Empreendedorismo
7 min de leitura

Por que o Chief of Staff é essencial para empresas no Brasil e no mundo

Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança
Diretora Regional da CSA (The Chief of Staff Association) no Brasil.

Compartilhar:

O ambiente corporativo mudou profundamente desde 2020, após a pandemia de Covid-19, período em que muitas empresas lutavam para enfrentar os desafios impostos pelo lockdown. Naquele cenário de crise, um cargo até então pouco difundido passou a ocupar um papel de protagonismo na estratégia das organizações, tornando-se peça-chave na governança corporativa: o Chief of Staff. 

Hoje, cinco anos depois, os números não deixam dúvidas: essa função estratégica cresceu 60% globalmente e já é realidade em 78% das empresas do S&P 500, segundo o Harvard Business Review. No Brasil, a demanda pelo Chief of Staff, ou CoS, cresceu 40% desde 2020 (Catho), impulsionada por setores como fintechs, energia e agronegócio.

Mas o que explica essa expansão tão expressiva em um curto espaço de tempo? E por que o Brasil, ainda em estágio inicial nessa “aposta” no Chief of Staff, em comparação com países como os Estados Unidos, Canadá, França e Reino Unido, deve prestar atenção a essa tendência? A valorização do CoS dentro das empresas não é uma “onda” passageira. Trata-se de um fenômeno mundial em resposta à complexidade do mundo corporativo, que não dá sinais de que irá retroceder.  Dados da McKinsey indicam que 72% das empresas com receita acima de US$ 1 bi já adotaram o cargo. Nos EUA, corporações como Google e Microsoft já aderiram à tendência, assim como na Europa, 45% das companhias do FTSE 100.

E qual o principal motivo de o Chief of Staff ser a “bola da vez” nas empresas do mundo todo? As razões são várias, mas se fosse apontar apenas uma, seria a eficiência em tempos voláteis. Pesquisa recente da Gartner mostra que 62% das empresas substituíram cargos tradicionais, como CSO (Chief Strategy Officer) pelo CoS – um sinal claro de que as organizações passaram a priorizar a agilidade sobre a hierarquia. Para corroborar com este cenário, dados da Harvard Business Review, McKinsey e Forbes apontam que 60% do tempo de um CEO pode ser otimizado pela presença de um Chief of Staff, atuando como seu “braço direito”.  

Entre os valores tangíveis de contar com um CoS nas empresas estão  produtividade, gestão de crise e maior agilidade nas tomadas de decisão. Os números comprovam a relevância do cargo: 68% dos CEOs relatam aumento de 20% na produtividade com um CoS, de acordo com a McKinsey; durante a pandemia, empresas com Chief of Staff foram duas vezes mais ágeis no lançamento de novos produtos, segundo a Harvard Business Review;  e, ainda de acordo com essa última pesquisa, 74% dos entrevistados citaram o CoS como mediador essencial de conflitos entre áreas.

Se fosse resumir a principal função do CoS – lembrando que suas atribuições e demandas são inúmeras e bastante variadas, dependendo da cultura e do perfil de cada empresa – seria a de atuar como um “elo” entre o CEO e as diferentes áreas da corporação.  Um bom CoS conhece profundamente a organização, times e processos, gerencia equipes multidisciplinares e atua como interlocutor entre o C-Level e as operações. Não é à toa que muitos Chiefs of Staff evoluem na carreira, migrando para cargos no C-Level, tais como COO (Chief Operating Officer), CHRO (Chief Human Resources Officer) – ou até mesmo founder/CEO.

Em relação especificamente ao mercado de trabalho para o CoS no Brasil, observa-se um cenário em aceleração, ao mesmo tempo que representa um “oceano azul” de oportunidades, mas é claro que sempre há desafios. Por aqui, o CoS ainda é para muitos um cargo “desconhecido” e/ou ambíguo, porém cada vez mais  comum em scale-ups e unicórnios – 70% delas já buscam ou têm um, segundo o LinkedIn. Setores como fintechs (40%) e energia (20%) lideram as contratações, mas ainda há um gap a ser superado: muitas empresas e recrutadores ainda confundem o Chief of Staff com um “assistente executivo premium”, ignorando seu potencial como integrador de estratégia e operação.

