Editorial

Uma soft skill para tempos duros

Reynaldo Gama é CEO da HSM e coCEO da SingularityU Brazil. Tem mais de 12 anos de experiência no mercado financeiro e, nos últimos três, foi um dos responsáveis pela expansão e pela gestão do Cubo. É casado com a Marcia e coleciona discos de vinil.

Compartilhar:

Vivemos tempos de saudades. Saudades de pessoas com quem não podemos mais conviver, de lugares que já não podemos visitar, de rotinas que eram tão internalizadas que, quando foram subitamente suspensas, deixaram alguns de nós desconcertados, sem saber como ocupar as horas. Saudades do dia a dia no escritório, das conversas em pé no corredor, cafezinho na mão, dos apertos de mão quando alguém chegava para uma
reunião ou dos abraços quando comemorávamos um bom resultado. Quer saber? Tenho saudades até da fila de embarque no aeroporto.

Completamos 15 meses vivendo em pandemia. E os efeitos dessa realidade sobre todos nós são tão profundos que decidimos voltar ao assunto na capa de HSM Management. Na edição 141, de julho-agosto de 2020, apresentamos 135 lições aprendidas pelas empresas depois do coronavírus – aprendizados sobre estratégia, tecnologia, marketing, entre outros. Nove meses depois, escolhemos analisar o contexto a partir de um tema que também nos é muito caro e que, neste mundo abalado pela covid-19, revela-se ainda mais urgente: saúde mental. Uma pergunta não saía das nossas cabeças. Como ajudar pessoas e empresas a atravessar este período tão desafiador?

Encontramos na história da psicologia um conceito que ajuda a iluminar a resposta: “coping”. Apresentado na década de 1960 pelo psicólogo americano Richard Lazarus a partir de seus estudos sobre estresse, coping pode ser definido como um conjunto de estratégias cognitivas e comportamentais desenvolvidas pelo indivíduo para lidar com uma determinada situação estressante – ou seja, é muito atual. O coping é um esforço intencional, consciente, construído para elaborar uma resposta à adversidade que contribua para aumentar o bem-estar e reduzir o sofrimento. Uma espécie de soft skill para tempos duros, com perdão pelo trocadilho.

Nossa investigação sobre coping resultou em uma seção Assunto Pessoal especial, que você lê a partir da página 71. Mas não paramos por aí. Contamos como os escritórios estão sendo reformulados com um olho no futuro do trabalho e outro na necessidade de coping. Fomos apurar como as áreas de recursos humanos estão tentando ajudar líderes e colaboradores a administrar os desafios do contexto atual no dia a dia – uma espécie de coping corporativo. Pedimos ao economista e filósofo Eduardo Giannetti, um dos principais pensadores do nosso País, que analisasse os efeitos da pandemia sobre o Brasil, o mundo e as pessoas– nós todos. Um spoiler de alívio: ele, assim como nós, segue otimista.

Recomendo também a leitura do nosso Dossiê, sobre o modo de resolver problemas complexos, como a pandemia ou o déficit educacional. Você conhecerá a colaboração disruptiva (breakthrough collaboration). Por fim, quero festejar a aquisição dos ativos da Laureate no País, mais um investimento em educação que a Ânima está fazendo. A HSM é uma das empresas do grupo e agora integra um conjunto de 27 instituições, em 12 estados brasileiros, com 330 mil alunos. Transformar o Brasil pela educação definitivamente é o que nos move.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura
Gestão de Pessoas
Mais da metade dos jovens trabalhadores já não acredita no valor de um diploma universitário — e esse é só o começo da revolução que está transformando o mercado de trabalho. Com uma relação pragmática com o emprego, a Geração Z encara o trabalho como negócio, não como projeto de vida, desafiando estruturas hierárquicas e modelos de carreira tradicionais. A pergunta que fica: as empresas estão prontas para se adaptar, ou insistirão em um sistema que não conversa mais com a principal força de trabalho do futuro?

Rubens Pimentel

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
US$ 4,4 trilhões anuais. Esse é o prêmio para empresas que souberem integrar agentes de IA autônomos até 2030 (McKinsey). Mas o verdadeiro desafio não é a tecnologia – é reconstruir processos, culturas e lideranças para uma era onde máquinas tomam decisões.

Vitor Maciel

6 min de leitura
ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura
Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura