Editorial

A primeira vez

Compartilhar:

“Queremos nos desculpar publicamente
com 2019 por tudo o que falamos dele.”

Se me lembro bem, a primeira vez que ri dessa piada foi lá pelo mês de março. Ela veio atravessando o ano com resiliência e, em novembro, ainda estava circulando – e provocando risos. Só que, em novembro, eu ri menos. O que mudou? Eu. Foi um ano de múltiplos e intensos aprendizados. E se não reconhecemos isso, corremos o risco de não consolidar o aprendizado e, portanto, de não melhorar com ele. Pior, corremos o risco de não honrar todos os que sofreram e se sacrificaram na pandemia.

Estou assim reflexivo porque esta é a última edição do ano de HSM Management, e como 2020 acabou se transformando num experimento coletivo global, do qual fomos cobaias, o balanço anual fica um pouco diferente. Para usar a analogia mais potente do momento, muitos de nós trabalhamos, intuitivamente, no modo “vacina” e “placebo”. Foi como se, em cada aspecto dos nossos negócios e carreiras (pelo menos os principais), tivéssemos injetado uma vacina (fazendo algo diferente) ou um placebo (mantendo a coisa como estava na essência). Houve casos em que a vacina nos trouxe resultados melhores que o placebo, houve casos em que os resultados foram piores. Tudo isso feito de maneira intensa, acelerada. Você deve ter vivido isso também.

Impossível não aprender, certo?!

Aqui na HSM muitas vacinas funcionaram, como a reinvenção de um dos maiores eventos de gestão da América Latina, a HSM Expo, que recebeu o Now no intuito de marcar o agora em uma versão online e totalmente gratuita. Jamais imaginaríamos celebrar 20 anos dessa forma e, honestamente, não poderia ter sido melhor. Foram 50 mil inscritos e mais de 25 mil pessoas que nos acompanharam ao vivo e online. Desde setembro rodamos uma Expo a cada 15 dias e foram mais de 159 horas de conteúdo. Não bastasse, inauguramos o Learning Village, o primeiro hub de inovação focado em educação da América Latina, a sede da Singularity University no Brasil e um novo ecossistema de educação. Crescemos como nunca nossa plataforma de educação corporativa, o HSM Academy 100% digital. Lançamos cursos B2C, como o Digital On Board, que é, inclusive, abordado numa das excelentes reportagens desta edição. Ufa! Houve placebos? Com certeza! Rodamos duas edições do Executive Program mantendo sua essência de conexão e experiência presencial. Mas teve um placebo que me marcou muito e que sempre foi a essência da HSM, a de resiliência. Isso mantivemos, e como foi importante.

Esta edição, de certo modo, celebra e coroa todos os aprendizados de 2020, para todos os gestores e empresas, ao estampar na capa o farol dos negócios e dos países no século 21: ESG, sigla que significa ecoambiental, social e governança. Muitos foram pegos de surpresa e estão embarcando em cima da hora no assunto, mas, como veículo que fala disso desde que nasceu, só podemos dizer: sejam bem-vindos. Só que é preciso querer fazer bem-feito, não um washing (mesmo que sem querer), e o nosso Dossiê explica como. Em Contagem Regressiva, a entrevista de John Elkington, uma espécie de pai do ESG, também merece total atenção.

Foi, sem dúvida um ano de muita dor. Vidas foram desperdiçadas, negócios faliram e sonhos viraram pesadelos. Mas, para privilegiados que conseguiram segurar o tranco, entre os quais nos incluímos, foi um ano transformador e de grandes aprendizados. Despeço-me emocionado por ter chegado até aqui, sempre aprendendo, reaprendendo e desaprendendo. Este ano fiz muitas coisas pela primeira vez. E esta revista cumpriu a missão ao me apoiar em cada uma dessas estreias. Espero que tenhamos contribuído um pouquinho para você também.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Organização

Saúde psicossocial é inclusão

Quando 84% dos profissionais com deficiência relatam saúde mental afetada no trabalho, a nova NR-1 chega para transformar obrigação legal em oportunidade estratégica. Inclusão real nunca foi tão urgente

Finanças
Enquanto mulheres recebem migalhas do venture capital, fundos como Moon Capital e redes como Sororitê mostram o caminho: investir em empreendedoras não é ‘caridade’ — é fechar a torneira do vazamento de talentos e ideias que movem a economia

Ana Fontes

5 min de leitura
Empreendedorismo
Desde Alfred Nobel, o ato de reconhecer os feitos dos seres humanos não é uma tarefa trivial, mas quando bem-feita costuma resultar em ganho reputacional para que premia e para quem é premiado

Ivan Cruz

7 min de leitura
ESG
Resgatar nossas bases pode ser a resposta para enfrentar esta epidemia

Lilian Cruz

5 min de leitura
Liderança
Como a promessa de autonomia virou um sistema de controle digital – e o que podemos fazer para resgatar a confiança no ambiente híbrido.

Átila Persici

0 min de leitura
Liderança
Rússia vs. Ucrânia, empresas globais fracassando, conflitos pessoais: o que têm em comum? Narrativas não questionadas. A chave para paz e negócios está em ressignificar as histórias que guiam nações, organizações e pessoas

Angelina Bejgrowicz

6 min de leitura
Empreendedorismo
Macro ou micro reducionismo? O verdadeiro desafio das organizações está em equilibrar análise sistêmica e ação concreta – nem tudo se explica só pela cultura da empresa ou por comportamentos individuais

Manoel Pimentel

0 min de leitura
Gestão de Pessoas
Aprender algo novo, como tocar bateria, revela insights poderosos sobre feedback, confiança e a importância de se manter na zona de aprendizagem

Isabela Corrêa

0 min de leitura
Inovação
O SXSW 2025 transformou Austin em um laboratório de mobilidade, unindo debates, testes e experiências práticas com veículos autônomos, eVTOLs e micromobilidade, mostrando que o futuro do transporte é imersivo, elétrico e cada vez mais integrado à tecnologia.

Renate Fuchs

4 min de leitura
ESG
Em um mundo de conhecimento volátil, os extreme learners surgem como protagonistas: autodidatas que transformam aprendizado contínuo em vantagem competitiva, combinando autonomia, mentalidade de crescimento e adaptação ágil às mudanças do mercado

Cris Sabbag

7 min de leitura
Gestão de Pessoas
Geração Beta, conflitos ou sistema defasado? O verdadeiro choque não está entre gerações, mas entre um modelo de trabalho do século XX e profissionais do século XXI que exigem propósito, diversidade e adaptação urgent

Rafael Bertoni

0 min de leitura