Cultura organizacional, E-dossiê: Gestão de times de híbridos

Como atrair e reter talentos através da filosofia de remuneração

Informações sobre como os funcionários são pagos, as condições que implicam em aumento de salário e de quando os bônus são apropriados fazem diferença na gestão do RH

Compartilhar:

A guerra por talentos tem levado várias empresas a aumentar os salários nos Estados Unidos. A varejista Amazon, o Bank of America e a rede de restaurantes Chipotle estão entre as organizações que desde 2021 ampliaram a faixa de remuneração com objetivo de reter profissionais e preencher as vagas abertas – em um momento de recuperação econômica pós-covid e baixa taxa de desemprego.

Os aumentos alcançam não só os trabalhadores operacionais, aqueles do chão de fábrica ou de atendimento ao público. Também englobam profissionais corporativos e de tecnologia. A estratégia é defendida pelo presidente americano. “Precisamos de mais empregos que paguem bem”, comentou Joe Biden, em fevereiro de 2022.

O salário exerce forte influência na tomada de decisão de um trabalhador americano, brasileiro ou de qualquer outra nacionalidade. Dados do GPTW mostram que benefícios e remunerações estão entre os [fatores mais importantes](https://gptw.com.br/conteudo/artigos/fator-de-permanencia-na-crise/) para permanecer ou entrar em uma empresa, somente atrás de oportunidade de crescimento e qualidade de vida.

Diante desse cenário, urge entender a chamada filosofia de remuneração. Trata-se basicamente de um plano estratégico que inclui, de forma transparente, informações sobre como os funcionários são pagos, as condições que implicam em aumento de salário e de quando os bônus são apropriados.

A filosofia de remuneração é de conhecimento dos colaboradores. A ideia é que todos saibam os parâmetros da empresa e o que esperar dela, em termos de cargos e salários, tanto no presente quanto no futuro.

Para montar um plano estruturado, o RH precisa identificar a complexidade dos cargos e realizar uma pesquisa de mercado para compreender a remuneração dos profissionais. De acordo com Rogério Leme, fundador da Leme Consultoria, a filosofia da remuneração tende a gerar um equilíbrio financeiro, contribuindo para uma melhor gestão da organização. Além disso, evita distorções. “Se a entrega de dois colaboradores é a mesma, porque um ganhará melhor que o outro?”, questiona Leme.

## Para cada geração, uma necessidade
Atualmente, existem cinco gerações ativas no mercado de trabalho: a geração Z (nascidos entre 1997-2010), os millennials ou geração Y (1981-1996), a X (1965-1980), os baby boomers (1946-1964) e os veteranos, acima de 76 anos. Os mais antigos costumam trabalhar em busca de estabilidade e rotinas sólidas. Os jovens, por outro lado, esperam exercer sua criatividade em ambientes inovadores e com menos regras. Quando se fala em [times híbridos](https://www.revistahsm.com.br/post/aqui-estao-algumas-ideias-para-gerenciar-um-time-hibrido), a diferença entre as gerações é gritante.

As gerações mais novas, que compõem a maior força de trabalho atual, são nativas digitais ou cresceram junto ao desenvolvimento tecnológico. Por isso, o home office e o [trabalho híbrido](https://blog.swile.com.br/trabalho-hibrido/) são mais facilmente aceitos por elas, o que fez as empresas investirem em novos modelos de suporte. Segundo pesquisa da Swile, conduzida pela Leme Consultoria entre março e maio de 2021, quase metade das 156 empresas brasileiras entrevistadas oferecem o chamado auxílio home office.

De acordo com o report da Swile, intitulado [“Guia Nacional de Benefícios 2021”](https://materiais.swile.co/pt-br/guia-nacional-de-beneficios), o valor médio do auxílio home office fica na casa dos R$ 100. Por ser flexível, cobre custos de contas de luz, internet, telefone e mobiliário para escritório, entre outros itens. Na Swile, a solução tem amparo legal e custo zero – ou seja, não há custo adicional ao contratante, tampouco ao colaborador. Segundo a empresa, o auxílio home office deve crescer nos próximos anos, acompanhando o avanço do trabalho híbrido e da descentralização dos times entre diferentes cidades.

Outra tendência em crescimento é a revisão salarial para promover mais equidade nas empresas. Ex-executiva da Apple e do Google, Kim Scott defende em seu livro recente, [*Just Work*](https://us.macmillan.com/books/9781250203489) (Apenas Trabalhe, em tradução livre), que os gerentes identifiquem as diferenças salariais entre gênero, cor da pele e grupos étnicos. “A menos que você acredite que os homens brancos são superiores aos outros, e é por isso que eles recebem mais, é impossível acreditar que o preconceito não seja um fator”, ela diz. As mulheres brasileiras, por exemplo, ganham 78,1% do que os homens ganham em média, segundo dados da Pnad Contínua relativos a 2020.

A transparência salarial, segundo a autora, é uma das estratégias para a organização empregar uma filosofia de remuneração justa. “As empresas estão descobrindo que a maneira mais simples de lidar com a disparidade salarial é tirar o mistério do processo”, escreve Scott.

## RH: o grande guardião
Para Rogério Leme, da Leme Consultoria, o RH é como um guardião das filosofias e estratégias de uma empresa. Sua importância é revelada à medida que consegue promover um equilíbrio entre o sentimento de justiça do colaborador, que financeiramente se sente recompensado, e aquilo que o mercado de trabalho oferece aos talentos. Entre as formas de remuneração estão a funcional (recebida pela entrega do colaborador), por desempenho (como prêmios e gratificações), social (são os benefícios tradicionais ou flexíveis) e especial (day offs, viagens etc.).

