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Transformando dados em valor: como implementar IA em processos

Gestor da área de Dados e Analytics da GEP Costdrivers

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Quando a intenção não vira realidade

Menos de 30% das empresas que planejam adotar Inteligência Artificial conseguem, de fato, escalar sua aplicação. Mesmo com 80% das organizações globais declarando intenção de integrar IA aos seus processos até 2026 — segundo a Gartner — a maioria permanece presa à promessa, sem chegar à prática.

Esse descompasso revela uma dor crescente entre lideranças: saber o que precisa ser feito, mas esbarrar na complexidade da execução. Em um cenário de inovação constante, a transição para uma cultura data-driven e a aplicação estratégica da IA são imperativos — mas exigem mais do que boas intenções ou demonstrações técnicas sofisticadas. É preciso alinhar objetivos de negócio a soluções concretas e escaláveis.

Dados ruins contam histórias erradas

Dados fragmentados em silos geram inconsistências que comprometem modelos preditivos. Mais de 30% das empresas entrevistadas no relatório da Gartner apontam o “gerenciamento de dados” como barreira crítica, e 77% dos profissionais relatam ter pouca confiança na qualidade dos dados.

A situação se agrava quando entram em cena dados não estruturados — como PDFs ou e-mails — que demandam técnicas avançadas de NLP e visão computacional, elevando o custo operacional. Soluções como Data Lakes com ETL automatizado ajudam a unificar fontes e garantir dados completos e confiáveis.

A infraestrutura que trava a inovação

A integração com sistemas legados é um desafio recorrente. Arquiteturas antigas, baseadas em processos batch, não se conectam naturalmente com plataformas de IA em tempo real. Isso exige APIs, microsserviços e governança voltada a transformações complexas.

Além disso, 20% das empresas citam escassez de recursos computacionais, operando ainda com estruturas locais. Adoção de cloud híbrida, transfer learning e clusters de GPU/TPU pode reduzir custos operacionais em até 40%, além de melhorar significativamente a escalabilidade dos processos.

Gente com medo, mercado sem preparo

Outro gargalo importante é a falta de profissionais qualificados. Mais de 60% das empresas relatam escassez de cientistas de dados e engenheiros de Machine Learning. Soma-se a isso a resistência interna: cerca de 25% da força de trabalho rejeita o uso de IA por medo de substituição.

Superar essa barreira demanda ações estratégicas: programas de upskilling com certificações, gestão de mudança ativa e workshops com exemplos práticos. Transparência e envolvimento são cruciais para tornar a IA aliada — e não ameaça.

O piloto que nunca decola

Projetos de IA falham quando se limitam a provas de conceito (PoCs) desconectadas da realidade operacional. Um exemplo marcante é o da Novartis: mesmo com dados robustos, a empresa enfrentou perdas relevantes por falta de conexão com o dia a dia do negócio.

Para evitar isso, é fundamental:

● Definir escopos claros e problemas tangíveis;

● Entregar MVPs ágeis, com impacto mensurável em poucas semanas;

● Envolver usuários finais desde o início do processo.

A IA também precisa de regras claras

Regulações como GDPR, LGPD e o EU AI Act exigem não só conformidade legal, mas também transparência, auditabilidade e responsabilidade.

Um framework robusto deve incluir:

● Explainable AI (XAI), com modelos auditáveis e compreensíveis;

● Dados sintéticos e criptografia, para proteção de informações sensíveis;

● Comitês multidisciplinares que avaliem riscos éticos e operacionais.

Viés, ética e confiança não são opcionais

A mitigação de vieses é obrigatória para que a IA seja implementada com responsabilidade. Isso começa com dados de treinamento diversos e passa por frameworks de validação contínua.

Ferramentas automatizadas ajudam a monitorar desvios. Políticas formais definem papéis e responsabilidades. A Apple, por exemplo, antecipou tendências com o App Tracking Transparency, reforçando a privacidade como valor de marca.

Se a liderança não lidera, a IA não vinga

A liderança tem papel central. CIOs e CFOs devem promover reuniões regulares baseadas em dados, com KPIs claros e decisões orientadas por ROI.

Projetos bem-sucedidos começam no topo — com direção estratégica clara, metas realistas e visão integrada entre tecnologia e negócio.

A tríade que transforma dados em futuro

Tecnologia escalável, cultura colaborativa e governança ética: essa é a base das empresas que não apenas acompanham as mudanças — mas as lideram.

E na sua organização, qual desses três pilares está mais sólido? E qual ainda precisa de atenção?

Comente, compartilhe, debata. A construção de um ecossistema data-driven começa com quem está disposto a agir — e você pode ser o ponto de virada.

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