Conceito muito comum nas áreas de recursos humanos, o employee value proposition (EVP), de maneira geral, é o conjunto de benefícios que as companhias fornecem aos colaboradores e, consequentemente, aos candidatos, de forma a gerar sua proposta de valor. Durante muitos anos, um EVP de sucesso era sinônimo da combinação entre salário e estabilidade de carreira.
Porém, com a entrada de novas (e diversas) gerações no mercado de trabalho, esse tal conjunto de benefícios tem sido revisitado com mais frequência pelas empresas. Com a entrada da geração Y, por exemplo, a estabilidade começou a perder força e o propósito andou mais algumas casas.
Com a chegada dos anos 2020, a [emergência da geração Z](https://www.revistahsm.com.br/post/nao-e-apenas-cringe-impactos-das-geracoes-nas-estrategias-de-cx) traz outros fatores essenciais para a construção de um EVP “medalha de ouro”, a fim de atrair os jovens talentos. Salário e estabilidade não deixaram de ser itens de interesse no EVP dos entrantes no mercado, ainda mais considerando que os jovens sofreram muito com o aumento do desemprego e sua queda de renda, agravados pelos impactos da pandemia. No entanto, seu peso foi equilibrado quando comparados com fatores como segurança psicológica, lideranças emocionalmente inteligentes, cultura organizacional inclusiva e a liberdade para serem autênticos.
“É importante ressaltar que o EVP vai ser diferente para cada recorte geracional, ele está atrelado à ideia de prioridade de vida no momento de cada geração. E acredito que é exatamente essa reflexão que nos faz pensar na postura da Rayssa Leal, [medalhista olímpica do Brasil em Tóquio 2020](https://www.revistahsm.com.br/post/2021-o-ano-da-mulher-olimpica-ja-e-historico), um retrato de como é essa geração que está chegando ao mercado”, pondera a CEO da Eureca, CEO da consultoria Eureca, especialista em recrutamento e seleção de jovens, Carolina Utimura.
## Segurança para ser quem você é
Como legítima representante da geração Z, Rayssa Leal, 13 anos, mostrou como é possível aliar [alta performance e inteligência emocional](https://www.revistahsm.com.br/post/demanda-por-talentos-como-encontrar-a-funcao-correta-para-cada-pessoa) em um ambiente de alta pressão. Uma das representantes brasileiras na disputa do skate nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, a maranhense equilibrou concentração, controle emocional e apetite ao risco, sem perder a leveza e o bom-humor.
De acordo com Utimura, as lideranças empresariais precisam estar preparadas para receber a geração Z em suas vagas. Para isso, a atuação de Rayssa foi uma aula nota dez: “ela não foi jamais limitada pela idade. O que foi colocado à prova foi a sua performance, o seu talento, os seus pontos fortes em ação. É muito interessante quando a gente não limita o potencial das pessoas pela idade que elas têm. As empresas precisam pensar como elas podem criar um ambiente que utilize o potencial dessas pessoas”.
Em busca desse contexto, Utimura aconselha que as companhias invistam no [conceito de segurança psicológica](https://www.revistahsm.com.br/post/como-medir-o-risco-psicologico-das-organizacoes), criado pela pesquisadora de Harvard Amy Edmondson: o ambiente corporativo ideal é aquele em que as pessoas acreditam e entendem que não serão punidas diante de erros. Isso faz com que elas se sintam incentivadas a tomar riscos de forma inteligente. É a criação de uma atmosfera baseada em confiança.
Essa segurança faz com que haja respeito para que todo colaborador seja visto e reconhecido como é, com todas as suas particularidades e backgrounds. Para a CEO da Eureca, Rayssa não foi impedida de levar a competição da melhor forma para ela, com humor, com dança no TikTok, pois nada disso poderia atrapalhar sua performance. Muito pelo contrário:
“Isso mostra como é importante que as empresas permitam que as pessoas sejam quem elas são, que elas se sintam confortáveis para serem autênticas, que diversão não determina o nível de competência de alguém… Fez com que a gente pensasse sobre como colocamos máscara em colaboradores (e em candidatos) para que possam performar nesses ambientes corporativos.”
