Carreira, Diversidade

Recrutar, reter e engajar: a transformação digital e os três grandes desafios do RH

Três especialistas em gestão de pessoas indicam como ser bem sucedido nessas tarefas em tempos de velocidade, incerteza e mudança permanente

Compartilhar:

A transformação digital bateu à porta dos departamentos de Recursos Humanos e criou demandas adicionais para as equipes das empresas nos últimos anos. 

Os perfis, as demandas e as aspirações de carreira dos profissionais estão mudando – e a adaptação aos novos tempos exige reflexão e ação imediata em todas as companhias. 

Nenhum segmento passa incólume: mesmo as atividades cotidianas de gestão de pessoas adquiriram uma camada extra de complexidade.

Quais são os maiores desafios do RH na era da transformação digital?
——————————————————————–

Para três especialistas em gestão de pessoas, **recrutar, reter e engajar** hoje demandam esforços adicionais e estratégias específicas, distintas do que era habitual na área. 

Confira o que eles sugerem para ser bem sucedido nessas tarefas em tempos de velocidade, incerteza e mudança permanente:

### “Temos demandas inéditas no recrutamento, que é um processo por natureza limitado”

Basta olhar para a empresa ao lado: é raro achar alguma comemorando a farta disponibilidade de candidatos qualificados. 

Um levantamento da Catho mostrou que a atração de talentos foi um desafio para 53% dos profissionais de RH em 2019. 

Isso é ainda mais verdade nas áreas que demandam profissionais especializados e altamente qualificados, como tecnologia e projetos. 

_“A transformação digital tem gerado demandas inéditas, funções bem diferentes das clássicas com as quais todos estávamos familiarizados. Para as equipes de RH, o desafio é duplo: elas agora precisam assessorar um trabalho inédito para si também”_, diz Aparecida Morais, sócia da Recrutei, plataforma de recrutamento e seleção para consultorias de RH, headhunters e pequenas empresas. 

Ao mesmo tempo, o processo de busca, atração e captação de talentos é por natureza limitado. _“Em uma interação muito rápida, o recrutador precisa extrair do candidato características comportamentais, sociais, técnicas e cognitivas, sem a experiência concreta da convivência com ele”,_ explica Aparecida. 

### Como desatar esse nó?

Para a especialista, recrutamento e seleção devem estar genuinamente integrados aos demais processos de gestão de pessoas – é essa proximidade que garante conhecimento suficiente sobre o que se espera dos profissionais que serão selecionados. 

Além disso, é **necessário agregar inteligência ao processo**. _“Automatizar as fases de trabalho mecânico e volumoso, como a triagem de perfis, assegura a acurácia do trabalho, entregas mais rápidas e melhores resultados”_, afirma.

### “Desafio está em manter talentos multi-skills nas empresas”

Mais do que estimular a atualização de profissionais já consolidados na carreira ou provocar mudanças nas empresas tradicionais, **a transformação digital coloca a gestão de pessoas no centro das estratégias das empresas nascentes, como as startups**. 

Com seus negócios inovadores, elas buscam candidatos cada vez mais específicos, demandando mais do que a academia consegue formar. E é justo nessa transição que o fator RH é determinante para ditar os rumos do mercado. Segundo a empresa de pesquisa CB Insights, 23% das startups que quebram no mundo enfrentaram problemas na formação dos times.

**O maior desafio na montagem do RH das startups é conseguir atrair e principalmente reter talentos “multi-skills” (múltiplas habilidades), capazes de contribuir em diferentes áreas da empresa.**

A avaliação é de Daiane Andognini, especialista em gestão de pessoas e CEO da Hug, consultoria focada na formação de equipes e cultura em empresas de tecnologia. 

_“É preciso contratar pessoas que entreguem valor para o negócio como um todo, e não apenas na competência exigida para a vaga no momento presente”_, diz Daiane. “_Também é difícil manter pessoas com capacidade de aprendizado rápido e que consigam acompanhar os diferentes estágios da empresa. Isso exige foco e determinação e, por vezes, é necessário ter o apoio de um profissional ou do líder para se desenvolver com tamanha agilidade”._ 

**Capacidade analítica, habilidade para testar alternativas (tentativa e erro) e** **agilidade na tomada de decisão diante de um resultado inesperado também são competências desejadas na era digital.**

### “O RH está sendo impulsionado a ser ainda mais sensitivo, com o apoio de dados”

Por muito tempo, o RH contava apenas com a sua intuição e um conhecimento avançado sobre comportamento humano como principais fatores de competição com os demais cargos da empresa. 