O Guia Nacional de Benefícios 2021 mostra que os benefícios tradicionais não levam esse adjetivo à toa. O vale refeição, por exemplo, é concedido por quatro em cada cinco empresas (81,1%). A assistência médica é oferecida por 77,5% das entrevistadas, seguida pelo vale transporte, ofertado por 68,7%. São benefícios que geralmente estão vinculados a algum aspecto fiscal, legal ou trabalhista. E são ofertados separadamente, com uso e burocracia próprios.

Mas se a empresa deseja manter ou aumentar a competitividade, atraindo e retendo talentos, os [benefícios flexíveis](https://www.revistahsm.com.br/post/saude-emocional-beneficios-flexiveis-gestao-humana-caminhos-para-implementar) podem ajudar. O cartão da Swile, por exemplo, conta com bandeira Mastercard e é aceito em todo o território nacional. A solução agrega diferentes categorias de benefícios, de tradicionais a flexíveis, com garantia do cumprimento de normas sindicais e trabalhistas. Também permite ao colaborador o controle das vantagens de forma fácil e intuitiva por meio de um aplicativo. “É importante permitir que a pessoa escolha o que consumir ou onde quer aplicar um recurso”, explica o fundador da Leme Consultoria.

Para as organizações, os benefícios flexíveis também são uma forma de limitar os aumentos salariais, concentrando-se nas vantagens. Veja o caso do vale cultura. Nele, o profissional recebe a quantia de R$ 50 todos os meses. Esse investimento é mais barato para a empresa do que promover um aumento salarial do mesmo valor, que ao fim pode custar mais de R$ 80 em encargos.

Com tantas vantagens, está mais do que na hora de as empresas estruturarem uma filosofia de remuneração – ancorada tanto em salários quanto em benefícios flexíveis. Para além da vantagem em si, dar ao usuário liberdade de escolha quanto ao uso dos recursos é um diferencial relevante e responde à expectativa do colaborador por mais controle e poder de decisão.

Compartilhar:

Artigos relacionados

Calendário

Não, o ano ainda não acabou!

Em meio à letargia de fim de ano, um chamado à consciência: os últimos dias de 2024 são uma oportunidade valiosa de ressignificar trajetórias e construir propósito.

Empreendedorismo
Um guia para a liderança se antecipar às consequências não intencionais de suas decisões

Lilian Cruz e Andréa Dietrich

4 min de leitura
ESG
Entre nós e o futuro desejado, está a habilidade de tecer cada nó de um intricado tapete que une regeneração, adaptação e compromisso climático — uma jornada que vai de Baku a Belém, com a Amazônia como palco central de um novo sistema econômico sustentável.

Bruna Rezende

5 min de leitura
ESG
Crescimento de reclamações à ANS reflete crise na saúde suplementar, impulsionada por reajustes abusivos e falta de transparência nos planos de saúde. Empresas enfrentam desafios para equilibrar custos e atender colaboradores. Soluções como auditorias, BI e humanização do atendimento surgem como alternativas para melhorar a experiência dos beneficiários e promover sustentabilidade no setor.
4 min de leitura
Finanças
Brasil enfrenta aumento de fraudes telefônicas, levando Anatel a adotar medidas rigorosas para proteger consumidores e empresas, enquanto organizações investem em tecnologia para garantir segurança, transparência e uma comunicação mais eficiente e personalizada.

Fábio Toledo

4 min de leitura
Finanças
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reaviva o debate sobre o protecionismo, colocando em risco o acesso do Brasil ao segundo maior destino de suas exportações. Porém, o país ainda não está preparado para enfrentar esse cenário. Sua grande vulnerabilidade está na dependência de um número restrito de mercados e produtos primários, com pouca diversificação e investimentos em inovação.

Rui Rocha

0 min de leitura
Finanças
O Revenue Operations (RevOps) está em franca expansão global, com estimativa de que 75% das empresas o adotarão até 2025. No Brasil, empresas líderes, como a 8D Hubify, já ultrapassaram as expectativas, mais que dobrando o faturamento e triplicando o lucro ao integrar marketing, vendas e sucesso do cliente. A Inteligência Artificial é peça-chave nessa transformação, automatizando interações para maior personalização e eficiência.

Fábio Duran

3 min de leitura
Empreendedorismo
Trazer os homens para a discussão, investir em ações mais intencionais e implementar a licença-paternidade estendida obrigatória são boas possibilidades.

Renata Baccarat

4 min de leitura
Uncategorized
Apesar de ser uma ferramenta essencial para o desenvolvimento de colaboradores, o Plano de Desenvolvimento Individual (PDI) vem sendo negligenciado por empresas no Brasil. Pesquisa da Mereo mostra que apenas 60% das companhias avaliadas possuem PDIs cadastrados, com queda no engajamento de 2022 para 2023.

Ivan Cruz

4 min de leitura
Tecnologias exponenciais
A inteligência artificial (IA) está revolucionando o mundo dos negócios, mas seu avanço rápido exige uma discussão sobre regulamentação. Enquanto a Europa avança com regras para garantir benefícios éticos, os EUA priorizam a liberdade econômica. No Brasil, startups e empresas se mobilizam para aproveitar as vantagens competitivas da IA, mas aguardam um marco legal claro.

Edmee Moreira

4 min de leitura
ESG
A gestão de riscos psicossociais ganha espaço nos conselhos, impulsionada por perdas estimadas em US$ 3 trilhões ao ano. No Brasil, a atualização da NR1 exige que empresas avaliem e gerenciem sistematicamente esses riscos. Essa mudança reflete o reconhecimento de que funcionários saudáveis são mais produtivos, com estudos mostrando retornos de até R$ 4 para cada R$ 1 investido

Ana Carolina Peuker

4 min de leitura