## Consciência ecossistêmica
Estudos sobre juventude dos últimos dois anos apontavam para uma preocupação crescente nas novas gerações, a reputação e valores morais das empresas. Se, no passado, essa noção impactava apenas números de consumo, hoje, os candidatos a vagas demonstram o mesmo comprometimento sobre as empresas que desejam trabalhar.
“Os jovens da geração Z querem trabalhar para empresas que se esforçam para fazer do mundo um lugar mais igualitário, mais sustentável e ético. Há uma [consciência ecossistêmica verdadeira](https://www.revistahsm.com.br/post/como-se-tornar-um-talento-de-alto-potencial-na-sua-empresa), uma conexão forte com o tema do ESG. Essa é uma barreira que os jovens hoje já quebraram, há uma consciência natural, e vejo que eles estão fazendo as companhias olharem para isso também”, afirma a CEO da Eureca.
“É possível fazer esse paralelo quando lembramos da postura de grande parte dos skatistas durante os Jogos Olímpicos. No caso da própria Rayssa, você percebia que ela estava vibrando não apenas por sua performance, mas pelo esporte estar sendo reconhecido pelo Comitê Olímpico, por todas as atletas estarem dividindo um momento único. Não é por menos que dizem que o skate é o esporte individual mais coletivo que existe”.
## Pragmatismo necessário
Ainda considerando os paralelos entre Rayssa Leal e corporações que buscam jovens para seu quadro de colaboradores, não é mais possível pensar nesse desenvolvimento sem um patrocínio. Assim como jovens atletas necessitam de apoio familiar e financeiro, aqueles que estão iniciando sua trajetória buscam essa mesma relação no mercado de trabalho.
Como isso se traduz nas empresas? Deve ser de interesse das organizações repensar nas [jornadas de onboarding e desenvolvimento para a juventude](https://www.revistahsm.com.br/post/prepare-se-para-o-onboarding-dos-jovens), flexibilizando seus critérios de seleção e de competência para as posições disponíveis e incentivando lideranças que atuem como sponsors dos jovens talentos. Isso significa que esse líder deve inspirar e acompanhar a jornada do entrante, além de avaliar e desenhar possíveis caminhos de amadurecimento e aceleração de carreira na estrutura organizacional.
“Seja na quadra ou no escritório, os jovens esperam encontrar uma rede apoio forte, um patrocínio ao longo de sua jornada, segurança psicológica e a possibilidade de ser autêntico em suas ações. E as organizações não podem mais ignorar esses aspectos se desejam atrair e reter as juventudes brasileiras”, encerra Carolina Utimura.
## Outros fatores para um EVP de sucesso
Para além dos aspectos citados anteriormente, a consultoria Eureca indica outras cinco ações que as empresas devem investir para conquistar os talentos da juventude:
– A realização de feedbacks informais provenientes de gestores e líderes de equipe em vez de avaliações estruturadas uma vez ao ano.
– Uma escuta ativa e a possibilidade de estabelecer diálogo aberto e contínuo com todos os colaboradores da empresa.
– Uma liderança corporativa positiva e que também atua como coach para orientar, auxiliar e motivar os talentos.
– A promoção de trabalho em equipe com troca de experiências e conhecimentos, buscando um consenso para chegar em soluções construtivas e completar atividades.
– O reconhecimento e a valorização provenientes de gestores e líderes de equipe pela performance e bom desempenho no cargo.
*Saiba mais sobre a importância da juventude para as empresas brasileiras em [nossos webinars](https://www.revistahsm.com.br/webinars) e em [nossos podcasts](https://www.revistahsm.com.br/podcasts).*
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