Mas as novas tecnologias estão impulsionando a área para uma mudança cultural do seu próprio papel nas organizações. 

A quantidade de informações que são possíveis de serem levantadas com ferramentas de people analytics permitem que o RH use os dados sobre pessoas para guiar suas decisões e confirmar sua intuição.

Cesar Nanci, CEO da Pulses, plataforma de people analytics que mede clima organizacional e engajamento de forma contínua, acredita que através dos dados é possível identificar aspectos de cultura e ser um grande sensor para mudanças sutis que os números podem revelar, atuando antes mesmo que eles ocorram. 

_”Em vez de ‘confie em mim’, o RH está começando a dizer ‘venha, vou lhe mostrar os dados que confirmam nossa suspeita e revelam algo mais’, e indo além do óbvio “_, comenta Nanci.

Veja outros conteúdos sobre Transformação Digital e RH:

* [**Transformação digital e o contexto cultural**](https://revistahsm.com.br/post/transformacao-digital-e-o-contexto-cultural)
* [**Como atravessar a ponte da transformação digital?**](https://revistahsm.com.br/post/como-atravessar-a-ponte-da-transformacao-digital)
* [**A identificação de talentos em uma era disruptiva**](https://revistahsm.com.br/post/a-identificacao-de-talentos-em-uma-era-disruptiva)

Compartilhar:

Artigos relacionados

Mercado de RevOps desponta e se destaca com crescimento acima da média 

O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Uso de PDI tem sido negligenciado nas companhias

Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Regulamentação da IA: Como empresas podem conciliar responsabilidades éticas e inovação? 

A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Governança estratégica: a gestão de riscos psicossociais integrada à performance corporativa

A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Liderança, times e cultura, Liderança, Gestão de pessoas
No texto do mês da nossa colunista Maria Augusta, a autora trouxe 5 pontos cruciais para você desenvolver uma liderança antifrágil na prática. Não deixe de conferir!

Maria Augusta Orofino

Transformação Digital
Explorando como os AI Agents estão transformando a experiência de compra digital com personalização e automação em escala, inspirados nas interações de atendimento ao cliente no mundo físico.

William Colen

ESG
Explorando como a integração de práticas ESG e o crescimento dos negócios de impacto socioambiental estão transformando o setor corporativo e promovendo um desenvolvimento mais sustentável e responsável.

Ana Hoffmann

ESG, Gestão de pessoas
Felicidade é um ponto crucial no trabalho para garantir engajamento, mas deve ser produzida em conjunto e de maneira correta. Do contrário, estaremos apenas nos iludindo em palavras gentis.

Rubens Pimentel

ESG
Apesar dos avanços nas áreas urbanas, cerca de 35% da população rural brasileira ainda vive sem acesso adequado a saneamento básico, perpetuando um ciclo de pobreza e doenças.

Anna Luísa Beserra

Gestão de pessoas, Tecnologia e inovação
A IA está revolucionando o setor de pessoas e cultura, oferecendo soluções que melhoram e fortalecem a interação humana no ambiente de trabalho.

Fernando Ferreira

Estratégia e Execução
Aos 92 anos, a empresa de R$ 10,2 bilhões se transforma para encarar o futuro em três pilares
Gestão de pessoas, Cultura organizacional, Liderança, times e cultura
Apesar de importantes em muitos momentos, o cenário atual exige processos de desenvolvimentos mais fluidos, que façam parte o dia a dia do trabalho e sem a lógica da hierarquia – ganha força o Workplace Learning

Paula Nigro

Empreendedorismo, Gestão de pessoas
As empresas familiares são cruciais para o País por sua contribuição econômica e, nos dias atuais, por carregarem legado e valores melhor do que corporations. Mas isso só ocorre quando está estabelecido o reconhecimento simbólico dos líderes de propósito que se vão...

Luis Lobão

ESG, Gestão de pessoas
Apesar das mulheres terem maior nível de escolaridade, a segregação ocupacional e as barreiras de gênero limitam seu acesso a cargos de liderança, começando desde a escolha dos cursos universitários e se perpetuando no mercado de trabalho.

Ana Fontes