Esses dias realizei uma sessão de mentoria para uma profissional jovem e muito talentosa. Depois de investir anos fazendo a graduação e iniciar o mestrado em uma área específica, ela percebeu que estava no caminho errado.
Os estágios e o pouco tempo que trabalhou no segmento foram suficientes para ela concluir que ali não era o lugar que queria construir e viver sua carreira. Durante nosso bate-papo, ela mostrou ainda mais desconforto sobre o fato de estar no meio de um mestrado dessa mesma área.
Ela pensou em desistir, mas toda vez que comentava isso com algum familiar ou amigo a resposta era a mesma: “ah, mas você vai perder todo o ano que já investiu no mestrado? É melhor terminar”.
Será que é mesmo? O meu papel como mentor não é de dizer o que as pessoas têm ou não que fazer, mas ajudá-las a [expandir suas perspectivas e considerar outros ângulos](https://www.revistahsm.com.br/post/planejar-ou-nao-planejar-a-carreira-eis-a-questao) sobre uma determinada questão. A minha resposta para o depoimento dela foi a seguinte: “você perdeu um ano, ou vai perder dois se continuar a fazer algo que não gosta?”
Ela ficou um pouco mexida com meu comentário e contou que já pensou em desistir muitas vezes, mas tem medo de tomar uma decisão errada, medo de decepcionar as pessoas ao redor, medo de como vai contar para os pais e se aquela é mesmo a melhor decisão.
Na vida, vamos ter que tomar muitas decisões difíceis (saudades de ser criança, né minha filha?), não tem jeito. Já que esse é o destino inevitável de todos nós, temos que aprender a lidar com ele da melhor forma possível. Eu resolvi então compartilhar com ela e vocês o meu processo para tomar decisões difíceis, que pode ajudar a ter um olhar mais amplo sobre nossas decisões.
## Coloque os prós e contras em uma folha de papel
Algo que gosto de fazer é um exercício simples, principalmente quando a resposta é sim ou não ou algo binário. Eu pego uma folha de papel, coloco a questão no topo da página, traço uma linha no meio para formar duas colunas e coloco ‘Pros’ de um lado e ‘Contras’ do outro.
Faço então uma profunda reflexão sobre o assunto e preencho com tudo que me vem à cabeça, com o que as pessoas me falaram, com o que pesquisei e qualquer outra forma de obter os cenários possíveis.
Depois disso, coloco tudo que escrevi em uma gaveta (real ou virtual) e releio um ou dois dias depois para complementar. Esse exercício, apesar de simples, é muito poderoso para ampliar o nosso olhar sobre o tema e suas repercussões.
## Converse com um amigo
A nossa postura para questões que nos afetam pode ser muito enviesada com o que queremos, sabemos e nossa história de vida. Ter [a opinião de um “terceiro](https://www.revistahsm.com.br/post/voce-pede-opiniao-so-para-quem-concorda-com-voce)” pode nos fazer considerar cenários ou situações que não conseguiríamos sozinhos.
O simples fato de narrar o que te incomoda já é em si poderoso e algo que pode nos trazer novas ideias e perspectivas, ainda mais com alguém que confiamos comentando e compartilhando o que acha e faria.
Contudo, cuidado: a decisão sobre a nossa vida é nossa, de mais ninguém. Nunca a terceirize. Pegue tudo que foi conversado, jogue no seu filtro e use apenas o que achar que pode ser útil.
## Tenha um mentor
Todos na vida [deveriam ter um mentor](https://www.revistahsm.com.br/post/a-essencia-da-mentoria). Eu tive o privilégio de ter vários no meu caminho profissional, e tenho muitos que se tornaram amigos e pessoas que eu, de tempos em tempos, recorro para arejar a cabeça, ter novas ideias e, assunto deste artigo, tomar decisões importantes.
Um mentor não tem que ser um ancião que medita no topo de uma floresta ou um CEO de uma empresa gigante. Ele pode ser qualquer um que tenha experiência e você confia, um colega de trabalho, um ex-líder, um professor, alguém do seu círculo de amigos ou um profissional contratado.
Hoje em dia temos sites que disponibilizam mentores feras para papos por hora a preços que variam bastante (deem uma olhada, por exemplo, no [MeetHub](https://www.meethub.com.br/home)). Ter um olhar experiente para nossas questões é extremamente rico.
Espero que o meu processo para tomada de decisões, seja pelo exercício, a conversa com um amigo ou o trabalho com um mentor, possa inspirar e ajudar todos a tomarem melhores decisões para as coisas importantes da sua vida. Boa escolha.