CONTAGEM REGRESSIVA COM CAROLINA STROBEL

Suas conexões podem te ver melhor que você mesmo

Ggraças a suas conexões, Carolina Strobel passou de diretora jurídica da Intel a profissional de venture capital na Redpoint eVentures, conselheira de empresas e consultora. E ela vive isso todo dia como investidora em inovação; afinal, esta depende de ecossistemas. (Ou seja, de conexões)
Sandra Regina da Silva é colaboradora de HSM Management.

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### 5 – Conexão é vantagem competitiva quando se pensa na competição por ecossistemas das plataformas, na economia em rede, no seu setor de venture capital?
Conexão é essencial em qualquer aspecto da vida. Claro que existem diferentes níveis de conexão, mas eu a defino como um relacionamento baseado em afinidades, sejam estas em valores, crenças, paixões…

Na área de investimentos em empresas, startups, times, por exemplo, conexão é fundamental. Nenhum fundo investe sozinho numa startup. Conexões te ajudam a encontrar oportunidades de investimento que podem não ser óbvias, oferecendo insights e informações que não estão disponíveis em sites, e facilitam a avaliação do potencial de um investimento – você ouve outros investidores e especialistas, de diferentes gerações, sobre suas percepções. Para mim, é acesso a um conhecimento mais profundo e a apoio. Conexão não é mentoria, mas é tão valiosa quanto. Não é necessariamente amizade, mas tem de fluir igual; tenho de poder pedir ajuda como quando falo com amigos.

Os investidores que cultivam essas conexões fortes com outros investidores, com empreendedores, com executivos, certamente estão em uma posição muito melhor.
O fato é que ninguém sabe o que vai dar certo ou não. Quando se coloca uma questão para um grupo pensar, saem melhores respostas, de modo mais consistente, do que se fosse só um indivíduo pensando – no caso o investidor, com sua própria crença e o natural otimismo.

### 4- E quanto à carreira? Na pivotada que você deu na sua, conexões foram importantes?
Foram fundamentais, e não só na pivotada – foram fundamentais desde o início. As conexões foram essenciais quando fui fazer mestrado na Inglaterra e, novamente, quando mudei do Sul para São Paulo, onde fui aumentando minha rede de relacionamentos, e depois ao transformar a minha carreira, de diretora jurídica para investidora. Eu só entendi que eu não era mais diretora jurídica, e sim uma profissional de investimento, quando as minhas conexões começaram a se referir a mim como profissional de investimento. Parece que eles já sabiam, e eu fui a última a perceber que era isso que eu tinha que me tornar.

### 3 – Nos ambientes corporativos por onde você circula, há conexões de qualidade entre as pessoas? Ou estas têm de melhorar?
Eu acho que há uma crescente preocupação com relação à qualidade das conexões. Entretanto, devo discordar de como as pessoas costumam tratar o networking no meio corporativo: elas não consideram o colega de trabalho como um amigo. Para mim, meus colegas de trabalho são, sim, amigos, aliás foram como uma família. Em alguns momentos me apoiaram, fortaleceram as minhas virtudes, entenderam e apontaram meus erros para que eu aprendesse. Essas pessoas estavam ali do meu lado e nunca as encarei como gente que podia querer me prejudicar. Pelo contrário.

Fico preocupada com as corporações que não incentivam esse tipo de relacionamento. Quando um relacionamento é muito frio, não se cria uma conexão, uma cultura; e está nas pessoas e na cultura o grande poder transformacional das empresas. Ainda mais neste momento em que a grande preocupação corporativa é como manter a colaboração para ter mais produtividade, porque nenhum projeto é tocado sozinho. A colaboração precisa de conexão, e para ela ocorrer precisa ter alguma afinidade.

### 2 – Ainda existe sucesso individual como ideia?
Para mim, sucesso é sempre esforço coletivo. Ao menos no venture capital é, sem dúvida. O investidor, o time da startup e todos os demais ao redor precisam trabalhar juntos para alcançar o sucesso. Mas eu acho que vai muito além do venture capital. Em qualquer área, o sucesso depende do trabalho em equipe para ser sustentável e consistente no longo prazo. Até decisões médicas vêm sendo tomadas com discussão em equipe. Isso vale para negócios, carreiras, vida pessoal. E conexão inclui aprendizado: quando um processo é coletivo, sempre aprendemos algo.

### 1 – Como você recomenda construir conexões?
Não tem receita, mas acredito que sempre a pessoa tem de ser verdadeira, autêntica, genuína. É difícil as pessoas se conectarem com personas, ou com deuses.

Sendo prática, se você começar só falando de si, será difícil criar conexão. É preciso escutar com respeito e interesse. Também importa a generosidade – em abrir informações para o outro e em investir tempo para estar com ele.

Para mulheres, costuma ser difícil às vezes manter uma conexão pela sobrecarga da dupla jornada, mas garanto: o tempo de conexão precisa estar reservado na agenda.

__Leia também: [Como parar de desperdiçar futuros](https://www.revistahsm.com.br/post/como-parar-de-desperdicar-futuros)__

Artigo publicado na HSM Management nº 160.

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