Espaço equilíbrio

Uma geração comprometida?

Isolados com suas famílias, pais e mães questionam o que será dos filhos depois da pandemia. Precisam mesmo?
Terapeuta formada pela Barbara Brennan School of Healing, Estados Unidos, e professora certificada pelo HeartMath Institute, centro de pesquisas reconhecido globalmente por sua atuação em fisiologia emocional, resiliência e gestão de estresse. Ex-profissional de TI, ela recebe cada vez mais executivos e empreendedores em seu consultório, o Ateliê da Luz.

Compartilhar:

Jovens adolescentes passam seus dias diante da tela do computador ou celular, desmotivados em relação aos estudos, vivendo rotinas sedentárias. Estão impossibilitados de viver aventuras, conhecer pessoas e lugares novos, numa fase da vida em que a energia e os hormônios transbordam, pedindo ação, movimento e contato.

Vejo-os apresentando sinais de desequilíbrio, irritação, ansiedade. Ou mesmo quadros mais severos, como depressão ou automutilação. Há medo e solidão entre esses jovens, que sentem a vida empobrecida e despida de significado… como um pesadelo que nunca termina.

Do outro lado, vejo pais e mães apreensivos, com medo das sequelas que marcarão a vida dos seus filhos e roubarão deles a possibilidade de serem felizes como eles próprios foram no passado. Estão influenciados por médicos psiquiatras que afirmam que o prejuízo será enorme para esses meninos e meninas que celebraram seus aniversários de 15, 16, 17 ou 18 anos fechados dentro de casa. Mas eu acredito que estamos avaliando os personagens de um filme do futuro com base num enredo do passado.

É verdade que a pandemia derrubou os muros que separavam a casa do trabalho e da escola, intensificou a convivência familiar e trouxe desafios gigantescos para todos. Porém, a geração Z, dos nativos digitais, já representava um desafio para seus pais. O fato de eles estarem vivendo isolados há mais de um ano pode estar deprimindo alguns, mas certamente está moldando outros para reflexões e respostas de um nível de percepção mais sutil. A cabeça deles está mudando, suas rotinas e comportamentos também. Ficamos assustados apenas porque não os compreendemos bem e temos medo de que eles sofram.

Acaba sendo um alívio saber que não se trata de jovens de um lugar específico ou de uma determinada raça ou cultura. Estamos falando de toda uma geração, que foi afetada de forma parecida em todo o planeta.

Penso que os pais desses jovens, esses, sim, estão em situação mais difícil. Isso acontece porque as bases de suas juventudes foram outras. A luta pela liberdade foi travada com os pais deles, que proibiam manobras arriscadas e, com isso, apimentavam ainda mais as suas vidas já efervescentes.

Quanto aos atuais jovens, eles não me preocupam. Porque serão movidos por outras paixões. O fato de terem passado pela mesma pandemia e terem ficado reféns das mesmas condições restritivas cria uma autorregulação que colocará todos em condições semelhantes. E o mundo será deles, não nosso!

Estamos falando de jovens mais simples e criativos, totalmente digitais, menos formais, mais sensíveis, que decidirão com base nos princípios da vida, dos valores, da sustentabilidade e da felicidade. Acredito que não se perderão e nem perecerão. Ao contrário, eles se apoiarão e criarão um mundo mais humano, mais integrado e menos desigual.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Tecnologias exponenciais
As redes sociais prometeram revolucionar a forma como nos conectamos, mas, décadas depois, é justo perguntar: elas realmente nos aproximaram ou nos afastaram?

Marcel Nobre

7 min de leitura
ESG
Quanto menos entenderem que DEI não é cota e oportunidades de enriquecer a complexidade das demandas atuais, melhor seu negócio se sustentará nos desenhos de futuros que estão aparencendo.

Rafael Ferrari

0 min de leitura
Inovação
De 'fofoca positiva' à batom inteligente: SXSW 2025 revela tendências globais que esbarram na realidade brasileira - enquanto 59% rejeitam fofocas no trabalho, 70% seguem creators e 37% exigem flexibilidade para permanecer em empregos. Inovar será traduzir, não copiar

Ligia Mello

6 min de leitura
Inovação
O impacto de seu trabalho vai além da pesquisa fundamental. Oliveira já fundou duas startups de biotecnologia que utilizam a tecnologia de organoides para desenvolvimento de medicamentos, colocando o Brasil no mapa da inovação neurotecnológica global.

Marcel Nobre

5 min de leitura
Empreendedorismo
SXSW 2025 começou sem IA, mas com uma mensagem poderosa: no futuro, a conexão humana será tão essencial quanto a tecnologia

Marcone Siqueira

4 min de leitura
ESG
Precisamos, quando se celebra o Dia Internacional das Mulheres, falar sobre organizações e lideranças feministas

Marcelo Santos

4 min de leitura
Inovação
O evento de inovação mais esperado do ano já empolga os arredores com tendências que moldarão o futuro dos negócios e da sociedade. Confira as apostas de Camilo Barros, CRO da B.Partners, para as principais movimentações do evento.

Camilo Barros

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial não está substituindo líderes – está redefinindo o que os torna indispensáveis. Habilidades técnicas já não bastam; o futuro pertence a quem sabe integrar estratégia, inovação e humanização. Você está preparado para essa revolução?

Marcelo Murilo

8 min de leitura
ESG
Eficiência, inovação e equilíbrio regulatório serão determinantes para a sustentabilidade e expansão da saúde suplementar no Brasil em 2025.

Paulo Bittencourt

5 min de leitura