Uncategorized

Use “cutucões” na gestão de pessoas

Saiba como aplicar a arquitetura da escolha (nudging) – uma combinação de ciência e design thinking – para aumentar a produtividade e o comprometimento dos colaboradores
Mestre em psicologia experimental, Luciano Lobato é CEO da consultoria NudgesLab. Atua desde 2003 na facilitação de mudanças comportamentais por meio do design thinking.

Compartilhar:

Apesar de termos progredido imensamente aplicando as ciências aos desafios do mundo material, ao tratar de problemas comportamentais e sociais é como se estivéssemos na idade das trevas. Há muito que as fórmulas utilizadas na gestão de pessoas estão desalinhadas com o conhecimento científico, sendo guiadas mais pelo senso comum, pelas tradições ou por modismos e mostrando-se ineficazes ou prejudiciais quando (e se) avaliadas. No entanto, problemas que envolvem o capital humano apresentam uma dinâmica contraintuitiva e, por isso, exigem que avancemos além do reducionismo para encontrarmos  respostas nas ciências e no pensamento sistêmico. 

As ciências atuais dividem  a mente em dois sistemas: um e dois. O um é o caçador-coletor, que toma decisões rápida e intuitivamente, reagindo a fatores ambientais que podem ser importantes para sua sobrevivência, e o dois é o eu consciente, que raciocina, racionaliza e com o qual nos identificamos. Os experimentos da psicologia têm demonstrado a predominância do sistema um sobre o sistema dois e a influência desproporcional que o ambiente exerce sobre nosso comportamento. 

As práticas de gestão de pessoas podem ser igualmente divididas em duas, na correspondência com os sistemas mentais: são dirigidas à cognição das pessoas (trabalhando com o sistema dois delas, portanto) ou focadas no contexto em que elas operam (atuando sobre o sistema um). Os meios de gestão tradicionais sempre apostaram em mudar a mentalidade (o sistema dois) dos colaboradores. Só que, de acordo com a concepção científica atual, gerenciar pessoas de modo efetivo frequentemente é dar cutucões (nudges) em seu sistema um projetando seus ambientes físicos e sociais. É exatamente isso que propõe a arquitetura da escolha: moldar o contexto no qual as pessoas tomam decisões. Isso ocorre com o redesenho de ambientes para que influenciem comportamentos positivos (é onde entra o design thinking). Exemplos de nudges?

> •  Pratos menores nas cantinas do Google – Reduziram o desperdício de alimentos e  a obesidade. 
>
> •  Agradecimento da diretora em um call center – Os colaboradores que o receberam realizaram 50% mais ligações na semana do que os que não foram expostos ao nudge. 
>
> •  Inscrição automática em planos de aposentadoria – As empresas conseguiram aumentar a participação de 49% para 86% dos colaboradores.

Para arquitetar as escolhas, a lógica é repensar, redesenhar e testar os programas de recursos humanos. O trio “aplicação de insights comportamentais, experimentação e aprendizado contínuo” pelo RH equivale aos testes A/B realizados  pelo marketing ou aos estudos clínicos randomizados a que a medicina recorre. Assim, a  gestão fica mais eficaz e também mais humana.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Finanças
Com soluções como PIX, contas 100% digitais e um ecossistema de open banking avançado, o país lidera na experiência do usuário e na facilidade de transações. Em contrapartida, os EUA se sobressaem em estratégias de fidelização e pagamentos crossborder, mas ainda enfrentam desafios na modernização de processos e interfaces.

Renan Basso

5 min de leitura
Empreendedorismo
Determinação, foco e ambição são três palavras centrais da empresa, que inova constantemente – é isso que devemos fazer em nossas carreiras e negócios

Bruno Padredi

3 min de leitura
Empreendedorismo
Em um ambiente onde o amanhã já parece ultrapassado, o evento celebra a disrupção e a inovação, conectando ideias transformadoras a um público global. Abraçar a mudança e aprender com ela se torna mais do que uma estratégia: é a única forma de prosperar no ritmo acelerado do mercado atual.

Helena Prado

3 min de leitura
Liderança
Este caso reflete a complexidade de equilibrar interesses pessoais e responsabilidades públicas, tema crucial tanto para líderes políticos quanto corporativos. Ações como essa podem influenciar percepções de confiança e coerência, destacando a importância da consistência entre valores e decisões. Líderes eficazes devem criar um legado baseado na transparência e em práticas que inspirem equipes e reforcem a credibilidade institucional.

Marcelo Nobrega

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Hora de compreender como o viés cognitivo do efeito Dunning-Kruger influencia decisões estratégicas, gestão de talentos e a colaboração no ambiente corporativo.

Athila Machado

5 min de leitura
ESG
A estreia da coluna "Papo Diverso", este espaço que a Talento Incluir terá a partir de hoje na HSM Management, começa com um texto de sua CEO, Carolina Ignarra, neste dia 3/12, em que se trata do "Dia da Pessoa com Deficiência", um marco necessário para continuarmos o enfrentamento das barreiras do capacitismo, que ainda existe cotidianamente em nossa sociedade.

Carolina Ignarra

5 min de leitura
Empreendedorismo
Saiba como transformar escassez em criatividade, ativar o potencial das pessoas e liderar mudanças com agilidade e desapego com 5 hacks práticos que ajudam empresas a inovar e crescer mesmo em tempos de incerteza.

Alexandre Waclawovsky

4 min de leitura
ESG
Para 70% das empresas brasileiras, o maior desafio na comunicação interna é engajar gestores a serem comunicadores dentro das equipes

Nayara Campos

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
A liderança C-Level como pilar estratégico: a importância do desenvolvimento contínuo para o sucesso organizacional e a evolução da empresa.

Valéria Pimenta

4 min de leitura
Gestão de Pessoas
Um convite para refletir sobre como empresas e líderes podem se adaptar à nova mentalidade da Geração Z, que valoriza propósito, flexibilidade e experiências diversificadas em detrimento de planos de carreira tradicionais, e como isso impacta a cultura corporativa e a gestão do talento.

Valeria Oliveira

6 min de leitura