biodiversidade marinha, os hubs de inovação são catalisadores de criatividade e progresso nas áreas da ciência, tecnologia e negócios. Vamos explorar como esses dois fenômenos aparentemente distintos podem oferecer insights valiosos sobre o poder e a dinâmica da inovação.

Diversidade e Interconexão
Assim como os recifes de corais abrigam uma diversidade impressionante de vida marinha, os hubs de inovação precisam ser construídos tendo a diversidade como característica e objetivo para surjam de ideias, talentos e disciplinas que se somam e complementam.

Nos recifes, essa diversidade é fundamental para a resiliência do ecossistema, permitindo que diferentes espécies se adaptem a mudanças ecológicas e continuem seus processos em conjunto. Da mesma forma, nos hubs de inovação, a diversidade de perspectivas e habilidades, origem de recursos e tecnologias, promove a resolução criativa de problemas e a geração de novos negócios.

Além disso, tanto os recifes de corais quanto os hubs de inovação dependem da interconexão entre seus componentes para prosperar. Nos recifes, organismos diferentes interagem de maneiras complexas, formando relações simbióticas que impulsionam o ecossistema como um todo. Da mesma forma, nos hubs de inovação, a colaboração entre indivíduos, empresas e instituições cria um ambiente propício para a troca de conhecimento e o surgimento de sinergias inesperadas.

Isso não surge espontaneamente e nem acontece em pouco tempo: são relações construídas e validadas através do tempo, em que a experiência entre os seres construirá e sedimentará o valor mútuo entre eles. Nos recifes são comportamentos guiados pelo instinto, seleção natural e DNA. No nosso caso, temos os gestores de comunidade fazendo essa intercessão.

Resiliência e Adaptação
Os recifes de corais enfrentam constantes desafios, desde mudanças climáticas até poluição e destruição causada pelo homem. No entanto, sua capacidade de se adaptar a esses desafios é notável.

Alguns corais, por exemplo, desenvolveram mecanismos de resistência ao branqueamento, enquanto outros se beneficiam de relações simbióticas com algas que lhes proporcionam nutrientes essenciais. Da mesma forma, aqueles que habitam os hubs de inovação precisam se adaptar a um ambiente em constante mudança que é nossa economia, onde novas tecnologias e paradigmas de negócios surgem constantemente. Aqueles que são capazes de se adaptar e evoluir, conectar e co-construir têm maior probabilidade de sobreviver e prosperar.

Inovação Iterativa

Tanto nos recifes de corais quanto nos hubs de inovação, a evolução ocorre por meio de um processo iterativo de tentativa e erro. Nos recifes, novas formas de vida surgem e se desenvolvem ao longo do tempo, enquanto as menos adaptadas desaparecem. Da mesma forma, nos hubs de inovação, novas parcerias, projetos e negócios são gerados, testadas e refinadas continuamente, com os fracassos sendo vistos como oportunidades de aprendizado. A capacidade de iterar rapidamente é fundamental para impulsionar a inovação e o crescimento contínuo.

Os recifes de corais e os hubs de inovação são exemplos poderosos de como a diversidade, a interconexão, a resiliência e a inovação iterativa podem impulsionar o crescimento e a adaptação em ambientes complexos. Ao reconhecer essas semelhanças, podemos aprender lições valiosas sobre como cultivar ecossistemas de inovação que sejam robustos, adaptáveis e capazes de gerar soluções criativas para os desafios do mundo moderno.

Compartilhar:

Biólogo, empreendedor com experiência de 10 anos na área da educação e inovação. Especialista em Pedagogia da Cooperação e Metodologias colaborativas. Community Leader, no Learning Village, 1° HUB de inovação com foco em desenvolvimento de pessoas na América Latina. Facilitador de treinamento HSM e SingularityU Brazil . Fundador do Aprenda e Empreenda. Mentor de negócios sociais na Glocal Aceleradora.

Artigos relacionados

Competitividade da Indústria Brasileira diante do Protecionismo Global

A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Empreendedorismo
A agência dos agentes em sistemas complexos atua como força motriz na transformação organizacional, conectando indivíduos, tecnologias e ambientes em arranjos dinâmicos que moldam as interações sociais e catalisam mudanças de forma inovadora e colaborativa.

Manoel Pimentel

3 min de leitura
Liderança
Ascender ao C-level exige mais que habilidades técnicas: é preciso visão estratégica, resiliência, uma rede de relacionamentos sólida e comunicação eficaz para inspirar equipes e enfrentar os desafios de liderança com sucesso.

Claudia Elisa Soares

6 min de leitura
Diversidade, ESG
Enquanto a diversidade se torna uma vantagem competitiva, o reexame das políticas de DEI pelas corporações reflete tanto desafios econômicos quanto uma busca por práticas mais autênticas e eficazes

Darcio Zarpellon

8 min de leitura
Liderança
E se o verdadeiro poder da sua equipe só aparecer quando o líder estiver fora do jogo?

Lilian Cruz

3 min de leitura
ESG
Cada vez mais palavras de ordem, imperativos e até descontrole tomam contam do dia-dia. Nesse costume, poucos silêncios são entendidos como necessários e são até mal vistos. Mas, se todos falam, no fim, quem é que está escutando?

Renata Schiavone

4 min de leitura
Finanças
O primeiro semestre de 2024 trouxe uma retomada no crédito imobiliário, impulsionando o consumo e apontando um aumento no apetite das empresas por crédito. A educação empreendedora surge como um catalisador para o desenvolvimento de startups, com foco em inovação e apoio de mentorias.

João Boos

6 min de leitura
Cultura organizacional, Empreendedorismo
A ilusão da disponibilidade: como a pressão por respostas imediatas e a sensação de conexão contínua prejudicam a produtividade e o bem-estar nas equipes, além de minar a inovação nas organizações modernas.

Dorly

6 min de leitura
ESG
No texto deste mês do colunista Djalma Scartezini, o COO da Egalite escreve sobre os desafios profundos, tanto à saúde mental quanto à produtividade no trabalho, que a dor crônica proporciona. Destacando que empresas e gestores precisam adotar políticas de inclusão que levem em conta as limitações físicas e os altos custos associados ao tratamento, garantindo uma verdadeira equidade no ambiente corporativo.

Djalma Scartezini

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
A adoção de políticas de compliance que integram diretrizes claras de inclusão e equidade racial é fundamental para garantir práticas empresariais que vão além do discurso, criando um ambiente corporativo verdadeiramente inclusivo, transparente e em conformidade com a legislação vigente.

Beatriz da Silveira

4 min de leitura