Diante desse contexto, mais do que nunca, os profissionais que ocupam esse cargo ou aspiram ocupá-lo devem se qualificar e se especializar, para estar preparados para todos os desafios e responsabilidades que uma função tão única e de tamanha proporção exige. Um CoS lida com informações sensíveis e decisões que afetam a empresa como um todo. Habilidades como análise de dados, comunicação estratégica, compreensão das emoções do time e gestão de crises não devem ser menosprezadas – e podem fazer toda a diferença. 

Globalmente, 70% dos CoS possuem MBA, segundo a Harvard Business Review, e 65% têm formação em Negócios, Direito ou Engenharia. No entanto, a educação tradicional não é suficiente para o desempenho desta função tão estratégica e que se transforma com rapidez, junto com as demandas do mercado e de cada negócio.,. Para ser um ótimo Chief of Staff, é preciso ir além na busca de treinamentos e capacitações específicas e práticas, que simulem situações reais e deem subsídios para lidar com o dia-a-dia da função. 

Pensando nisso, a CSA (The Chief of Staff Association), associação global com escritórios em Londres e Nova York, que reúne Chiefs of Staffs  presentes  em mais de 70 países, oferece formação de alta qualidade para seus membros, através de trilhas com conteúdos presenciais, remotos e oferta de certificações executivas especialmente voltadas para Chiefs of Staff, em parceria com universidades de renome como Oxford e Harvard Business School. Além disso, membros são convidados a participar de eventos globais e setoriais voltados para quem quer atuar em segmentos específicos, como serviços financeiros, tecnologia, educação e até governo. Serão lançados em breve cursos criados especialmente para Chiefs of Staff que atuam em startups, por exemplo, refletindo a especialização crescente da função. É difícil prever onde o CoS irá chegar no Brasil e no mundo. Mas o céu parece ser o limite para as oportunidades no mercado de trabalho e a evolução desse estrategista humano dentro das organizações.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Semana Mundial do Meio Ambiente: desafios e oportunidades para a agenda de sustentabilidade

Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Tecnologia, mãe do autoetarismo

Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Tecnologias exponenciais
Setores que investiram em treinamento interno sobre IA tiveram 57% mais ganhos de produtividade. O segredo está na transição inteligente.

Vitor Maciel

6 min de leitura
Empreendedorismo
Autoconhecimento, mentoria e feedback constante: a nova tríade para formar líderes preparados para os desafios do trabalho moderno

Marcus Vaccari

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Se seu atendimento não é 24/7, personalizado e instantâneo, você já está perdendo cliente para quem investiu em automação. O tempo de resposta agora é o novo preço da fidelização

Edson Alves

4 min de leitura
Inovação
Enquanto você lê mais um relatório de tendências, seus concorrentes estão errando rápido, abolindo burocracias e contratando por habilidades. Não é só questão de currículos. Essa é a nova guerra pela inovação.

Alexandre Waclawovsky

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A aplicação da inteligência artificial e um novo posicionamento da liderança tornam-se primordiais para uma gestão lean de portfólio

Renata Moreno

4 min de leitura
Finanças
Taxas de juros altas, inovação subfinanciada: o mapa para captar recursos em melhorias que já fazem parte do seu DNA operacional, mas nunca foram formalizadas como inovação.

Eline Casasola

5 min de leitura
Empreendedorismo
Contratar um Chief of Staff pode ser a solução que sua empresa precisa para ganhar agilidade e melhorar a governança

Carolina Santos Laboissiere

7 min de leitura
ESG
Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Carolina Ignarra

4 min de leitura
ESG
Brasil é o 2º no ranking mundial de burnout e 472 mil licenças em 2024 revelam a epidemia silenciosa que também atinge gestores.
5 min de leitura
Inovação
7 anos depois da reforma trabalhista, empresas ainda não entenderam: flexibilidade legal não basta quando a gestão continua presa ao relógio do século XIX. O resultado? Quiet quitting, burnout e talentos 45+ migrando para o modelo Talent as a Service

Juliana Ramalho

4 min de leitura