Uncategorized

Ser generoso é inovador

imagine a generosidade como alavanca de criatividade e produtividade. pesquisas e casos reais mostram que funciona
Considerado um dos empreendedores que mais impactaram o ecossistema brasileiro de startups, foi cofundador do SEED, uma das principais aceleradoras da América Latina, e atua há mais de dez anos em projetos de inovação pública e privada.

Compartilhar:

Há algum tempo venho refletindo sobre o desafio de arquitetar cooperação e colaboração em organizações e ecossistemas como forma de gerar inovações e novas soluções para problemas complexos, sejam eles públicos ou privados. Pergunto-me: se todo dia desenvolvemos mais tecnologias e conhecimentos, por que ainda somos incapazes de criar os contextos, desenhar as estruturas ou construir a cultura organizacional que fortaleçam a conexão entre indivíduos ou instituições para alavancar esse potencial criativo?

Ao que me parece, ainda incentivamos e premiamos o comportamento egoísta, desconfiado e estritamente competitivo, o que não é o melhor caminho para inovar e ter sucesso. ocorre que aspectos comportamentais são essenciais no processo criativo e de inovação, tanto quanto competências técnicas. Então, um ingrediente simples se torna um diferencial cada dia mais relevante: a generosidade. já há diversas evidências de que a generosidade é capaz de influenciar positivamente pessoas e organizações, fazendo com que sejam mais inovadoras e produtivas.

O psicólogo organizacional e autor Adam Grant define três tipos de indivíduos: os que tomam (takers), os que dão em função do que obtêm (matchers) e os doadores (givers), que estão dispostos a ajudar sem esperar nada em troca. Extensas pesquisas mostraram que os doadores se destacam em relação aos outros perfis, incrementando os níveis de criatividade e produtividade da organização e alcançando maior sucesso pessoal. o mesmo princípio da generosidade parece ser validado em ambientes estritamente competitivos, como o universo das startups tecnológicas. 

Na cultura do Vale do Silício, há, desde os primórdios, a filosofia de pay it forward (literalmente, pagar adiante). já ouviu falar? Ela prega que ajudar os outros é a melhor e mais natural estratégia – mesmo ajudar potenciais concorrentes. Muitos atribuem a esse princípio o círculo virtuoso de empreendedores, investidores e mentores observado ali. No Brasil, a comunidade do San Pedro Valley, em Belo Horizonte, é conhecida por estimular abertamente esse mesmo espírito. A cada cafezinho com pão de queijo, a cada troca de conhecimentos, empreendedores constroem relações mais verdadeiras, que virarão inovação mais tarde. 

No Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2014, destacou-se a Escola Estadual Professor Antônio Alves da Cruz, da capital paulista. Cerca de dez anos atrás, seus gestores começaram a ser ajudados de várias maneiras por um grupo de ex-alunos e inovaram a forma de ensinar. Generosidade dá resultados. Imagine o que aconteceria se as escolas privadas compartilhassem suas melhores práticas com a escola pública do bairro. Faço-lhe um desafio: convide a pessoa a seu lado para almoçar e pague a conta. Mais tarde, você colherá os frutos dessa generosidade.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Empreendedorismo
Alinhando estratégia, cultura organizacional e gestão da demanda, a indústria farmacêutica pode superar desafios macroeconômicos e garantir crescimento sustentável.

Ricardo Borgatti

5 min de leitura
Empreendedorismo
A Geração Z não está apenas entrando no mercado de trabalho — está reescrevendo suas regras. Entre o choque de valores com lideranças tradicionais, a crise da saúde mental e a busca por propósito, as empresas enfrentam um desafio inédito: adaptar-se ou tornar-se irrelevantes.

Átila Persici

8 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A matemática, a gramática e a lógica sempre foram fundamentais para o desenvolvimento humano. Agora, diante da ascensão da IA, elas se tornam ainda mais cruciais—não apenas para criar a tecnologia, mas para compreendê-la, usá-la e garantir que ela impulsione a sociedade de forma equitativa.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
ESG
Compreenda como a parceria entre Livelo e Specialisterne está transformando o ambiente corporativo pela inovação e inclusão

Marcelo Vitoriano

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O anúncio do Majorana 1, chip da Microsoft que promete resolver um dos maiores desafios do setor – a estabilidade dos qubits –, pode marcar o início de uma nova era. Se bem-sucedido, esse avanço pode destravar aplicações transformadoras em segurança digital, descoberta de medicamentos e otimização industrial. Mas será que estamos realmente próximos da disrupção ou a computação quântica seguirá sendo uma promessa distante?

Leandro Mattos

6 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Entenda como a ReRe, ao investigar dados sobre resíduos sólidos e circularidade, enfrenta obstáculos diários no uso sustentável de IA, por isso está apostando em abordagens contraintuitivas e na validação rigorosa de hipóteses. A Inteligência Artificial promete transformar setores inteiros, mas sua aplicação em países em desenvolvimento enfrenta desafios estruturais profundos.

Rodrigo Magnago

4 min de leitura
Liderança
As tendências de liderança para 2025 exigem adaptação, inovação e um olhar humano. Em um cenário de transformação acelerada, líderes precisam equilibrar tecnologia e pessoas, promovendo colaboração, inclusão e resiliência para construir o futuro.

Maria Augusta Orofino

4 min de leitura
Finanças
Programas como Finep, Embrapii e a Plataforma Inovação para a Indústria demonstram como a captação de recursos não apenas viabiliza projetos, mas também estimula a colaboração interinstitucional, reduz riscos e fortalece o ecossistema de inovação. Esse modelo de cocriação, aliado ao suporte financeiro, acelera a transformação de ideias em soluções aplicáveis, promovendo um mercado mais dinâmico e competitivo.

Eline Casasola

4 min de leitura
Empreendedorismo
No mundo corporativo, insistir em abordagens tradicionais pode ser como buscar manualmente uma agulha no palheiro — ineficiente e lento. Mas e se, em vez de procurar, queimássemos o palheiro? Empresas como Slack e IBM mostraram que inovação exige romper com estruturas ultrapassadas e abraçar mudanças radicais.

Lilian Cruz

5 min de leitura
ESG
Conheça as 8 habilidades necessárias para que o profissional sênior esteja em consonância com o conceito de trabalhabilidade

Cris Sabbag

6 min de leitura