Diversidade

Consultorias X Agência de Publicidade: a nova guerra do marketing?

Quatro consultorias acabaram o ano de 2017 entre as 10 maiores agências do mundo – o dobro de 2016. Entenda o que está por trás desse movimento.

Compartilhar:

Já faz um tempo que, na área de publicidade, agências se colocaram em um extremo e consultorias – novas entrantes nesse mercado – em outro. “Se a criatividade é Rei, é só porque o desempenho é Rainha”, provoca Edwin Miranda, profissional norte-americano de marketing e branding em um artigo na rede social Medium. “A desconexão entre a criatividade de cair o queixo e as soluções de alta performance continua a sugar a energia das agências no mundo todo. E por um bom motivo: as empresas não precisam apenas de exposição ou de um clipe viral no YouTube. O que líderes de mercado querem (e merecem) são soluções baseadas em métricas que realmente melhorem o fluxo de caixa, aumentem as margens e resultem em maior market share.”

Assim, as consultorias começaram a ocupar um espaço antes exclusivo das agências. McKinsey e Accenture, por exemplo, já invadiram essa praia. Segundo o Ad Age Agency Report de 2017, quatro consultorias estavam entre as 10 maiores agências do mundo – o dobro de 2016. A Accenture trabalha para mais de 75% da lista de 500 maiores empresas da revista Fortune. Desde 2012, a consultoria adquiriu mais de 15 agências de publicidade em todo o mundo.

Um dos motivos, sem dúvida, é a mudança no mercado de comunicação como um todo, o que vem exigindo um novo posicionamento dos executivos de marketing. Muitos deles, inclusive, mudaram de ideia sobre abrir agências; agora estão abrindo consultorias.

Para Edwin Miranda, além da necessidade óbvia de resultados, o mundo do machine learning e da inteligência artificial em geral exige que tudo seja medido. E essa é a especialidade das consultorias. “Agências tendem a dar o ás na mão do diretor de criação e confundir uma ideia com uma estratégia”, afirma.

Com uma jornada do consumidor muito mais complexa, baseada em múltiplas interações às vezes desconexas, em uma série de canais on e off-line, é necessária a presença de diretores de criação capazes de pensar em escala, estratégia, execução e analytics, acredita Miranda. “Bons diretores de criação são raros, porque para ser realmente criativo é preciso entender o mercado, o público e os dados relevantes.”

**ABORDAGEM HÍBRIDA**

Segundo a revista AdWeek, não há substituição: por exigência dos anunciantes, consultorias e agências estão, na verdade, aproximando-se. Uma análise de Erik Oster sobre o tema aponta que, ante os desafios de um mercado que evolui rapidamente, os clientes estão demandando uma ampla gama de serviços e, por isso, desenvolvem habilidades criativas internas, recorrem a consultorias e a agências tradicionais. Em paralelo, surgem novas fornecedores que focam uma abordagem híbrida, com serviços de consultoria e os típicos de agências de publicidade. 

A análise é mais alentadora. Talvez pelo menos esse mercado esteja encontrando um caminho do meio.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Quando a IA desafia o ESG: o dilema das lideranças na era algorítmica

A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Semana Mundial do Meio Ambiente: desafios e oportunidades para a agenda de sustentabilidade

Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Empreendedorismo
Fragilidades de gestão às vezes ficam silenciosas durante crescimentos, mas acabam impedindo um potencial escondido.

Bruno Padredi

5 min de leitura
Empreendedorismo
51,5% da população, só 18% dos negócios. Como as mulheres periféricas estão virando esse jogo?

Ana Fontes

5 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial está reconfigurando decisões empresariais e estruturas de poder. Sem governança estratégica, essa tecnologia pode colidir com os compromissos ambientais, sociais e éticos das organizações. Liderar com consciência é a nova fronteira da sustentabilidade corporativa.

Marcelo Murilo

7 min de leitura
ESG
Projeto de mentoria de inclusão tem colaborado com o desenvolvimento da carreira de pessoas com deficiência na Eurofarma

Carolina Ignarra

6 min de leitura
Saúde mental, Gestão de pessoas
Como as empresas podem usar inteligência artificial e dados para se enquadrar na NR-1, aproveitando o adiamento das punições para 2026
0 min de leitura
ESG
Construímos um universo de possibilidades. Mas a pergunta é: a vida humana está realmente melhor hoje do que 30 anos atrás? Enquanto brasileiros — e guardiões de um dos maiores biomas preservados do planeta — somos chamados a desafiar as retóricas de crescimento e consumo atuais. Se bem endereçados, tais desafios podem nos representar uma vantagem competitiva e um fôlego para o planeta

Filippe Moura

6 min de leitura
Carreira, Diversidade
Ninguém fala disso, mas muitos profissionais mais velhos estão discriminando a si mesmos com a tecnofobia. Eles precisam compreender que a revolução digital não é exclusividade dos jovens

Ricardo Pessoa

4 min de leitura
ESG
Entenda viagens de incentivo só funcionam quando deixam de ser prêmios e viram experiências únicas

Gian Farinelli

6 min de leitura
Liderança
Transições de liderança tem muito mais relação com a cultura e cultura organizacional do que apenas a referência da pessoa naquela função. Como estão estas questões na sua empresa?

Roberto Nascimento

6 min de leitura
Inovação
Estamos entrando na era da Inteligência Viva: sistemas que aprendem, evoluem e tomam decisões como um organismo autônomo. Eles já estão reescrevendo as regras da logística, da medicina e até da criatividade. A pergunta que nenhuma empresa pode ignorar: como liderar equipes quando metade delas não é feita de pessoas?

Átila Persici

6 min de leitura