Uncategorized

Wellington Vitorino: reinvestindo lucros

CEO do Grupo Anga, estrategista da Eureca e conselheiro do Capitalismo Consciente Brasil

Compartilhar:

Wellington Vitorino, 24 anos, é seguramente o high potential de maior delta de história de vida que já passou por esta coluna. Natural de São Gonçalo (RJ), filho de pai padeiro e de mãe técnica de saúde bucal, começou a entender o valor do trabalho e do empreendedorismo aos 8 anos de idade, vendendo água e refrigerante na praia de Saquarema.

Em acordo com o pai, reinvestiu algumas vezes o lucro da primeira venda em mais mercadorias e acabou por lucrar três vezes mais do que o próprio irmão, que não quis assumir esse risco. A veia empreendedora tomou conta dele e Mumu – como é carinhosamente chamado – passou a vender de tudo: picolé, sacolé, bolinha de gude, além de catar latinha, papelão, cobre, garrafa para vender no ferro velho. “Era quase a coleta seletiva de algumas quadras do meu bairro”, diz.

Aos 12 anos, foi vender picolé no batalhão da Polícia Militar e fez uma das negociações mais importantes de sua vida. O coronel condicionou as vendas a um boletim recheado de excelentes notas e essa parceria durou três anos, somando muitos ensinamentos – em especial, o que fez Mumu entender que só ele era responsável por seu sucesso (ou por seu fracasso, se fosse o caso). A renda dos picolés no Batalhão era de R$ 1 mil ao mês, trabalhando 90 minutos por dia, em um Brasil de R$ 380 de salário mínimo na época. Parte dessa renda foi investida na produção e no fornecimento de doces caseiros para comércios locais, e em um ano e meio tinha 22 pontos de venda, atividade que prosperou e durou até seus 17 anos. Mumu é independente financeiramente desde os 12 anos.

Em 2011, graças a uma oportunidade aberta por Marcos Vono – reconhecido executivo de RH que se conectou fortemente com sua história –, Wellington ganhou uma bolsa na Escola Parque, para estudar com boa parte da elite carioca. Foram anos de muito aprendizado e superação entre São Gonçalo e Gávea. Uma das lições foi que tão bom quanto reconhecer o mérito dos melhores é estender a mão a quem não teve as mesmas oportunidades. O esforço, a vontade e a coragem de Wellington foram premiados com bolsa no Ibmec e na PUC, aprovação nas universidades federal e estadual do Rio e nota 1.000 na redação do Enem, um dos melhores resultados da escola. 

A partir daí, sua trajetória incluiu Ibmec, Oxford, Fundação Estudar e uma nova iniciativa empreendedora – o Programa ProLíder, que depois deu origem ao Instituto Four. Com isso, Mumu quer gerar empregos e riqueza para o Brasil, como forma de reinvestir seus lucros de novo, de retribuir as oportunidades que teve. No futuro, vê-se também na política.

E o que ele gostaria de dizer aos executivos brasileiros? Que todos podem – e devem – fazer algo pelas pessoas e pelo País. “Só tem direito de reclamar quem faz algo além de pagar impostos e ‘votar certo’.”

**SAIBA MAIS SOBRE WELLINGTON  VITORINO**

Fundador e CEO do Instituto Four, “Mumu” se formou em administração no Ibmec do Rio de Janeiro. Lá foi monitor de alguns programas, em um estágio cedido pelo então diretor Fernando Schüler. Ganhou várias bolsas, uma das quais o levou para estudar um mês em Oxford. Em 2015, foi um dos 24 selecionados, entre 80 mil candidatos, para o Programa de Líderes da Fundação Estudar [na foto, Wellington e um dos fundadores da Estudar, Jorge Paulo Lemann]. Foi o mais novo a fazer o curso. No final de 2015, decidiu empreender: lançou o Programa ProLíder, com o apoio das Fundações Lemann e Arymax, e, depois, criou o Instituto Four, ONG que incorporou esse programa. O objetivo? Estimular mais jovens a transformar o mundo

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

A difícil arte de premiar sem capitular

Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Gestão de Pessoas
O aprendizado está mudando, e a forma de reconhecer habilidades também! Micro-credenciais, certificados e badges digitais ajudam a validar competências de forma flexível e alinhada às demandas do mercado. Mas qual a diferença entre eles e como podem impulsionar carreiras e instituições de ensino?

Carolina Ferrés

9 min de leitura
Inovação
O papel do design nem sempre recebe o mérito necessário. Há ainda quem pense que se trata de uma área do conhecimento que é complexa em termos estéticos, mas esse pensamento acaba perdendo a riqueza de detalhes que é compreender as capacidades cognoscíveis que nós possuímos.

Rafael Ferrari

8 min de leitura
Inovação
Depois de quatro dias de evento, Rafael Ferrari, colunista e correspondente nos trouxe suas reflexões sobre o evento. O que esperar dos próximos dias?

Rafael Ferrari

12 min de leitura
ESG
Este artigo convida os profissionais a reimaginarem a fofoca — não como um tabu, mas como uma estratégia de comunicação refinada que reflete a necessidade humana fundamental de se conectar, compreender e navegar em paisagens sociais complexas.

Rafael Ferrari

7 min de leitura
ESG
Prever o futuro vai além de dados: pesquisa revela que 42% dos brasileiros veem a diversidade de pensamento como chave para antecipar tendências, enquanto 57% comprovam que equipes plurais são mais produtivas. No SXSW 2025, Rohit Bhargava mostrou que o verdadeiro diferencial competitivo está em combinar tecnologia com o que é 'unicamente humano'.

Dilma Campos

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
Para líderes e empreendedores, a mensagem é clara: invista em amplitude, não apenas em profundidade. Cultive a curiosidade, abrace a interdisciplinaridade e esteja sempre pronto para aprender. O futuro não pertence aos que sabem tudo, mas aos que estão dispostos a aprender tudo.

Rafael Ferrari e Marcel Nobre

5 min de leitura
ESG
A missão incessante de Brené Brown para tirar o melhor da vulnerabilidade e empatia humana continua a ecoar por aqueles que tentam entender seu caminho. Dessa vez, vergonha, culpa e narrativas são pontos cruciais para o entendimento de seu pensamento.

Rafael Ferrari

0 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A palestra de Amy Webb foi um chamado à ação. As tecnologias que moldarão o futuro – sistemas multiagentes, biologia generativa e inteligência viva – estão avançando rapidamente, e precisamos estar atentos para garantir que sejam usadas de forma ética e sustentável. Como Webb destacou, o futuro não é algo que simplesmente acontece; é algo que construímos coletivamente.

Glaucia Guarcello

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
O avanço do AI emocional está revolucionando a interação humano-computador, trazendo desafios éticos e de design para cada vez mais intensificar a relação híbrida que veem se criando cotidianamente.

Glaucia Guarcello

7 min de leitura
Tecnologias exponenciais
No SXSW 2025, Meredith Whittaker alertou sobre o crescente controle de dados por grandes empresas e governos. A criptografia é a única proteção real, mas enfrenta desafios diante da vigilância em massa e da pressão por backdoors. Em um mundo onde IA e agentes digitais ampliam a exposição, entender o que está em jogo nunca foi tão urgente.

Marcel Nobre

5 min de leitura