Vale oriental

A força do consumidor chinês

Disputa entre marcas americanas e produtores chineses revela que o mercado da china está amadurecendo
Edward Tse é fundador e CEO da Gao Feng Advisory Company, uma empresa de consultoria de estratégia e gestão com raízes na China.

Compartilhar:

Recentemente, marcas americanas acusaram produtores de algodão de Xinjiang de explorar seus trabalhadores. A discussão causou comoção na China e levou o governo a ameaçar punir quem deixar de comprar o produto. Os consumidores do país, por sua vez, boicotaram essas marcas estrangeiras.

Na área de produtos de consumo, a concorrência tem sido feroz entre marcas estrangeiras e locais na disputa pelo mercado que mais cresce no mundo. O episódio do algodão certamente deu às marcas locais uma chance de aumentar seu market share. Mas como os consumidores chineses percebem marcas locais e estrangeiras?

Em veículos elétricos, a Tesla sai na frente, com “novas potências” como Nio e XPeng em seguida. Montadoras tradicionais chinesas e estrangeiras também estão oferecendo veículos elétricos, e players de outros mercados entraram na concorrência. No setor de utilidades domésticas, marcas líderes incluem Midea, Gree e Haier – todas locais. Porém, a estrangeira Dyson conquistou seu nicho devido à sua imagem inovadora e à sua boa reputação.

A qualidade e a quantidade de marcas chinesas cresceram muito ao longo dos anos. Players estabelecidos se tornaram mais competitivos, e novos surgiram. Pesquisas como a Prophet Brand Relevance Index demonstram uma guinada na preferência do consumidor por marcas locais. Em seu relatório de 2019, sete das dez marcas mais relevantes eram locais, enquanto uma década antes as dez mais eram predominantemente estrangeiras.

Conforme a renda dos consumidores chineses aumenta, eles se tornam mais conscientes de saúde, estilo de vida e qualidade, especialmente os que residem nas maiores cidades.

Faz tempo que os especialistas têm afirmado que o nacionalismo desempenha um papel significativo nas preferências de marca dos consumidores chineses. Deve haver um fundo de verdade nisso, mas não é o único ou sequer o fator predominante. É mais provável que essa tenha sido uma desculpa usada por profissionais de marketing estrangeiros que fracassam no mercado chinês.
O impacto do episódio do algodão em Xinjiang destaca o fato de que existem peculiaridades no mercado chinês. Como a geopolítica se infiltrou em todos os setores atualmente, os CEOs precisam ter maior clareza em suas tomadas de decisões estratégicas, compreendendo melhor as necessidades do consumidor e as mudanças tecnológicas para se comunicar melhor com eles. É cada vez mais importante ter uma mentalidade digital e estar ciente dos fatos.

No entanto, as marcas vencedoras na China serão aquelas que ticaram mais caixas no rol de exigências do consumidor local, sem cruzar os limites dos valores chineses. Ser ou não estrangeira não é o fator mais importante.

Compartilhar:

Artigos relacionados

O futuro dos eventos: conexões que transformam

Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

ESG
Um ano depois e a chuva escancara desigualdades e nossa relação com o futuro

Anna Luísa Beserra

6 min de leitura
Empreendedorismo
Liderar na era digital: como a ousadia, a IA e a visão além do status quo estão redefinindo o sucesso empresarial

Bruno Padredi

5 min de leitura
Liderança
Conheça os 4 pilares de uma gestão eficaz propostos pelo Vice-Presidente da BossaBox

João Zanocelo

6 min de leitura
Inovação
Eventos não morreram, mas 78% dos participantes já rejeitam formatos ultrapassados. O OASIS Connection chega como antídoto: um laboratório vivo onde IA, wellness e conexões reais recriam o futuro dos negócios

Vanessa Chiarelli Schabbel

5 min de leitura
Marketing
Entenda por que 90% dos lançamentos fracassam quando ignoram a economia comportamental. O Nobel Daniel Kahneman revela como produtos são criados pela lógica, mas comprados pela emoção.

Priscila Alcântara

8 min de leitura
Liderança
Relatórios do ATD 2025 revelam: empresas skills-based se adaptam 40% mais rápido. O segredo? Trilhas de aprendizagem que falam a língua do negócio.

Caroline Verre

4 min de leitura
Liderança
Por em prática nunca é um trabalho fácil, mas sempre é um reaprendizado. Hora de expor isso e fazer o que realmente importa.

Caroline Verre

5 min de leitura
Inovação
Segundo a Gartner, ferramentas low-code e no-code já respondem por 70% das análises de dados corporativos. Entenda como elas estão democratizando a inteligência estratégica e por que sua empresa não pode ficar de fora dessa revolução.

Lucas Oller

6 min de leitura
ESG
No ATD 2025, Harvard revelou: 95% dos empregadores valorizam microcertificações. Mesmo assim, o reskilling que realmente transforma exige 3 princípios urgentes. Descubra como evitar o 'caos das credenciais' e construir trilhas que movem negócios e carreiras.

Poliana Abreu

6 min de leitura
Empreendedorismo
33 mil empresas japonesas ultrapassaram 100 anos com um segredo ignorado no Ocidente: compaixão gera mais longevidade que lucro máximo.

Poliana Abreu

6 min de leitura