Liderança

Quem rege a integração da sua cadeia produtiva?

Reflexões após um mês de grandes eventos nos setores de construção, tecnologia e imobiliário
Elisa Rosenthal é a diretora presidente do Instituto Mulheres do Imobiliário. LinkedIn Top Voices, TEDx Speaker, produz e apresenta o podcast Vieses Femininos. Autora de Proprietárias: A ascensão da liderança feminina no setor imobiliário.

Compartilhar:

Uma orquestra precisa ser conduzida por um maestro ou maestrina. Saber a hora exata de entrada de cada naipe da orquestra, qual o compasso e passagem são alguns dos papéis que a pessoa responsável pela regência de uma orquestra exerce. Uma outra posição de suma importância é a do spalla, nome dado ao primeiro violino da orquestra que, nos concertos, entra sempre depois de todos os músicos no palco e dá início à afinação.

Pensar nessas duas posições é um exercício interessante para analisarmos a complexidade existente na integração da cadeia produtiva de um setor, como o da construção, da tecnologia e do imobiliário. No mês de setembro pude participar de três grandes eventos de cada um desses setores: o Construsummit, promovido pela plataforma de soluções para a indústria da construção civil Sienge, da Softplan, o SAP Sapphire, evento anual da gigante da tecnologia SAP, e o Conecta Imobi, maior evento imobiliário da América Latina, do grupo Zap+ OLX.

Interessante observar que um tema comum entre todos eles foi o da integração da cadeia produtiva de cada segmento, promovendo uma jornada de transformação sustentável. Um desafio que fica cada vez mais complexo à medida que digitalizamos processos, incluímos a tecnologia, inteligência artificial e algoritmos.

Nesse contexto, o SAP, que possui um dos ERP (planejamento dos recursos da empresa, na sigla em inglês) mais utilizado no mundo, indicou o caminho. No palco principal da abertura do evento, as presidentes no Brasil e na América Latina (respectivamente, Adriana Aroulho e Cristina Palmaka) conduziram a conversa orientada para a governança socioambiental, além de dar o devido destaque ao Cirque du Soleil, companhia que é considerada a maior do mundo no entretenimento ao vivo e que reforçou a importância da tecnologia no seu modelo de negócios.

“Tivemos que enfrentar a crise e nos reinventar. A tecnologia foi essencial”, destacou Kevin Albert, gerente sênior na empresa de entretenimento, na qual é responsável pela parceria com a SAP.

Citar esse exemplo é fundamental para conectar a visão de Valério Gomes Neto, presidente do conselho de administração da Pedra Branca Empreendimentos, e suas contribuições ao painel que nos instigou a planejar os empreendimentos e obras do futuro, durante o Construsummit. Valério reforçou a necessidade de resgatarmos o “play” nas cidades e no urbanismo. Do verbo em inglês, play pode ser traduzido como brincar, tocar, jogar, divertir.

A programação do maior evento imobiliário da América Latina foi encerrada pelo tetracampeão Cafu. O eterno lateral da seleção brasileira de futebol endossou que o “verdadeiro líder é aquele que tira o melhor de cada pessoa.”

Do circo, passando pelos bairros planejados, pela cadeia de suprimentos e futebol: ter a visão do todo para saber integrar as partes envolvidas, de forma harmônica, é fundamental. O trabalho de maestro e spalla na orquestra são os exemplos que uso para que possamos sempre nos lembrar de que, independentemente da inserção da tecnologia, a batuta está na mão de quem lidera, quem tem o conhecimento, visão e afinação necessária para dar o tom e o ritmo das diversas partes que compõem a cadeia produtiva. Sem condução, não há harmonia. Sem liderança, não há integração.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

ESG
Adotar o 'Best Before' no Brasil pode reduzir o desperdício de alimentos, mas demanda conscientização e mudanças na cadeia logística para funcionar

Lucas Infante

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, a robótica ganhou destaque como tecnologia transformadora, com aplicações que vão da saúde e criatividade à exploração espacial, mas ainda enfrenta desafios de escalabilidade e adaptação ao mundo real.

Renate Fuchs

6 min de leitura
Inovação
No SXSW 2025, Flavio Pripas, General Partner da Staged Ventures, reflete sobre IA como ferramenta para conexões humanas, inovação responsável e um futuro de abundância tecnológica.

Flávio Pripas

5 min de leitura
ESG
Home office + algoritmos = epidemia de solidão? Pesquisa Hibou revela que 57% dos brasileiros produzem mais em times multidisciplinares - no SXSW, Harvard e Deloitte apontam o caminho: reconexão intencional (5-3-1) e curiosidade vulnerável como antídotos para a atrofia social pós-Covid

Ligia Mello

6 min de leitura
Empreendedorismo
Em um mundo de incertezas, os conselhos de administração precisam ser estratégicos, transparentes e ágeis, atuando em parceria com CEOs para enfrentar desafios como ESG, governança de dados e dilemas éticos da IA

Sérgio Simões

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Os cuidados necessários para o uso de IA vão muito além de dados e cada vez mais iremos precisar entender o real uso destas ferramentas para nos ajudar, e não dificultar nossa vida.

Eduardo Freire

7 min de leitura
Liderança
A Inteligência Artificial está transformando o mercado de trabalho, mas em vez de substituir humanos, deve ser vista como uma aliada que amplia competências e libera tempo para atividades criativas e estratégicas, valorizando a inteligência única do ser humano.

Jussara Dutra

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
A história familiar molda silenciosamente as decisões dos líderes, influenciando desde a comunicação até a gestão de conflitos. Reconhecer esses padrões é essencial para criar lideranças mais conscientes e organizações mais saudáveis.

Vanda Lohn

5 min de leitura
Empreendedorismo
Afinal, o SXSW é um evento de quem vai, mas também de quem se permite aprender com ele de qualquer lugar do mundo – e, mais importante, transformar esses insights em ações que realmente façam sentido aqui no Brasil.

Dilma Campos

6 min de leitura
Uncategorized
O futuro das experiências de marca está na fusão entre nostalgia e inovação: 78% dos brasileiros têm memórias afetivas com campanhas (Bombril, Parmalat, Coca-Cola), mas resistem à IA (62% desconfiam) - o desafio é equilibrar personalização tecnológica com emoções coletivas que criam laços duradouros

Dilma Campos

7 min de leitura